Ter um tempo em família com qualidade pode ser um desafio para muitas pessoas. Afinal, a rotina do dia a dia é corrida, nossa agenda é apertada e, nem sempre sobra energia quando chegamos em casa após um dia de trabalho. Ter um tempo com a família não pode ser um peso ou uma obrigação, mas um processo de cuidado e afeto que pode ser mais simples do que parece.
“As famílias vivem com a agenda lotada, com uma série de obrigações, por isso, não é necessário pensar em mais atividades para fazer junto, podemos, claro, mas não pode ser mais uma coisa, mais uma obrigação”, destaca a psicopedagoga Ludmilla Duarte. “É muito importante que as famílias tenham um tempo de olho no olho e uma escuta atenta.”
Não precisa ser um grande evento: valorize os pequenos momentos
Aproveitar as oportunidades dentro da rotina é um jeito bom ter um tempo em família, sem precisar de grandes eventos ou uma nova agenda. No momento de levar ou buscar as crianças na escola, durante as refeições feitas em conjunto. Para as especialistas, é importante valorizar todos os encontros. “Importante pensar como essa família se olha, como lida com as coisas do cotidiano. É na observação e escuta vão dar muitas pistas para os pais do que os filhos estão sentindo”, explica Ludmilla.
“Deixe os eletrônicos de lado”, orienta a psicopedagoga Ivone Scatolin. “As pessoas estão cada vez mais isoladas e distantes com os celulares nas mãos, importante deixar os aparelhos num canto e estar disposto a realmente ouvir o que as crianças ou os adolescentes têm a dizer, a conversa pode começar com um simples: ‘como foi seu dia’, na hora das refeições.”
O tempo em família não precisa e não deve ser formatado. O segredo está em cultivar os momentos de troca, valorizar o tempo presente. Afinal, é no lar que as crianças vão se formando, se construindo a partir das relações que vivem.
“Casa, muitas vezes, é só onde durmo, lar é onde crio raízes, construo relações, é o espaço de afeto, de escuta”, reforça Ludmilla.
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Exemplos de atividades para passar o tempo em família
Nesse lugar de respeito e amor, as famílias podem desenvolver atividades em conjunto. “Cozinhar pode ser um tempo de troca e de estreitar laços“, diz Ivone. “É um momento que podemos estar ao lado das crianças e adolescentes e aproveitar a companhia deles, uma tarefa do dia a dia que pode ser divertida se estivermos dispostos a levar com leveza.”
“Toda a rotina vai ser constituída a partir da mesa, onde podemos construir vínculos, descobertas — a novidade de quem ainda não sabe cozinhar e descobrir a magia da cozinha. Diante da mesa, da partilha do alimento, muitos vínculos vão se fortalecendo porque cozinha é afeto”, reforça Ludmilla.
“Aprendemos que tempo é dinheiro, mas, na verdade, pensar que o tempo é precioso e temos de gastá-lo bem, com quem amamos”, completa Ivone.
Aliás, outra dica é organizar as fotos antigas. Essa é uma ótima oportunidade para falar sobre o passado, contar ‘causos’ de família. Como explica Ivone, conhecer a nossa história, nos dá a sensação de pertencimento, nos sentimos mais seguros. Vale também o contato das crianças com os idosos, um vínculo importante para os dois.
Cultivar horta juntos ou jardins sensoriais, podem ser experiências interessantes. Assim como passear no parque ou andar de bicicleta. Mas, lembrando, sempre que nada substitui o ato da escuta e da conversa, o olho no olho, que faz com que a família construa e fortalece os seus laços.
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