A vida não é feita só de corridas, é preciso subir no pódio
Não há apenas tempo de lutar e correr. É preciso haver também tempo para celebrar e desfrutar da euforia das conquistas.
Uma amiga de longa data e eu estávamos para começar uma reunião de trabalho, à distância e usando uma dessas ferramentas de videoconferência que se tornaram presença constante em nossas vidas. Ao contrário da maioria das reuniões nesse formato, quando nós nos reunimos não vamos direto ao assunto. Falamos um pouco sobre nós, sobre a vida e sobre as coisas que nos afetam. Foi por isso que ela começou o encontro dizendo que estava vivendo um momento estranho, com muitas conquistas para celebrar, mas sem estar de fato sentindo o gosto dessas realizações.
Nada de novo para ela. Nem para mim, devo fazer essa confissão à você. Imediatamente passei a me reconhecer nas palavras da minha amiga, como se ela estivesse falando de mim. Ela dizia que é assim desde criança, sempre em busca de um novo desafio, lutando com todas as suas forças para conseguir vencê-lo e ao finalizá-lo não ter nenhum espaço para comemorações. Só para uma nova busca. E que agora esta sendo um momento de muitos desafios vencidos e nenhuma comemoração. Já faz muito tempo que minha amiga notou esse comportamento. Ela já até levou para terapia. Aliás, começou a fazer terapia por conta dele. Porque não é por falta de vontade, é que a energia dela sempre está no que quer realizar no futuro, nunca no que pode desfrutar no presente.
É preciso celebrar!
Me vi ali em cada palavra, inclusive nas que reconhecem que esse modo de ser não afeta só a nós. Afeta quem está por perto, torcendo ou lutando junto. Porque quando chega a vitória, essas pessoas querem celebrar, querem nos abraçar e manifestar a euforia da conquista. Nós não, nós do clube amamos-lutas-e-não-celebramos-as-glórias só queremos seguir em frente. Mas minha amiga desde o início da terapia está tentando mudar e já consegue estar ali para a celebração dos outros.
Eu também, já consigo celebrar junto com quem lutou ao meu lado e ser grato a quem torceu. Nosso desafio continua sendo celebrarmos para e por nós mesmos. Fazer queima de fogos de artifício, cruzar nossas linhas de chegada e estourar champanhes dentro da gente, com a mesma intensidade que corremos nossas maratonas internas todos os dias.
Alegria nas conquistas
Em uma palavra, o que nos falta é celebrar. Do latim honrar e fazer solenidade. Honrar nossas conquistas é fazer uma pausa para reconhecer o que ganhamos, de onde saímos e onde chegamos. É se dar tempo para contemplar o caminho percorrido. E fazer solenidade é pompa que significa fazer alarde, por em evidência. Contar ao mundo e deixar surgir o contentamento, que é a sensação de alegria, satisfação e prazer que só sente quem completou algo.
Teresa Amabile da Escola de Negócios de Harvard nos explica a importância dessas celebrações com o que ela chama de “princípio do progresso”. Com a ajuda de um outro pesquisador, Teresa analisou relatórios de atividades diários de milhares de pessoas com ocupações criativas e a conclusão do estudo foi: pessoas com desafios complexos precisam de pequenos sucessos regularmente. Pequenas conquistas que nutram uma sensação de progresso e alimentem a criatividade no longo prazo.
Por isso, vá para suas corridas e lute nos seus corres diários, mas não despreze a importância de subir nos pódios. As chances de você ter uma ideia criativa aumenta significativamente depois que desce de cada um deles.
*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.
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