Repare nos talentos
Tenho um prazer declarado por papéis. Embrulhos, especialmente. Nunca gostei de presentear alguém com a sacolinha da própria loja.
Tenho um prazer declarado por papéis. Embrulhos, especialmente. Nunca gostei de presentear alguém com a sacolinha da própria loja. Além de achar que isso denuncia, logo de cara, o conteúdo da embalagem, acho algo frio, distante, sem graça. Para mim, parte da diversão de presentear está no embrulho que faço com as minhas próprias mãos, um gesto criativo de reaproveitar o que tenho em casa. Gosto de pensar na caixinha ou papel (aqueles crafts são meus preferidos), na cartinha escrita à mão que vai dentro, no laço e no arremate disso tudo – um carimbinho gracioso ou um raminho de eucalipto ficam lindos. Se você abrir o meu armário de trabalhos manuais, vai encontrar uma caixa dedicada aos papéis de presente que vão ganhar uma segunda chance, outra para os barbantes coloridos, outra de miudezas e adereços. Até tenho uma só com washi tapes, aquelas fitas adesivas decoradas.
Acho que, para a maioria das pessoas, isso tudo é uma grande bobagem: “Embalagem vai para o lixo”. Mas, para as almas mais sensíveis, eu sei que fica algo singelo, do plano das sutilezas: os segundos de encantamento ao receber um presente assim. E eu faço porque acho que são os pequenos sopros de beleza que elevam o nosso espírito. Mas eu nunca tinha visto, nessa minha habilidade, um talento. A Ana Holanda foi quem me disse. E eu acolhi, com muita gratidão. Porque muitas vezes somos incríveis em algo que nunca soubemos nomear como um talento. Porque o talento parece estar reservado às coisas que soam grandiosas, mas ele mora nos lugares pequeninos também, que precisam de um olhar atencioso para abençoá-los.
Decidi revelar isso aqui, entre nós, para que você também possa nomear seus talentos, todos os que te habitam. O que você faz de bom e tem para compartilhar?
Débora Zanelato, Editora-chefe
@deborazanelato
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