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Como se conectar de verdade com seu filho adolescente?
Sladic
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Quando um bebê nasce, a proximidade com os pais nos primeiros meses é fundamental para a sobrevivência de um ser tão indefeso. Quando se torna uma criança, continua vendo os pais como um porto-seguro, um ponto de apoio e segurança. Então, o pequeno cresce e começa a buscar mais autonomia. Quando a família já não é mais o centro de seu universo, é nesse momento que se torna um adolescente.

Ao entrar na fase da adolescência, entre 12 e 18 anos, uma série de mudanças podem ocorrer em sua forma de se expressar. A pessoa cria novos interesses, novas curiosidades, novas amizades. E os pais podem se sentir perdidos, e até deixados de lado, quando seu filho já não corre mais atrás deles para buscar ajuda ou opinião.

É por conta dessas mudanças que os adolescentes são considerados rebeldes, mal-educados, retraídos. Mas, apesar de todo o julgamento, essa fase é natural e faz parte da construção da pessoa para se tornar um adulto.

O que é a adolescência?

A adolescência envolve mudanças externas, pela transformação do corpo, e internas, pelo desenvolvimento do cérebro, que levam os adolescentes desejarem ser independentes dos pais. Segundo a educadora parental Claudia Alaminos, os jovens passam por uma fase emocional denominada individuação.

“Seu objetivo é determinar qual é sua identidade como pessoa e onde ela está inserida na sociedade. Às vezes, isso significa testar vários papéis, crenças ou estilos de vida, o que pode surpreender até mesmo parentes próximos que o conhecem há toda a vida”, explica a especialista.

A educadora ainda acrescenta que as necessidades de independência e autonomia que surgem nessa época podem resultar em oposição e recuo, porque não querem mais regras ou controle por parte dos pais.

Nesse momento, os jovens começam a questionar mais o seu ambiente e as autoridades, inclusive seus familiares. Eles podem buscar novas ideologias, diferente das crenças e até mesmo da manifestação religiosa dos pais. “Esta tendência pode ser intensificada pela exposição a novas ideias e culturas através da escola, dos meios de comunicação e da internet”, complementa Claudia.

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O fim da infância é um momento de luto

Os psicanalistas argentinos Arminda Aberastury e Mauricio Knobel lançaram, em seu livro Adolescência Normal, uma teoria dos lutos que ocorrem nessa época. Segundo os pesquisadores, para os adolescentes, os lutos são:

  • pela perda do corpo infantil: as mudanças físicas ocorridas na adolescência e sobre as quais o adolescente não tem controle causam grande desconforto;
  • pela perda dos pais da infância: os pais idealizados e quase infalíveis que eles julgavam ter na infância, passam a ser vistos na sua humanidade, com suas dificuldades, fraquezas e erros;
  • pela perda da identidade infantil: como na adolescência há um aumento de exigências e responsabilidades perante a sociedade, a família e o próprio adolescente, há um sofrimento pela perda da leveza e tranquilidade que sentia na infância.

Além dos processos de luto dos filhos, Claudia relata que em seus atendimentos vivencia também o luto dos pais:

  • luto da criança perdida: quando os pais percebem que a criança de quem recebiam carinho e atenção em abundância e sobre quem tinham controle não existe mais;
  • luto pelo filho idealizado: quando os pais percebem que o filho, ao se tornar adolescente, se mostra diferente daquele que os pais imaginaram ou desejaram que ele fosse.
  • luto pela juventude perdida: ao observarem o filho do seu tamanho ou até maiores do que eles, com interesses próprios e desejo de autonomia, os pais percebem que estão envelhecendo também.

Meu filho está se afastando, e agora?

Visto que é normal a busca por autonomia e espaço pessoal, não é recomendado, durante esse período, tentar eliminar o isolamento. Segundo a educadora, deve-se encontrar formas alternativas de conexão com os filhos, ajustando estratégias e meios de comunicação com os adolescentes para que se sintam compreendidos e apoiados apesar das transformações externas.

“Os pais que sabem o que esperar de seus filhos adolescentes e em que estágios de desenvolvimento cerebral eles se encontram, podem entender porque é tão importante encontrar autonomia durante esse período. Ou seja, isso inclui o reconhecimento de que a busca pela independência é um sinal de desenvolvimento saudável”, explica a especialista.

Para Claudia, os pais não devem entender a necessidade de afastamento como uma afronta pessoal, provocação ou rebeldia. “Reconhecer a necessidade dos adolescentes de maior autonomia como uma parte importante do seu desenvolvimento ajuda a construir relações familiares mais fortes e duradouras e prepara os jovens para os desafios da vida adulta”, complementa.

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Então, como se aproximar do seu filho adolescente?

O melhor jeito de se comunicar com o adolescente é se interessando pelo universo dele. Quem explica isso é Estéfi Machado. A escritora e colunista da Vida Simples tem um blog para inspirar os pais a se conectarem com seus filhos através do brincar.

“Você não precisa fingir, você não precisa tentar usar a gíria dele. O que você precisa é se interessar de verdade pelos filmes que ele gosta, pedir para escutar uma playlist dele, assistir uma série que ele está vendo”, recomenda Estéfi, que é mãe do Teo, seu filho de 16 anos.

“Meu filho, por exemplo, gosta de batalha de rima. Eu falei ‘deixa eu ir numa batalha de rima com você?’. Eu fui com ele, a gente foi ver uma batalha de rima, de rap. Foi super legal e a gente se conectou mais ainda”, relata a mãe.

Em um vídeo compartilhado em seu Instagram, a mãe grava o filho dando dicas de como eles, adolescentes, acham que os pais devem agir para se aumentar a proximidade.

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