As cartas do Universo
Entre conversas casuais e conexões inesperadas, a vida mostra o caminho
Sabe quando, dos lugares ou momentos mais improváveis, encontramos respostas para aquilo que há muito procurávamos? Pois domingo passado foi um dia desses. Levei meu filho Ben, de 6 anos, a um evento para aprender a jogar com as cartas de Pokémon – animais fantásticos com poderes e habilidades, uma febre entre crianças e adolescentes, há anos. Logo o espaço já estava tomado por pais e crianças. Assim que uma garotinha chegou, ela já me chamou a atenção. Num universo majoritariamente masculino, achei o máximo aquela menina ali. Por coincidência, Ben fez dupla justamente com ela na hora que a brincadeira começou. Enquanto isso, eu e o pai da garotinha começamos a conversar.
Falamos sobre o show do Gilberto Gil, que havia acontecido naquele final de semana, refletimos sobre os desafios da infância e da educação dos filhos, até que falamos sobre nossas profissões. Rafael era fisiatra, um médico especialista em medicina física e reabilitação, que decidiu criar um centro avançado de reabilitação para pacientes neurológicos, que acabou de abrir as portas. Ou seja, adultos com desafios funcionais ou com lesões neurológicas de diversas causas, como AVC, Lesão medular, Parkinson, Esclerose Múltipla e outros.
Pessoas como o meu pai, que sofreu um AVC e hoje convive com uma neuropatia que o faz sentir dores terríveis, que nenhum dos médicos nos quais peregrinamos nos últimos meses conseguiu resolver. Ali, enquanto as crianças aprendiam sobre poderes de Pikachus, Bubassauros e outros seres fantásticos, eu entendia melhor o que meu pai tinha e as possibilidades mais assertivas de melhorar sua condição e qualidade de vida. Eu custava a acreditar.
Rafael falava com entusiasmo sobre a Apollo, que é um centro pioneiro no país, com tecnologias inovadoras e uma equipe multidisciplinar para oferecer uma reabilitação realmente transformadora para um paciente. Só quem já bateu de porta em porta em busca de respostas, muitas vezes sem sucesso, sabe como encontrar as pessoas certas faz uma enorme diferença. Rafael foi tão atencioso e acessível – tipo gente como a gente, sabe? – que eu só pensava: que sorte chegar perto de uma resolução para as dores do meu pai quando eu já estava quase sem esperanças dele melhorar.
As crianças terminaram a brincadeira e, ao final, aconteceu um sorteio de cartas Pokemon. Ben, que se acha muito azarado nesses momentos, foi sorteado e ganhou. Imediatamente, a garotinha, filha do Rafael, foi abraçá-lo, feliz pela conquista do novo amigo. Meu filho saiu de lá se sentindo sortudo. E eu também. Confiando, cada vez mais, no poder que o Universo tem de nos trazer respostas – mesmo quando a gente menos espera por elas, como através de cartas Pokémon.
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