Na contramão de um fim de ano perfeito
Se queremos crianças felizes e envolvidas com bons sentimentos nessa época, é preciso que a gente reaprenda a administrar o tempo com criatividade e simplicidade
Se queremos crianças felizes e envolvidas com bons sentimentos na época de Natal e final de ano, é preciso que a gente reaprenda a administrar o tempo com criatividade e simplicidade.
Pegue uma folha de papel e caneta. Comece a enumerar todos os afazeres típicos de dezembro que você precisou ou vai precisar realizar até que o mês termine. Lembrar de todas as pessoas que nos foram importante, sem falar na compra de presentes, pesquisas de preços, pensar no cardápio das festas, presentes aos professores do filho, reformas de última hora, decoração de Natal, festinhas na escola das crianças, planejamento das férias, passeios para ver Papai Noel… A lista de tarefas, às quais nos obrigamos em dezembro, não termina nunca se deixarmos, mas será que precisamos permitir que seja assim? Agora olhe para cada item e pense na real necessidade ou como poderia ser substituído. O que toda essa ansiedade e preocupação com um fim de ano perfeito reflete nas crianças?
Elas têm convivido com adultos sobrecarregados, estressados, sem paciência, desorganizados, consumistas… Onde em toda sua lista, está o real significado dessa época pra você ou o que você quer passar de efetivo para as crianças? De que forma você envolveu as crianças nas tarefas relacionadas a Natal e Ano Novo? Soube delegar, compartilhar, filtrar o que importa pra elas?
Nós nos preocupamos tanto com as memórias que irão marcar suas vidas desde já, dessa forma tentamos abraçar o mundo e as melhores experiências na busca pelo Natal perfeito, por exemplo. Penso, que mesmo que tenham dias incríveis, ainda assim, se estamos sobrecarregados, continuam absorvendo essa atmosfera de stress, responsabilidades, compras em excesso etc.
Administrar o tempo, aproveite o tempo. É Natal
Creio que muito dessa nossa tensão de fim de ano está ligada ao consumo. Ele nos vende a necessidade de uma vida perfeita onde tudo precisa estar impecável. Colocamos inúmeros atributos para que seja um mês inesquecível, quando na verdade, estamos desconectados da nossa própria essência e dos símbolo de amor e paz entre as pessoas que essa época traz. Pelo contrário, nessa época, nós e as crianças transitamos em uma cidade com pessoas ainda mais apressadas e irritadas. Mais preocupadas com o destino ao invés do trajeto.
Se queremos crianças felizes e envolvidas com bons sentimentos nessa época, é preciso que a gente reaprenda a administrar o tempo com criatividade e simplicidade. Na contramão do consumo A tal ponto de questionar urgências e tarefas e de preservar respiros. Se não deu pra ver Papai Noel e tirar foto com ele esse ano, vamos ver um filme de Natal. Ou vamos produzir nosso próprio Papai Noel, enfim, fica a seu critério. Mas nós definitivamente não precisamos entrar na frequência do fim de ano perfeito para todos sem nem mesmo respeitarmos a nos mesmos, muito menos a simplicidade presente na infância.
Luísa Alves é relações públicas, produtora cultural de eventos infantis e criadora da plataforma Guia Fora da Casinha, na qual compartilha conteúdo sobre infância e mater-paternidade na cidade, além de agenda cultural pra quem tem crianças em São Paulo. Nesta coluna, quinzenalmente, traz reflexões sobre cidadania, cultura e lazer na infância, fortalecimento de mães e sobre o estilo de vida com crianças. Seu instagram é @guiaforadacasinha
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