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Evolução do HPV para câncer é raro, mas cuidados são necessários
Exames de prevenção são importantes para identificar HPV. Unsplash
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Neste artigo:

Clara* foi diagnosticada com HPV no final de 2019 e temia que a doença se desenvolvesse e se tornasse um câncer. “A gente não espera que algo assim vá acontecer e eu fiquei desesperada”, confessa.

A preocupação da jovem de 28 anos é válida, uma vez que alguns casos de HPV, infecção sexualmente transmissível causada por um vírus, pode evoluir para o câncer de colo de útero. Esse é o tipo de tumor maligno com a quarta maior taxa de mortalidade entre mulheres no Brasil, segundo o último levantamento do Instituto Nacional de Câncer. Além disso, ele é responsável por outros tipos de câncer, como o de ânus e o de vulva.

Homens também podem contrair o vírus, tanto as variantes mais brandas quanto as que podem provocar câncer. Os tumores malignos mais frequente ocorrem no pênis, no ânus, na boca e na garganta.

Entretanto, mesmo sendo necessária prevenção e cuidados para evitar os casos mais graves, Alessandra Mollo, médica ginecologista e especialista em HPV, explica que ter o vírus não significa que o câncer vai aparecer, algo raro. Isso porque o HPV é um grupo de vírus que possui pelo menos 100 tipos diferentes, que possui riscos maiores ou menores para o câncer. Desse número, apenas 14 são de alto risco, como o HPV 16 e o HPV 18, os outros tipos, possuem gravidades menores.

Além disso, o HPV é infecção sexualmente transmissível mais comum, cerca de 80% das pessoas sexualmente ativas que não foram vacinadas contraem o vírus em algum momento da vida. Alessandra aponta que isso ocorre porque o vírus tem alta prevalência, o que torna as infecções algo comum e fáceis de ocorrer.

Entretanto, elas são transitórias e podem regredir de forma espontânea. “A maioria das pessoas infectadas não desenvolvem nenhum sinal, podendo permanecer assintomático, e até mesmo eliminar o vírus ao longo da vida”, destaca.

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Sinais do HPV

Clara apresentou alguns sintomas, como dores durante a relação sexual e coceira na região íntima, e foram eles que a fizeram procurar ajuda médica.

Além dos sintomas da jovem, outros sinais podem indicar infecção pelo HPV. “Existem os HPVs que formam as verrugas anogenitais que são facilmente percebíveis na hora do banho, na hora da higiene”, explica a ginecologista. Essas verrugas são um dos sintomas mais comuns, elas podem ser únicas ou múltiplas e estão associadas aos tipos de HPV com baixo risco para o câncer.

Por outro lado, há os casos em que as lesões não são visíveis e que não apresentam sintomas. Elas causam alterações no colo e na vagina que só podem ser detectadas por meios de exames preventivos, como a colposcopia e o papanicolau. Esse tipo de lesão merece mais atenção, uma vez que podem ser causadas por variantes do vírus que tem alto risco para o câncer.

Tratamento para o HPV

O tratamento para o HPV é individualizado, conforme manifestação do vírus e necessidades do paciente. Há casos em que é necessário apenas medicamentos autoaplicados para cuidar das verrugas ou melhora da imunidade. Em outras situações, pode ser necessário procedimentos como laser, eletrocauterização ou cirurgias. Por isso, é fundamental consultar especialistas para determinar o tratamento mais eficaz.

Clara apresentou um caso mais grave de HPV, com o aparecimento de lesões no colo do útero. Para tratar ela fez uma CAF (cirurgia de alta frequência) para retirada da região comprometida. Após realizá-la, ela ficou sendo acompanhada para assegurar que o vírus não voltaria. “Eu fazia biópsia a cada seis meses para ver se voltava e não voltou. Eu fiquei curada mesmo”, declara.

Assim como ocorreu com Clara, o vírus HPV pode desaparecer do corpo a partir do tratamento e acompanhamento adequados. Alessandra aponta também que tão importante quanto, é a prevenção para que a infecção não ocorra, mas, caso aconteça, é possível identificar e tratar precocemente.

O que fazer para se prevenir

O uso de preservativos e a vacinação, feita em jovens de 9 a 14 anos, são as formas primárias de prevenção contra o HPV. Desde 2014, a vacina é oferecida para meninas e meninos pelo SUS. “O câncer de colo é o único que tem vacina, nós temos uma vacina, que mais do que a cura, a pessoa nem sequer chega a ser infectada pelo vírus causador”, destaca Alessandra.

Outros grupos também podem receber a vacina contra o HPV pelo Sistema Único de Saúde, como pessoas que vivem com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea, pacientes oncológicos e vítimas de abuso sexual. Nesses casos, a idade máxima chega aos 45 anos.

Além disso, os exames preventivos são essenciais para a detecção precoce das lesões do HPV. Alessandra afirma que os exames como o papanicolau devem estar na rotina de mulheres entre 25 e 64 anos. Isso porque quanto identificar a infecção cedo permite que tratamento inicie logo, o que dificulta que as lesões evoluam para um câncer.

“A chave é essa, a vacinação dos jovens e a conscientização de quem é mais velho, que não teve a oportunidade de vacinar, de continuar fazendo os exames preventivos”, defende a especialista.

A ginecologista destaca ainda que cuidar da imunidade é fundamental para combater a infecção e para que ela não se torne um câncer. “O mais importante é não fumar e ter cuidados gerais com a saúde, como procurar ter uma vida saudável, com boa alimentação, sono adequado, bons hábitos de vida, evitar o estresse, beber água e praticar atividade física”, exemplifica.

*nome fictício para manter o sigilo da entrevistada.

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