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Como se aproximar da natureza sem sair de casa
Pássaro da espécie cambacica, presença constante no bebedouro da Marina (Foto: Dario Sanches/Flickr/CC)
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Marina Xavier da Silva, da comunidade Vida Simples, enviou para o blog Você + Simples um texto sobre a sua rotina diária de abastecer o comedouro de pássaros que mantém em sua casa, que se tornou uma janela de conexão com a natureza. Boa leitura!

E lá vem o linguinha novamente. Tão bom saber que segue vivo na natureza, apesar do seu bico torto que mantém sua linguinha para fora constantemente.

Esse é o nome que demos ao indivíduo de cambacica, espécie de ave que frequenta o nosso bebedouro no quintal. Tem também um beija-flor quase sem cauda e um beija-flor tesoura no auge da sua maturidade, esbravejando prioridade de uso do bebedouro com todas as outras aves que se aproximam, enquanto exibe orgulhoso seu padrão de penas iridiscentes.

Algumas aves que nos visitam só em certas épocas do ano. Outras aves são pequeninas, porém muito valentes e que espantam aves maiores de maneira surpreendente. E tem, claro, os pedidos na nossa janela. Por vezes até invadindo nosso espaço na cozinha e avisando: “ei, humanos! Estão atrasados com a comida!”. Ou: “vocês não estão vendo que a comida já acabou?” É um barato!

Alimentar a natureza para alimentar o espírito

No duplo sentido, eu diria! Um bebedouro e um comedouro de plástico. Uma proporção cuidadosa de água açucarada e algumas sementes para aves comprada em casas comerciais. E assim está armado o palco para avistamento de tantas aves lindas e diferentes que vivem nas cidades. Eu fortemente recomendo este hábito.

Esse ritual do cuidado diário pode ser uma válvula de escape para a correria do dia a dia, ou ao contrário, uma ótima ocupação para ociosidade de alguns. Idosos por exemplo, ou para aqueles que são privados de sair do mesmo ambiente por alguma razão. É como trazer o mundo até eles.

É também uma verdadeira prática de empatia e do processo de cativar. Sim! É preciso deixar claro que as aves não se aproximam prontamente. Algumas são super exigentes no nível de segurança e privacidade do local.

As que precisam de um tempo adicional, cobram o preço da nossa cobiça por elas! Conquistar a confiança das aves, sobretudo, é extremamente gratificante.

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As regras de convivência dos pássaros

Recentemente observamos uma algazarra de pardais se aproximando junto com os canários da terra. Os pardais são exóticos, ou seja, vieram da Europa e não são fauna nativa no Brasil.

Os canários da terra, que são nativos, alimentam-se no comedouro (aliás, são parte da fauna difícil de cativar). Os pardais nunca se aproximaram do comedouro.

Ora, vejam vocês. Os pardais se associaram aos canários da terra na busca do recurso. Eles ficam esperando para se alimentar dos grãos que eventualmente caem no chão, enquanto canários da terra alimentam-se no comedouro.

É ou não é uma ótima estratégia para se alimentar? Claro que pardais conseguem comer de tudo; prova clara do sucesso de expansão de território de origem. Mas mesmo assim, é interessante observar esse “parasitismo oportunista” com os canários da terra.

Lições de ecologia, aprendizados de observação da vida, vida que pede calma para ser apreciada. Rotina comum para se aproximar da natureza e se deixar se encantar por ela. Simples assim!


Marina Xavier da Silva (@mari_xavierdasilva) é formada em Biologia, mestre em Ecologia pela Universidade de São Paulo (USP) e amante das coisas simples. Mãe da Lia e da Cléo!  marinaxavierdasilva.com.br

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Este texto foi produzido por uma pessoa assinante da Comunidade Vida Simples e publicado no blog Você + SimplesEscolha um de nossos planos e tenha a possibilidade de ter seu texto avaliado e publicado pela Vida Simples.

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