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As coisas que toda “casa de mãe” tem
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Trabalhar online é uma das vantagens que a vida contemporânea nos proporciona. Ao organizar nossas agendas, dá para trabalhar em períodos e lugares diferentes. No meu caso, profissional liberal, a questão é ajustar para encaixar e, com um tanto de vontade, dá certinho! Falo isso pra contar que “morei” na casa da mãe por uma semana, desejo que há tempos constava na minha wishlist. É onde estou exatamente enquanto escrevo essas palavras.

Talvez antropólogos pudessem estudar o assunto, quem sabe um prato cheio para especialistas em afetividade. O nome já proporciona sensação de aconchego: “casa de mãe”. Quase tudo encontra-se no seu devido lugar, numa abundante e preciosa demonstração de que, organizando, cabe tudo!

Sem meias palavras, casa de mãe é o coração desnudado de quem nela habita. Dentro dela, independente do tamanho, a possibilidade de achar qualquer objeto feio/bonito, útil/inútil simplesmente inexiste – se a mãe gosta, lá ficará.

Clássicos de geladeira

Os cômodos possuem peculiaridades que acredito serem bem comuns à maioria das casas de mãe, a começar pela cozinha: a porta da geladeira é um diversificado álbum de fotografias. Basta o neto presentear e – PÁ! -, ela gruda na porta para matar a saudade toda vez que abrir para pegar o pote de manteiga ou o leite gelado.

Tem os imãs coloridos, alguns totalmente desbotados mas que seguem lá… Lembranças de lugares onde as mães sequer estiveram, mas alguém viajou e delas lembrou. Um clássico!

Em algum canto, tem uma folhinha, aquele calendário com 12 folhas mensais que as mães (e a gente) consultam e anotam aniversários e o dia de trocar o gás. No caso da minha, tem uma coleção de folhinhas sobrepostas; ganha de presente nos comércios locais e como eleger qual o mais bacana é tarefa impossível, pendura os 4, embora só visualize o de cima. Coisas da minha mãe!

Casa de mãe tem horários, e ai de quem não sentar à mesa quando ela chamar, um crime inafiançável. O mesmo se aplica aos códigos de silêncio na hora da novela e da siesta.

Casa de mãe tem calorias extras na geladeira, pelo menos uma guloseima para, caso bater aquele desejo, não passar perrengue. Tem palavras cruzadas na mesinha da sala com quase todos os quadradinhos preenchidos.

Mãe prevenida vale por duas

No banheiro, tem potinhos de cremes variados. Se precisar qualquer tipo, basta passar lá e arrecadar o mais indicado à sua necessidade – a probabilidade de não ter o que você precisa é ínfima. Primeiros socorros idem, mães são precavidas e sabem das coisas – toda hora é hora para acontecer um imprevisto e, segundo elas, o “seguro morreu de velho”.

Na farmacinha tem remédio pra quase tudo, inclusive para aquilo que não tem remédio, e só um colo gostoso acompanhado da frase “vai passar” é capaz de curar e acalmar a alma.

Casa de mãe tem surpresas nas gavetas. Basta abrir e se deparar com uma toalha que você usava há muitos anos e segue quase intacta nas cores e estampa – um típico e gostoso renascimento de lembranças de um tempo que não volta. Se bobear, você encontrará em alguma caixa de camisa ou sapatos algumas lembrancinhas de aniversário, orações de batismo, convites de casamento, formatura e outros momentos especiais.

Casa de mãe tem frutas no centro de mesa, algum crochê e louça guardados para usar no dia especial. Tem pedacinhos de carinho e história camuflados em cada detalhe.

Na mais pura e verdadeira tradução, casa de mãe é um baú com o cadeado aberto: é só chegar, abrir, assoprar a poeira do tempo e se deliciar! Um tesouro sem fim!

Leia todos os textos da coluna de Lu Gastal.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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