O lixo que transforma vidas
Faltavam poucos dias para o Natal de 2000. Em uma reunião com as crianças da escola do bairro, a advogada boliviana Ingrid Vaca Diez perguntou o que queriam de presente. Bolas, bonecas. Entre as respostas, uma chamou a atenção: Claudia, de 9 anos, pediu um quarto para morar com os quatro irmãos.
Faltavam poucos dias para o Natal de 2000. Em uma reunião com as crianças da escola do bairro, a advogada boliviana Ingrid Vaca Diez perguntou o que queriam de presente. Bolas, bonecas. Entre as respostas, uma chamou a atenção: Claudia, de 9 anos, pediu um quarto para morar com os quatro irmãos. “O pedido de Claudia estava muito além do que podíamos dar”, diz Ingrid. Nessa época ela juntava garrafas para uma senhora que as vendia por centavos no mercado local. Um dia, ao chegar em casa, seus cachorros tinham rasgado as sacolas onde guardava as garrafas e uma ventania espalhou-as para todo lado. O marido ficou furioso: “Jogue essas garrafas no lixo, com tudo isso dá até para fazer uma casa”. “Ah é? Então é o que eu vou fazer”, respondeu Ingrid. E assim nasceu o projeto Casas de Botella (em português, Casas de Garrafa).
Além de advogada, você é administradora. Como surgiu o interesse de criar um projeto de bioarquitetura?
Eu nasci e cresci em Warnes (município próximo a Santa Cruz de la Sierra). Há muitos anos meu pai doou 30 lotes a uma associação local e esse bairro foi batizado com o nome dele, Alfredo Vaca Diez, mas as famílias nunca tiveram condições de construir suas próprias casas. Anos depois, as péssimas condições de vida dessas famílias me fez ver nesse problema uma excelente oportunidade para continuar o que meu pai começou.
De onde vem o dinheiro?
Da minha família, de amigos, algumas instituições e alguns poucos empresários que são nossos parceiros. As famílias não têm nenhuma despesa com a construção das moradas, elas só precisam ajudar a colocá-las em pé.
Quantas casas já foram construídas?
As primeiras foram feitas em Alfredo Vaca Diez, mas hoje estamos construindo em vários países, como Argentina, Uruguai, Panamá, Paraguai, México, Chile e Peru. É difícil dizer quantas já foram feitas, pois são muitas que ficam prontas ao mesmo tempo, mas sei que já passamos das 300 casas.
“É difícil dizer quantas casas já foram feitas, mas sei que já passamos das 300. Meu objetivo é seguir construindo casas por todo o mundo.” – Ingrid Vaca Diez
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