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Abandonei a vida na cidade grande para ter mais afeto
Maria Dolores/Arquivo Pessoal
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– Não tem gente que fica um ano no exterior para fazer mestrado? Nós vamos ficar um ano fora também.

– Que bom, vão para onde?

– Para Três Pontas, no sul de Minas.

Olhei pela sala pequena com divisória de vidro. Quantas vezes estive ali nos últimos dezoito anos? Principalmente nos primeiros. Sentada naquela mesma cadeira, implorando por um desconto na mensalidade? E a diretora da escola paciente, folheando a planilha, fazendo contas na calculadora prateada de teclas poderosas, verificando as notas do aluno, escarafunchando possibilidades. Ela sempre encontrava uma saída. E agora eu estava ali, dizendo que daríamos uma pausa.

Achei que seria uma conversa fácil, não foi. Mudar nunca é.

A vida construída

Fomos para São Paulo com a ideia de ficar um tempo e lá se vão quase duas décadas. No início, éramos eu, meu marido e nosso primeiro filho. Na terra da garoa e de gente – por sorte – apaixonada por mineiros, construímos nossa história. Tivemos mais dois filhos.

Aprendemos que café com leite é “média” e que é preciso explicar que caipirinha é com pinga e limão, senão vem com morango, kiwi, vodka, saquê ou sei mais lá o quê.

Em São Paulo, trocamos de profissão, fincamos raízes, crescemos, aprendemos a amar essa cidade que, a uns, amedronta. Já não me via em outro lugar.

Relações pós-pandemia

Com a pandemia, no entanto, veio aquela coisinha cutucando aqui do lado, abrindo um buraco incômodo onde termina o estômago e começa o coração.

A falta da convivência com o restante da família ganhou peso e a percepção de que, cada vez mais, os círculos das relações estão restritos e as conexões reais – não virtuais – limitadas. As pessoas convivem com menos pessoas, menos histórias, menos trocas, menos afeto.

Porque afeto não é só qualidade, é quantidade também.

Lembrei da minha infância no interior, do pique-pega na rua e das tardes no quintal. Da minha enorme parentada e da rede inesgotável de apoio e carinho. Lembrei da infância do nosso filho mais velho, que pôde viver isso, e senti a necessidade de proporcionar algo parecido para nossos outros dois filhos, os que vieram depois.

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Hora de mudar

Tomamos a decisão. E nos organizamos para essa mudança temporária, para esse ano de estudos em relações. Não sei se vai dar certo. Se a experiência será a esperada. O buraco incômodo continua.

É muito difícil ter certeza quando a gente salta.

Mas, o salto está dado. E eu estou aqui para compartilhar a experiência com você. Essa busca por uma vida mais simples e mais densa. Com cheiro de chuva e gosto de pão de queijo, com a dor de um joelho ralado e o colo de um abraço apertado.

Espero que a gente possa conversar, partilhar. Como numa mesa de café recém-coado, bolo quente e muitas histórias para ouvir e contar. Rir, torcer e chorar.

A vida pode ser simples, comece hoje mesmo a viver a sua.

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