Deixar de reproduzir pré-julgamentos sobre estereótipos é nossa missão
Para que continuar reproduzindo estereótipos se podemos cultivar uma vida com mais profundidade e sentido?
Certo dia, visitava o castelo da Venaria Reale, em Torino, minha casa na Itália, com meus grandes amigos e sócios da VOZ Futura, Pedro Pirim e Felipe Cantieri.
Foi quando de repente alguns funcionários que trabalhavam em uma manutenção por ali, logo depois de me pedirem fotos, fizeram uma pergunta interessante, que me pegou desprevenido: “Quer dizer que jogador de futebol também visita museu?”. Dei um sorriso um pouco constrangido e segui.
Também, em uma das minhas milhares de viagens pelo mundo com meu clube, estava em uma roda com alguns membros da tripulação e outros atletas conversando para passar o tempo da longa viagem.
Como éramos cada um de um país diferente (a tripulação era portuguesa), falávamos em inglês, língua na qual supostamente todos se entendiam. Até que, em certo momento, um dos tripulantes me disse: “Você fala muito bem inglês, Danilo!”.
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Eu respondi que era por causa da minha experiência em Manchester, onde vivi dois anos, e também porque, antes disso, quando ainda morava em Portugal, já estudava o idioma por minha conta. Porém, ele seguiu dizendo: “Mas isso não é normal. Seus colegas de profissão nunca aprendem!”.
Lembro que isso me incomodou muito. Talvez em um passado recente, nós, atletas brasileiros na Europa, não nos preocupássemos muito com esses detalhes, mesmo entendendo que falar a língua do país onde você trabalha não é um detalhe.
Estereótipos caducam
Entretanto, nos dias de hoje, tenho certeza de que a maioria de nós é referência em nossos clubes por profissionalismo, liderança, imagem, e isso inclui falar bem vários idiomas. Carregamos esse estereótipo, o que, para mim, caducou.
Por isso, procuro influenciar as novas gerações de pessoas, não exclusivamente de atletas, a buscarem uma vida menos superficial e mais voltada para um propósito que faça sentido para si, e não para acompanhar uma onda já criada.
Ser mais reflexivo, agir menos por impulso e incentivar também os meus companheiros de profissão a se atentarem ao poder da representatividade estão entre meus principais objetivos nessa caminhada de desconstrução.
Não é fácil se desligar dos pré-julgamentos fabricados e enraizados. Contudo, somos livres para trilhar o caminho que quisermos. Ser um atleta de futebol, jornalista, gari, médico, motorista, doméstica… Qualquer coisa. E, sim, visitar um museu!
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Conteúdo publicado originalmente na Edição 261 da Vida Simples
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