Nove plantas perfeitas para ter em casa (com dicas para cuidá-las)
Trazer plantas para o lar nos ajuda a viver em contato com a natureza. Descubra as “moradoras” ideais e saiba como cuidar bem das suas verdinhas
Talvez tenha acontecido com você também: nesses últimos tempos, muitos de nós passamos a conhecer novas espécies de plantas. Pileas, begônias, marantas, ficus lyrata e pacovás se uniram aos cactos, suculentas e orquídeas, já tão famosos por transformar não apenas o horizonte diante dos nossos olhos, mas mudar também a paisagem interna.
Há quem se apaixonou tanto pelo cultivo que começou a estudar como podar, tratar pontas amarelas, curar pragas etc. Há famílias superurbanas que notaram moscas, formigas e outros personagens típicos que vieram junto desse habitat. Abrimos a porta e, literalmente, um outro mundo vivo entrou.
Multiplicando as plantas
Comigo aconteceu de ver como o jardim da casa dos meus pais é um viveiro rico de seres fantásticos e perceber que, com a ajuda do dedo verde da minha mãe, eles poderiam vir dividir meu apartamento também.
Assim chegaram o gerânio, o cacto e duas begônias – uma delas secou em sete dias. Mas mantive num lugarzinho claro e fresco e agora ela está rebrotando do susto da mudança e temos quatro folhas recém-nascidas para comemorar.
Olhando em retrospecto, parece que quem tinha um sentimento estéril em relação à presença da natureza sob o próprio teto hoje vive um estado gravídico, esperando por novos brotos, gavinhas, botões.
Uau! O projeto de uma casa verde merece mesmo todo incentivo. E algumas bases para dar certo.
Antes de sair comprando plantas…
Dê uma boa olhada no ambiente onde você está pensando em colocar um vaso. “Se recebe mais de quatro a seis horas de sol por dia (ainda que pelo vidro da janela), espécies de sol pleno como a cróton, a pleomele e a clúsia se darão bem”, conta a paisagista Gabriela Pileggi.
“Se bate um sol fraquinho (antes das 10h ou depois das 15h), a dica são plantas de meia-sombra, como as marantas, a jiboia e a costela-de-adão.
Já se o cantinho for iluminado, mas estiver afastado até 3 metros da janela, as espécies de sombra como a zamioculca e a espada-de-são-jorge devem ser priorizadas”. Depois disso é breu e quase nada sobrevive.
E vale lembrar das aulas de biologia: planta faz fotossíntese para viver. “Sem luz, ela passa fome e morre”, diz Antonio Jotta, cofundador do Flo Atelier Botânico.
Dito isto, selecionamos boas habitantes de áreas internas; umas precisam de mais sol, outras menos, algumas aguentam até ar condicionado. Faça suas escolhas e aventure-se na sua selva de pedra.
Zamioculca
De porte pequeno (alcança um metro) e folhas verde-escuras brilhantes que crescem para cima, essa é a highlander das plantas, tamanha a sua resistência em ambientes onde outras espécies dificilmente sobreviveriam.
Para ela não há problema se o local tem pouca luz e pouca rega, calor abafado ou ar condicionado. Ela aguenta. “É que a Zamioculcas zamifolia tem origem nas florestas da Tanzânia. Ela aparece lá em locais sob a sombra das árvores e protegida do vento e da chuva – daí por que não gosta de ficar com as raízes encharcadas”, explica Gabriela Pileggi, do Jardineiro Fiel, em São Paulo.
Um vaso de solo bem drenável, com cascalhos no fundo, é de grande ajuda para deixar escoar o excesso de água. E ela pode se manter saudável se receber água uma vez por semana. Segundo o Feng Shui, essa planta traz prosperidade e abundância.
Jiboia
Se depender dessa trepadeira com folhas em formato de pequenos corações, ninguém ficará sem uma planta para chamar de sua. “Você nunca teve, mas sempre quis ter uma planta? Compre uma jiboia”, brinca Antonio Jotta.
Tipicamente tropical, a folhagem gosta da luz difusa de uma janela (quando o ambiente é superclaro, mas não recebe sol direto) e cresce sem problemas um pouco mais afastada, à meia-sombra.
“Um pouquinho de luz já é suficiente para ela. Só não pode faltar água (aproximadamente duas regas na semana)”, enfatiza Jotta.
Pense em colocá-la num pendente próximo à janela do quarto e logo terá um véu verde se derramando pelo chão. Trepadeira que é, ainda pode escalar a parede da varanda e bordar o ambiente. Se quiser contê-la, é só podar a ponteira. Mas, atenção: ela é tóxica; mantenha longe de crianças e pets.
Ficus lyrata
Essa árvore de folhas exuberantes está entre as vedetes da decoração de interiores. A paisagista Gabriela Pileggi alerta, no entanto, sobre onde mantê-la em casa.
A ficus adora luz difusa, meia-sombra e sol pleno. “Se não for para ficar perto da janela, ela não aguenta. Se você tiver uma varanda fechada com tela solar, abra-a”, recomenda.
E não precisa se preocupar com o reenvase. A ficus vai bem com a raiz contida e pode “morar” por muito tempo num vaso de 35 mm.
Quanto à rega, ela precisa sentir sede e não gosta de ficar com os pés úmidos, ou começa a apodrecer e manchar as folhas.
O solo precisa ficar seco entre uma rega e outra. Assim, enfie um palito na terra até 5 cm e só regue se sair sequinho. A adubação também é indicada, “mas não antes de seis meses (quando você compra ela já vem com substrato rico)”, diz Antonio Jotta.
