“Equilíbrio emocional”, é possível?
Não existe uma receita prática e instantânea para o equilíbrio emocional. Mas existe a importância de identificar as emoções, o que sentimos
A reflexão agora, nesta fase de quarentena, é sobre algo que muitos questionam – e que neste momento mundial crucial – tem estado em evidência: é possível ter – e como fazer para alcançar – o equilíbrio emocional? De cara eu responderia que sim. É possível ter equilíbrio emocional. Mas também digo que faz parte do ser humano viver entre emoções e sensações (sempre e fundamentalmente), mesmo que isso se converta em “altos e baixos”.
Então vamos primeiro pensar que este tipo de “equilíbrio” não seria um peso idêntico entre o meio de ter ou não equilíbrio. Mas deixar mais leve o lado da balança com emoções que não nos fazem bem. E assim tornar mais potente o lado da balança com tudo o que te faz sentir-se bem. E isso é viver intensamente as coisas boas, se jogar mesmo e, acima de tudo, saber lidar com o inevitável que você não gosta de sentir.
Uma vez eu estava ao vivo no Instagram, e uma pessoa me escreveu perguntando como ela poderia evitar explosões de raiva. Eu disse a ela que ela deveria continuar explodindo sempre que a raiva vinha. Não tem sentido algum reprimirmos qualquer emoção, especialmente as ruins. Emoções reprimidas tornam-se doenças no corpo, na alma, no coração da gente. Quem busca “equilíbrio emocional”, busca uma ideia ilusória de viver sem se envolver muito com os sentimentos, sem altos e baixos e, mesmo sendo isso possível sim, eu sempre pergunto, “para quê?”.
Não segure os seus sentimentos
Por exemplo, explosões de raiva são indícios de que a raiva precisa “sair”. Por que segurá-la? Temos direito de ter nossas explosões, e se os “estilhaços” delas ferirem outros em volta, também é natural do ser humano reconhecer isso, e se desculpar. Mas se você tem se desculpado pelas mesmas “explosões” sempre, isso não são explosões. São padrões de comportamentos que estão lhe mostrando que algo precisa ser urgentemente revisto na sua vida.
Ao mesmo tempo, se algo bom acontece, se o amor lhe invade, se a alegria transborda, muitas vezes você não consegue ter explosões dessas emoções, porque a mente boicota o ser humano com o medo. O medo de ser feliz, de merecer, de se entregar, de gritar a felicidade e atrair inveja, medo do “bom durar pouco” e por aí vai… Pessoas que explodem com sensações maravilhosas, na maioria das vezes, são vistas como loucas.
Com essas observações, perceba que o equilíbrio emocional tem, ao meu ver, porções diferentes a serem trabalhadas internamente: dar leveza a tudo que parece ruim – estando consciente de ser um personagem dessas histórias todas da vida – e dar peso a tudo de bom que possa ser sentido. Afinal esse personagem está aqui para sentir também tudo de melhor que a existência possa oferecer.
Não existe uma receita prática e instantânea com o propósito de equilíbrio emocional. Mas existe a importância de identificar as emoções, o que sentimos, e observar se cada uma delas está em harmonia (ou não) conosco, com nossas necessidades para nos sentirmos harmonizados interna e externamente.
E merecemos viver em harmonia com nosso corpo, mente e alma especialmente nos momentos mais sensíveis, como este atual. E nisso sempre vai caber sentir de tudo. Sem julgar, repudiar ou se criticar.
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