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Como prevenir doenças neurológicas?
Illiya Vjestica | Unsplash Praticar atividade física previne doenças neurológicas.
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Como manter o corpo e a mente vivos e ativos na velhice? Saiba quais são os principais pontos de atenção para prevenir doenças neurológicas e envelhecer com independência e autonomia.

Quando você ouve falar em saúde neurológica, qual é a primeira coisa que lhe vem à cabeça?É provável que você se lembre de doenças como Alzheimer, Parkinson, ou então das tão comuns dores de cabeça, AVC ou até mesmo de epilepsia. De fato, certamente todas essas doenças fazem parte da rotina de qualquer neurologista.

Mas e se eu lhe disser que saúde neurológica tem tudo a ver com independência e autonomia?

Pois é, esse foi um dos grandes aprendizados que tive com minha amiga, médica neurologista, Gabriela Pantaleão. Tudo o que fazemos na vida depende diretamente da nossa capacidade física e cognitiva.

Motricidade, sensibilidade, coordenação, o bom funcionamento dos órgãos internos, atenção, memória, planejamento, raciocínio e linguagem são todos aspectos que estão sob domínio do nosso sistema nervoso.

Obviamente, qualquer doença que cause sequelas físicas ou cognitivas terá impacto na capacidade do indivíduo de desempenhar suas funções de maneira independente e autônoma. Por isso é tão importante cuidar de nossa saúde, o que inclui prevenir as doenças neurológicas. Mas você sabe como fazer isso?

Coma bem e se mexa

Indo direto ao ponto: Alimentação e Movimento. Esses são os dois principais pilares da saúde que, se bem cuidados e equilibrados, podem garantir uma vida longa e saudável, principalmente do ponto de vista neurológico. Comecemos então com o primeiro: a alimentação.

Se você acompanha as notícias e informações da área de saúde, é possível que já tenha ouvido falar que o intestino é o nosso segundo cérebro. Caso nunca tenha ouvido ou não se lembre do porquê dessa comparação, eu explico.

O intestino é um órgão extremamente inervado e seus neurônios se comunicam tanto entre si quanto com os neurônios do cérebro, através do nervo vago. Essa comunicação ocorre por meio de vários neurotransmissores, substâncias produzidas pelo nosso próprio corpo, mas também por bactérias que habitam nosso intestino.

Bactérias intestinais e doenças neurológicas

Portanto, alterações na população desses micro-organismos, chamada de microbioma, acabam afetando de maneira significativa o funcionamento do sistema nervoso, incluindo o ambiente cerebral. Diferentes pesquisas já constataram que as populações de bactérias intestinais de pessoas com doenças neurológicas diferem daquelas encontradas em pessoas saudáveis.

É claro que não estou dizendo que o microbioma seja o único ou o mais importante fator que afeta a saúde neurológica. Mas é cada vez maior o número de evidências que apontam uma relação importante entre microbioma, intestino e cérebro.

Aliás, qual parte do sistema complexo do corpo humano não está integrado, não é mesmo? De qualquer forma, adivinha qual é a maneira mais simples e direta de promover alterações no microbioma?

Qualidade na alimentação

prato com comida saudável

“Vegetais de folhas verdes-escuras, frutas, cereais fazem bem ao cérebro.                                             Crédito: Anna Pelzer | Unsplash

Sim, é através da alimentação. Dietas com baixo teor de gordura saturada (presente em comidas ultraprocessadas, carnes vermelhas e lácteos) e ricas em vegetais de folhas verdes-escuras, frutas, cereais e grãos são as mais benéficas para o microbioma e, consequentemente, para o cérebro. Que tal experimentar novas combinações e sabores, incluindo mais esses itens na sua dieta?

Com relação ao movimento, já se sabe que a atividade física regular melhora a oxigenação do cérebro, a comunicação entre os neurônios, a cognição e a capacidade do cérebro de reorganizar os circuitos neuronais.

Atividades aeróbicas, bem como exercícios de força, resistência e equilíbrio podem tanto prevenir quanto até mesmo reduzir a progressão de doenças neurodegenerativas por exemplo, como a doença de Parkinson.

Não se acostume com a doença

Eu sempre digo que em uma sociedade doente, ser saudável é radical. A doença de Parkinson, que acabei de citar, por exemplo, é uma das que mais cresce no mundo e está muito relacionada ao envelhecimento da população.

O Alzheimer, outra doença neurodegenerativa importante, segue a mesma ordem de grandeza, com cerca de 50 milhões de pessoas no mundo sofrendo atualmente por causa dela. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), esse número ainda pode chegar a 152 milhões até 2050.

Diante desse cenário, eu até entendo que as pessoas se conformem que ficar doente num futuro distante é normal. Muitos acham que ter um AVC no final da vida é normal, ou que ser acometido por Parkinson ou Alzheimer é parte inexorável da velhice. Mas com certeza isso não é normal e você não deveria se acostumar com essas doenças.

Devagar e sempre

O ponto é que boa parte dessas doenças neurológicas começa a se desenvolver 30 anos antes do diagnóstico. Por isso, escolher bons hábitos de vida, hoje, pode ajudar na construção da saúde no futuro.

Mas não se afobe em fazer grandes mudanças de estilo de vida de maneira repentina. Pela minha experiência, observando milhares de pacientes e alunos, posso dizer que quase nunca essa estratégia dá certo, pelo menos não no longo prazo. Comece aos poucos, mude uma coisa por vez e preste bastante atenção no processo de mudança, aprenda com ele.

O feito é mais importante do que o perfeito. É melhor você fazer pequenas mudanças no seu estilo de vida, que sejam de fato consistentes e que realmente tragam benefícios no longo prazo, do que radicalizar os hábitos apenas por um curto período.

Espero que essas dicas de hoje tenham contribuído para que você comece a prestar mais atenção nos seus hábitos de hoje, para que tenha uma vida longa e ao mesmo tempo livre de doenças.

Se você se interessa por saúde neurológica, vale a pena conhecer a programação do curso Transforme Sua Saúde (TSS). Nesse curso, temos um módulo inteiro com a neurologista Gabriela Pantaleão, no qual ela vai muito mais a fundo sobre essa e outras questões relacionadas à saúde neurológica.

Um grande abraço e lembre-se sempre: SAÚDE É LIBERDADE!


MATHEUS MACÊDO é o primeiro brasileiro a se formar em medicina na Índia com especialidade em Ayurveda no curso BAMS (Bachelor of Ayurveda, Medicine and Surgery). Viveu na Índia quase 7 anos e de lá criou a Vida Veda, uma empresa social dedicada a divulgar o conhecimento ayurvédico em língua portuguesa. Carioca, vive em Guimarães, Portugal, e percorre o mundo dando palestras sobre Ayurveda e Medicina Integrativa.

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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