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Ser coerente é simples e complexo ao mesmo tempo
(Foto: Vinicius Wiesehofer/Unsplash)
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“É tão simples ser coerente: se você diz que vai fazer algo, faça-o. Se começar algu­ma coisa, termine-a, vá até o fim.”

Assim se encerra o capítulo sobre a virtude no livro A Arte de Viver: O Manual Clássico da Vir­tude, Felicidade e Sabedoria (Sextante), no qual a escritora Sharon Lebell interpreta pensamentos do filósofo estoico Epicte­to (55-135 d.C).

Para o grego, que viveu a maior parte da vida em Roma, como escra­vo, ser virtuoso não é apenas seguir regras ou parecer bom aos olhos dos outros, mas ser coerente nos pensamentos, palavras e ações.

Isso quer dizer alinhar nossa condu­ta com princípios profundos que nos guiam. Faz todo sentido, não é?

Quantas vezes dizemos uma coisa e fazemos outra? Pro­metemos algo e adiamos, iniciamos pro­jetos cheios de entusiasmo para abandoná-los no meio do caminho. Vamos nos enrolando em nossas pontas soltas.

A verdade seja dita: ser coerente o tempo todo não é fácil, como faz parecer Epic­teto. Mas, entre um deslize e outro, nos fortalecemos à medida que conseguimos calibrar o lado de dentro e o de fora.

Como ser mais coerente?

E como podemos ser mais coerentes? Primeiro, controlando as emoções para filtrar melhor nossas promessas. Às vezes, no impulso, prometemos algo que logo percebemos não ser possível cumprir.

Imediatamente, nos arrependemos ou nos constrangemos. Que sufoco! Segundo, aprendendo a dizer mais “nãos” ao que surge.

Com frequência, não distribuímos recusas por medo de ser malvistos pelos outros ou perder o afeto dessas pessoas. Embora esse risco exista, acovardar-se será ainda mais prejudicial para nós, pois sacrificaremos a nossa verdade.

Como nos encarar no espelho depois disso? Por fim, e não menos importante, é crucial cumprir o que prometemos. Seja como pais, líderes ou profissionais, sustentar combinados solidifica a base para que a confiança possa nascer e se firmar em qualquer relação. Um elo inestimável.

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Ser coerente ao pensar e agir

O filósofo grego tinha razão em pregar a coerência entre o pensar, o comunicar e o agir. Ao praticá-la, não só crescemos em integridade e autoestima, como também contribuímos para um mundo mais corre­to, ético e compassivo.

Tal qual observou o sábio da Antiguidade, quem trilha esse caminho o faz com o coração tranquilo e a mente leve, livre de culpas ou remorsos.

Nessa jornada encontramos não apenas a paz interior, mas também a possibilidade de viver uma vida autêntica e plena de sentido.

Da próxima vez que fizer o que precisa ser feito, até o fim, lembre-se que está honrando uma sabedoria atemporal.

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Conteúdo publicado originalmente na edição 270 da Vida Simples

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