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De turista a peregrino: há uma diferença entre existir e despertar
Erik Odiin/Unsplash
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Neste artigo:

Sou um verdadeiro apaixonado por viajar, embora o faça mais por trabalho do que por lazer. Tornei-me um curioso com ares de estudioso sobre aviões e logísticas, algo natural para alguém que passa entre 18 e 26 horas por semana dentro de aeronaves. Tudo para cumprir meus compromissos e ainda ter algum conforto e segurança.

Mas sabe o que observo? É que devería­mos ter esse movimento para tudo o que nos diz respeito. Você não deveria sair de casa sem um porquê e, pelo menos, saber para onde vai. Diariamente.

Porém, sabe o que é curioso? Muitas pes­soas não têm um propósito, são “desbus­soladas”, perdem-se nos descaminhos que trilham. Encontram companhias como a dor, a angústia, sendo tomadas por um va­zio que as leva a buscar, freneticamente, o que lhes falta, quando, na verdade, estão apenas vazias de si mesmas.

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Quando a viagem só preenche vazios

Tudo isso é sanado com uma viagem, que só tem data de início e algumas paradas, por uma estrada que vai dar em “nada, nada, nada” do que esperamos encontrar, como na canção “Se eu quiser falar com Deus”, de Gilberto Gil.

Muitas vezes nos leva ao fundo do poço, aos desertos, ape­nas com a finalidade de nos resgatar, nos acordar. Mas é preciso coragem para essa aventura dentro de si, muitas vezes mais maravilhosa e fantástica do que uma odis­seia ao centro da Terra.

Em meu novo livro, que escrevo em con­junto com meu querido amigo e mestre Mário Sérgio Cortella, falamos justamente sobre passar a vida como peregrinos ou turistas.

Sem profundidade, sem objetivos

Muitos de nós são turistas. Podem até fazer uma meia programação para ir a um destino, usufruir de algo que gostam ou, às vezes, indicá-lo (no mundo das re­des sociais) para ganhar like. No entanto, não há profundidade, não há objetivos. Em contrapartida, mergulhar dentro de si é se transformar em um peregrino.

Há uma diferença enorme entre estar vivo e viver uma jornada. No primeiro caso, a pessoa está sempre no piloto auto­mático: estuda, trabalha, constrói relacio­namentos, mas sem pertencimento.

Parece turista em viagem do tipo “conheça a Eu­ropa em sete dias”. E tudo que dá tempo de fazer é fotografar, para ver na volta, a via­gem que fez, mas não viveu.

Sua vida não é um feed de posts, é uma experiência rica e intransferível. Te convi­do a fazer, a cada coluna, pequenos trechos dessa viagem de despertar.

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Conteúdo publicado originalmente na Edição 261 da Vida Simples

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