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Respirar sem aparelhos
Foto: Jacob Elliott/Unsplash
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“Amor, para de olhar para o Zé enquanto eu falo com você”, me disse meu marido, talvez um pouco enciumado pela atenção dividida com esse estranho que invadiu a nossa vida. Minha primeira reação é negar. Depois, preciso reconhecer. Sim, o Zé tem roubado muito do meu tempo.

É frequentemente a ele que eu recorro assim que acordo e logo antes de dormir. Durante o expediente, olho pra ele pra checar se está tudo bem. E qualquer barulho que o Zé emite, me comporto feito um suricato, pronto para apurar o que está acontecendo. Zé é o apelido que o Renan, meu companheiro, deu para o meu iPhone.

Talvez você tenha um Zé luminoso em suas mãos agora (ou bem perto destas páginas, assim como o meu está neste momento). E é justamente porque esses aparelhos viraram quase extensões nossas que falar sobre nosso comportamento diante das telas é cada vez mais urgente.

Quando escolhemos esse tema para estampar a capa desta edição, eu fiz uma viagem no tempo (e nem faz tanto tempo assim!) e me recordei de como era a vida sem essa engenhoca. Um lado saudosista relembrou sobre os encontros com amigos: tinha ponto marcado e horário bem definido.

A gente também podia conversar com alguém sem achar que está falando sozinho quando uma tela se acende. Ao mesmo tempo, hoje, os benefícios são muitos. Sim, é sobre como saber usar. Mas não dá para pensar nisso apenas de forma individual, já que o mau uso nos afeta de maneira coletiva.

Por aqui, estou deixando o Zé cada vez mais de lado, para ele não me sufocar. Afinal, não dá para viver olhando para baixo: é preciso olhar para frente, para cima e para os lados. É assim que quero compartilhar o viver e curtir meu tempo nesta grande rede.

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