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Cróton
Queridinha por folhagem de coloração vermelha, laranja e amarela, precisa de uma rega por semana e adora luz direta por algumas horinhas.
Seja a da sala, da varanda, das áreas gourmet. Só um detalhe: lembre-se de que as plantas compradas em vaso cresceram em estufa e, embora diga-se que elas são de sol pleno, na verdade nunca receberam insolação direta na cabeça.
Se a ideia for deixá-las mais expostas, precisam de um tempo para se acostumar. “Esse é um processo chamado rustificação. Significa que você vai colocá-las aos poucos sob o sol direto para o choque ser menor”, informa a bióloga Niedja Rodrigues, da loja Selvva.
“Vá colocando a planta sob o sol uma hora por dia na primeira semana, duas na segunda. Viu que não queimou, deixa um pouco mais. Assim a cutícula da folha vai ficando mais resistente”, ensina a bióloga.
Samambaias
As samambaias estão entre as plantas mais vendidas do Brasil. Mas o que pouca gente sabe é que precisam de dedicação para ficarem sempre lindas.
“A maioria das pessoas já viu a planta na casa da avó e acha que é simples cuidar. É, mas porque a sua vó doou um tempinho para isso”, alerta Niedja Rodrigues.
“Elas gostam de umidade e têm de ser regadas dia sim, dia não, sempre pela manhã. Se estiverem com as folhas molhadas à noite, não conseguirão fazer as trocas gasosas necessárias, vão sufocar e desfolhar”, alerta.
É importante colocá-las em um local com bastante claridade – sem que o sol bata direto sobre as folhas – e arejado, porém protegido do vento.
Com adubação quinzenal, mantêm o volume. Truque extra para ficarem esplendorosas: levá-las para a pia para um revigorante banho de corpo inteiro uma vez por semana.
Pilea peperomioides
Com caule ereto e folhinhas arredondadas, essa pequena nasceu nas florestas da China, mas por obra do destino acabou fazendo fama na Escandinávia.
Hoje, o mundo inteiro caiu de amores pela folhagem que alcança uns 30 centímetros. O tamanho da fofura é o mesmo da facilidade de cultivo.
“Quanto mais claridade, mais brotos e mais vistosa. Deixe-a perto da janela”, recomenda Gabriela. Só cuide para que não receba aquele sol forte, depois das 10h e antes das 15h, pois queima.
Quanto à rega, a pilea gosta do substrato úmido, mas detesta encharcamento. O ideal é que, ao molhar, não chegue água no pratinho. Sobrou água, coloque menos da próxima vez.
Uma dica para manter seu pescocinho ereto é prendê-lo a um tutor. No mais, divirta-se a cada baby pilea que surgir. Ah, e o manejo é idêntico para outra queridinha, a begonia maculata.
Medinilla magnífica
Nativa das Filipinas e de Java, a medinilla magnífica é um arbusto de meia-sombra; vive bem se a luminosidade for indireta e prolongada. Cresce cerca de 80 cm e floresce uma vez por ano na primavera/verão.
O melhor é que, apesar do exotismo, não demanda cuidados extremos. “Ela gosta de solo mantido úmido – nada de substrato encharcado, por favor – e adubação regular”, informa Gabriela.
Em geral, plantas que dão flores precisam ser adubadas uma vez por mês. “Isso porque, diferentemente de uma terra de jardim, onde caem folhas mortas, insetos, asas de borboleta e tem até um pouquinho de ureia, o solo do vaso fica pobre em nutrientes, e o caule, as raízes, folhas e flores podem perder vitalidade”, esclarece Antonio Jotta.
Columeia-sino
Mais um raro exemplo de floração que vai para dentro de casa, a columeia-sino é fã de um cantinho iluminado próximo da janela, protegida das correntes de vento e frio.
Seus delicados botõezinhos vermelhos despontam entre a primavera e o outono nos longos ramos da planta, que chegam a pender até 1 metro de comprimento.
Regar duas vezes por semana, uniformemente por toda a superfície, costuma ser suficiente. Cuidado só para não encharcar.
“Essa é uma das espécies que ‘morrem de tanto amor’, porque as pessoas exageram na água, favorecendo o aparecimento de fungos e o apodrecimento da raiz”, alerta Niedja.
Então, cautela. Enfie um palito ou o dedo na terra – saiu úmido, não molhe. “E é zero tóxica, ótima se há crianças e pets em casa.”
Costela-de-adão
Como cresce bastante e rápido, precisa de espaço para se sentir bem. “Pode ficar no quarto, ao lado da janela, na sala, sempre perto da luz, mas não onde o sol vá bater direto na folha”, recomenda Niedja.
Adubada uma vez por mês e regada duas vezes na semana, fica linda que é uma maravilha. Um agrado que suas folhas imensas merecem – como todas as amigas com tal amplitude verde – é passar um paninho para tirar o pó.
“Assim, a planta consegue respirar melhor. Resultado: não amarela”, explica a bióloga. Em tempo: se você comprou a planta e deseja replantá-la, espere 15 dias para que primeiro ela se acostume ao seu lar.
Então, passe para um vaso com dois a três dedos de folga, no máximo, em relação ao anterior. É mais aconchegante assim.
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KÁTIA STRINGUETO é jornalista e, nos últimos meses, seu apartamento também ganhou novas moradoras. Adora observar as folhagens e flores das plantas e traduzir suas belezas em bonitas joias. @katiastringueto
Conteúdo publicado originalmente na Edição 236 da Vida Simples
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