O que vou fazer quando crescer?
O crachá sempre será só o crachá. O trabalho é algo muito mais profundo e intenso do que essa superfície. Viva!
O crachá sempre será só o crachá. O trabalho é algo muito mais profundo e intenso do que essa superfície. Viva!
Essa pergunta me perseguiu durante minha meninice. Eu queria ser tanto e ser muitas. Na escola, me apaixonei pela biologia, história e geografia. E isso deu um nó na minha cabeça, porque nada daquilo parecia conversar com uma profissão. Médica? Arqueóloga? Psicóloga? Decidi, ainda adolescente, pela medicina. Filha de médico, por que não? O problema é que de tanto chafurdar dentro de mim, entendi que não era sobre ser médica, mas sobre admirar meu pai. Até que caí no jornalismo porque gostava de escrever.
Um dia, não muito tempo atrás, me senti inquieta com o que fazia. Como sempre amei cozinhar, cogitei fazer uma segunda formação em gastronomia. Para quê? Por quê? Até que lancei um livro sobre comida, Minha Mãe Fazia. Dali, passei a trilhar outros caminhos além das páginas da revista e a dar cursos sobre escrita. Foi então que me dei conta que, com mais de 40 anos, tinha a resposta para aquela menina que fui. O que fazer quando crescer? Aquilo que conversa com a sua alma. Entendi que não era apenas sobre ser jornalista, porque uma profissão não nos define, mas sim aquilo que carregamos dentro. E eu queria tanto que aquela garotinha soubesse disso. Teria evitado tantas angústias pelo caminho.
O trabalho é algo mais profundo
Hoje, sei que posso ser muitas. Sou jornalista, escritora, professora, mãe, apaixonada pela palavra. Ao longo da reportagem de capa desta edição, que escrevi com carinho, entendi que trabalho e vida se misturam a todo instante. E desperdiçar vida e tempo com algo que nos entristece nos traz inquietude, não faz sentido.
Então, comece agora a se perguntar: de qual vazio estou fugindo? As repostas para a sua infelicidade profissional, acredite, podem estar aí. E esse é um grande aprendizado para que a gente pare de desperdiçar nossas horas com aquilo que não cabe mais. O crachá sempre será só o crachá. Mas, o trabalho é algo muito mais profundo e intenso do que essa superfície. Viva!
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