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Colorindo para relaxar
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Na França, livros de colorir para adultos são a nova moda do bem-estar pessoal. Tidos como uma arte para driblar o estresse, estão virando sucesso e já vendem mais do que livros sobre gastronomia. Jardim Secreto (Sextante), recém-chegado no Brasil, já ultrapassou 1 milhão de exemplares vendidos no mundo todo, com seus desenhos de flores. Isso me deixou bem curiosa; ?como colorir pode ser ferramenta para aliviar as tensões do dia a dia??, questionei. Então, resolvi experimentar. O custo inicial para essa quase terapia foi baixo. Precisei de uma caixa de lápis de cor e algumas páginas impressas, com desenhos gratuitos obtidos em murais do site Pinterest. Mas minha estreia foi um fracasso. Fiquei o tempo todo incomodada com a escolha das cores (queria que fossem realistas!) e tive pressa para terminar o desenho. Eu me sentia obrigada a relaxar e, avaliando a minha falta de habilidade como colorista, fui ficando cada vez mais tensa. ?Cobrar relaxamento como resultado é quase uma garantia de que ele não vai acontecer?, me explicou o psicólogo junguiano Flavio Vogt. No meu segundo desenho, já em um livro de colorir, decidi alterar a estratégia: cada coisa ia ter a cor que eu decidisse, pronto-acabou. Deu certo, e o momento foi muito mais relaxante e divertido. Acho que o grande segredo para descansar a mente foi não me cobrar pelo resultado final. ?Quando se solta a criatividade, relaxar é mais possível. Não pode ser um momento de autocrítica?, reforçou Vogt, que lembra que, apesar de terapêutico, o colorir só se torna uma terapia de fato quando acompanhada por um profissional especializado. O que percebi é que, assim que parei de me cobrar por perfeição e rapidez, eu fiz do momento de colorir uma espécie de meditação. Afastei o celular, peguei papel e lápis, coloquei uma música e curti o instante. Me senti completamente infantil, porém leve e relaxada. Livre para dar às imagens o tom que eu desejasse. No fim, a técnica é bem simples: basta esquecer-se de ser adulto por algumas horas e se divertir com lápis de cor em um mundo quase nostálgico dos tempos em que a única preocupação era colorir. Talvez sejam esses momentos infantis que nos façam mais falta para encarar o mundo com outros olhos ? e dar a ele novas cores.

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