Como curar um coração partido
Uma decepção amorosa pode ser muito dolorida, mas não é o fim do mundo como parece. Veja dicas de como curar um coração partido
Quem já ficou em posição fetal, ouvindo uma música de sofrência aos prantos, sabe bem a dor de um coração que se parte. A sensação é dilacerante e dá início a um doloroso processo de luto. Afinal, você sabe o que acontece com seu corpo e seu cérebro quando um relacionamento chega ao fim? Vou te contar, para te ajudar a cicatrizar as feridas com mais inteligência emocional.
Ao longo da minha vida, já passei por alguns términos de relacionamento bem dramáticos. Por isso, sei o desafio imenso de juntar os cacos de um coração partido e seguir em frente, em uma nova configuração de identidade.
O término de um relacionamento não envolve só o desapego emocional de alguém que nos acostumamos a conviver e trocar. Envolve também a despedida de sonhos e planos construídos em conjunto, forçando uma mudança de rota inevitável. A nossa mente pode demorar um tempo para recalcular essa nova rota, dependendo de como lidamos com o término. E para você saber como lidar da melhor forma possível, vou dividir com você o que acontece com seu corpo neste processo doloroso.
Inclusive, se você conhece alguém que está passando por isso agora, encaminhe este artigo de utilidade pública para ela.
Coração partido dói fisicamente?
A sensação de dor não é só uma ilusão: ela é física mesmo. A neurocientista Helen Fisher mostrou que os centros de dor do cérebro ficam mais aguçados. E não só eles. Os centros dopaminérgicos, relacionados a vícios, também ficam mais despertos. Isso significa que a pessoa fica mais rendida às válvulas de escape, como bebidas, drogas, compras, comida, jogos, etc. Além disso, a pessoa também se vicia em pensar no motivo do rompimento, tendo grande dificuldade de sair desse chamado estado de “fossa”… te parece familiar?
Ironicamente, alguém com coração partido tem maior tendência a desenvolver problemas físicos no coração. Um estudo de Oxford, de 2013, mostrou que, no primeiro ano após o término, há o aumento do risco de um ataque cardíaco em 25% nos homens e 45% nas mulheres.
E com o passar do tempo, os níveis de dopamina e serotonina caem, o que pode levar a pessoa a ter sintomas depressivos. Essas são algumas constatações do livro Heartbreak (coração partido), escrito pela jornalista Florence Williams após o fim de um casamento de 25 anos. Eu sei que essas não são boas notícias, mas o nosso corpo é sábio e há um propósito nesse luto: tirarmos um tempo para ressignificar a dor e seguirmos adiante com um novo olhar maduro.
No meu último término, ouvi várias pessoas muito próximas a mim dizendo que me viam processando minha tristeza de forma tranquila e centrada. Ouvi que “esse negócio de inteligência emocional funciona”, porque elas sabiam que eu tinha sofrido muito em situações passadas, antes de saber praticar inteligência emocional.
Para você fazer isso também, vou te ajudar com 4 Passos Práticos:
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PASSO 1. MUDANDO O PAPEL DE VÍTIMA
Enxergar-se como a vítima da situação, ainda que você seja mesmo uma vítima, só fará a sua dor aumentar.
Vai por mim: passe a se enxergar como uma pessoa que tem poder de escolha, não só nessa, como em outras situações. Muitos estudos mostraram que a postura proativa é a melhor forma de lidar com um trauma.
Para te ajudar a mudar a perspectiva, você pode literalmente escrever sua história em um caderno, colocando-se como protagonista dela.
PASSO 2. MÁSCARA DE PRIMEIROS SOCORROS
Uma pessoa com coração partido tem níveis de estresse mais altos e é importante não aumentar o estado de hipervigilância do seu corpo.
Ao invés disso, acolha-se e aprenda a se acalmar, sem depender de válvulas de escape. Caminhadas na natureza, exercício físico e um diálogo interno amoroso podem e vão te ajudar.
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PASSO 3. DISQUE-AMIGO
Não tenha vergonha de pedir ajuda da sua rede de apoio. A pior coisa após um coração partido é o vazio que fica: não só o vazio interno, mas na sua rotina, pela ausência de alguém que ocupava boa parte do seu tempo.
Aprender a passar tempo de qualidade consigo é essencial, mas você também pode estar com pessoas que te fazem bem. O amor que sentimos dos outros pode ser um bálsamo para a sensação de rejeição que ficou.
PASSO 4. OCUPE-SE COM PROPÓSITO
O trabalho voluntário é um dos melhores remédios contra a sensação de solidão, além de ajudar a sentir útil e reparar o medo da rejeição.
Após um término, é comum questionar o sentido das suas escolhas e da sua vida. Então dê um novo sentido, ajudando mais pessoas. Você irá liberar hormônios de conexão e bem-estar, como a ocitocina e serotonina, e ainda fará diferença para alguém.
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Dê tempo ao tempo!
Eu sei que muita gente quer fórmulas mágicas, mas a verdadeira reparação demanda tempo. Confie no processo.
O que você pode fazer de melhor é se fortalecer, desenvolvendo inteligência emocional. E se você quer aprender outros passos, de forma mais profunda, a boa notícia é que meu curso SOS das Emoções está com vagas abertas novamente!
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Espero que seu coração fique mais fortalecido depois deste texto.
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