Comemore os sorrisos
A gente pode sentir medo, a gente pode chorar, a gente pode fraquejar diante desse momento tão intenso e desconhecido chamado pandemia, sem precisar disfarçar ou maquiar
A gente pode sentir medo. A gente pode chorar, a gente pode fraquejar diante desse momento tão intenso e desconhecido chamado pandemia, sem precisar disfarçar ou maquiar
Querido leitor, perdoe-me a confidência, mas hoje quero dividir com você algo que tem apertado meu coração: o por quê da necessidade de parecermos felizes, plenos e realizados quando estamos com o coração apertado?
Nem me refiro à “era pré-pandemia”. Aliás, já faz tanto tempo que estamos nesse novo estilo de vida que já me sinto na intimidade de chamar a quarentena que ultrapassa 160 dias de “era”. Nesse instante, meu pensamento se remete justamente à esse período nem tão longínquo, em que mergulhamos pensando ser um rápido salto na piscina chamada vida, e que tapar o nariz com os dedos indicador e polegar seria suficiente, que num simples e rápido bater de pernas logo emergiríamos à superfície, e toda essa atmosfera ameaçada por um vírus haveria desaparecido.
Tenho me questionado sobre a vibe dos conteúdos que produzo, dos textos que escrevo, das fotos que compartilho no meu dia-a-dia rural – meu novo habitat, onde coincidentemente cheguei na primeira semana da pandemia, e seguirei (intercalando com a vida urbana) quando a vacina do covid chegar.
Amor entre linhas
Desde março meus textos revelam sem filtro todo esse turbilhão de sentimentos e sensações que se apoderou da minha alma, e antes que você me questione “Por que nenhum filtrinho básico pra dar uma make rápida, Lu Gastal?”. Eu respondo: porque nem sempre maquiar resolve. Pode ser um disfarce momentâneo, mas a longo prazo fatalmente se tornaria um blefe.
Num dia, no final de março, ao enviar minha coluna ao Matheus, redator-chefe do site Vida Simples e amigo até então virtual, me desculpei por não conseguir falar sobre temas abrangentes. Precisava compartilhar minhas atuais vivências. Na sequência, disse a ele que se houvesse algum empecilho quanto ao conteúdo, me sinalizasse e eu recalcularia a rota. Matheus não me surpreendeu, apenas sinalizou a importância de deixar o coração falar. O que me confirmou a percepção de que um portal cujo conteúdo é tão intenso e tão forte jamais teria à frente um redator que não aceitasse textos reais, onde fluem dores, alegrias, reflexões e descobertas da maneira mais genuína que possa existir. (obrigada Matheus, você é 10!).
Eu sei, querido leitor, ando bastante chorosa, e talvez você ache que esse “mood tristinha” não combine comigo. Eu que gosto de sorrir, conversar, abraçar, celebrar simples e verdadeiros encontros, tenho lhe entregue palavras mais reflexivas e introspectivas do que habitualmente. Mas também sei que você sabe que, em cada parágrafo, há um baita amor pulsando e trafegando em linha direta entre o coração e a ponta dos dedos, que alegre e rapidamente digitam as palavras no teclado do meu computador. Sim, sinto alegria em estar com você, e gostaria de hoje, compartilhar isso!
Tudo bem sentir medo. Mas comemore o que vier de bom
Dia desses celebrei no meu perfil do Instagram a alegria de ter dado um sorriso “cheio de dentes”. Outro dia falarei sobre ele, meu sorriso grande, largo e sempre sincero. Hoje me concentrarei no prazer que o retorno da vontade de sorrir me proporcionou, e na vontade que sinto de sempre compartilhar essas pequenas e preciosas percepções com você. Sabe por quê? Apenas, e sobretudo, porque você também deve estar vivendo momentos difíceis, ruins, de coração apertado, De certeza de que o perrengue do vizinho sempre parece menor que o seu próprio – então tá tudo certo!
A gente pode sentir medo. A gente pode chorar, a gente pode fraquejar diante desse momento tão intenso e desconhecido chamado pandemia, sem precisar disfarçar ou maquiar. Mas aí, quando o sorriso lhe escapar involuntariamente, comemore, compartilhe. Pense no motivo pelo qual ele ressurgiu, porque a gente sabe que a vida segue, do jeitinho e no fluxo que ela própria nos apresenta!
Beijos meus!
Lu Gastal trocou o mundo das formalidades pelo das manualidades. Advogada por formação, artesã por convicção. É autora do livro “Relicário de afetos” e participa de palestras por todos os cantos. Desde que escolheu tecer seus sonhos e compartilhar suas ideias criativas, não parou mais de colorir o mundo ao seu redor. Seu Instagram é @lugastal.
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