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    Crise dos 20: por que você não precisa ter tudo resolvido agora
    (FOTO: UNSPLASH) A crise dos 20 é o começo de uma jornada de descobertas, mesmo quando ainda não se sabe o caminho
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    Há um sentimento silencioso que ronda muitos jovens na casa dos 20 anos. É como se o tempo estivesse acelerado demais, enquanto dentro deles tudo ainda estivesse em construção. A cobrança por escolher uma carreira, encontrar um propósito, ser bem-sucedido e parecer feliz o tempo todo forma uma bola de neve na mente difícil de compreender.  

    Conversando uma tarde com uma amiga da faculdade, um assunto foi levando a outro e caímos naquela famosa pergunta: “Será que todo mundo está tão perdido quanto eu?”

    Ninguém conseguiu responder de imediato. Houve um alívio compartilhado em perceber que não é uma dúvida solitária e sim de uma identificação, uma inquietação coletiva difícil de explicar, mas fácil de ser sentida.  

    Essa fase, marcada por um intenso conflito entre o que se espera ser e ainda não saber como ganhou o nome de “crise dos 20 anos”. Mas, segundo a neuropsicóloga Aline Rezende Graffiette, esse apelido pode ser injusto. 

    “O cérebro humano ainda está em processo de amadurecimento nessa etapa, especialmente o córtex pré-frontal, responsável por funções como planejamento, tomada de decisões e controle emocional. Biologicamente, ele só atinge sua maturidade por volta dos 25 anos”, explica. Mesmo assim, os jovens são pressionados a tomar decisões definitivas como se já estivessem prontos para tal. 

    Quando a mente ainda está em construção

    A sociedade empurra muitos jovens para decisões que exigem estabilidade emocional e racional, mesmo quando eles ainda não estão biologicamente prontos. “A pessoa ainda não é um adulto completo. Ela é um adolescente, que vai seguir sendo um jovem adulto até os 25. Só que existe uma pressão absurda tanto da família quanto da sociedade para que se tenha tudo definido nessa fase. Eles sentem que precisam escolher alguma coisa”, afirma Aline.

    Além disso, a neuropsicóloga aponta que a forma como as gerações mais novas foram criadas também influencia. As gerações anteriores assumiam responsabilidades desde cedo, o que fortalecia funções executivas. Hoje, muitos jovens têm fragilidade nessas habilidades por falta de vivência prática, o que impacta seu desenvolvimento como adultos colaborativos.”

    Todo esse turbilhão de sentimentos durante essa crise dos 20 pode causar uma confusão emocional que passa a causar sintomas físicos. Segundo Aline, é cada vez mais comum o surgimento de doenças autoimunes, como psoríase, além de quadros de ansiedade, depressão e estresse crônico.

    “O corpo está em um estado de aceleração constante. A pessoa está tão ansiosa que se vê presa entre ‘tomar um antidepressivo’ ou ‘comprar uma bicicleta’”, explica. Há ainda um aumento expressivo na queixa de dores e distúrbios de sono.

    Cobrança durante a crise dos 20

    A idealização de sucesso imediato, impulsionada pelas redes sociais, intensifica a sensação de que se está sempre atrasado em relação aos outros. Aline reforça que o cenário mudou. “Antigamente, essa pressão fazia algum sentido porque a expectativa de vida era menor. Há 30, 40 anos, a média de vida das pessoas beirava os 65, 70 anos. Hoje, com uma expectativa de vida que chega aos 100 anos, é natural que esse período de definição de vida tenha se esticado”.

    Mesmo assim, o peso da comparação se torna cruel. “É preciso experimentar antes de definir”, diz ela, lembrando que muitos jovens escolhem carreiras com base em expectativas familiares ou ideias distantes da realidade prática.

    Claro que a cobrança sempre irá existir durante toda a nossa vida, mas há diferenças, por exemplo, da crise dos 30. “Ela está mais relacionada à pressão por escolhas definitivas. A crise dos 30, 40 ou 50 fala de uma readequação, de um novo plano de voo. A crise dos 20 fala de alguém que ainda nem sabe qual é o plano de voo, que não tem ideia de por onde começar”, desabafa.

    Essa fase da vida pode até parecer uma crise. Mas talvez seja apenas o início e não o fim do que realmente importa: viver com autenticidade, mesmo que ainda sem direção certa.

    Como atravessar esse momento com mais leveza

    Para atravessar essa fase com mais equilíbrio, a neuropsicóloga indica que criar estratégias de apoio, como procurar ajuda psicológica, investir em orientação vocacional e manter o diálogo com a família podem ajudar nesse período. “Orientação de pais não é só quando o filho tem dois anos. Ela é ainda mais importante quando ele tem 17, 18, 19. Muitos estão massacrando esses jovens ao tentarem impor a forma como viveram os próprios 20 anos”, diz.

    Ela também reforça a importância de se permitir testar e falhar. “Se puder tirar um ano para experimentar na prática as profissões que imagina querer seguir, ótimo. O que você tem que fazer agora é tatear, experimentar, conhecer atividades”, orienta.

    Saia do modo comparação: a vida que você vê nas redes sociais não mostra os bastidores. Foque em construir a sua, com seus próprios critérios;

    Aceite não saber: a incerteza também pode ser fértil. Abrir espaços para dúvidas é abrir espaço para descobertas;

    Desconstrua a ideia de sucesso imediato: entender que a vida é feita de ciclos pode aliviar a urgência por resultados definitivos agora.

    ➥ Leia mais
    – Cuide da sua ansiedade: saiba como lidar com crises no dia a dia
    – Saúde mental de adolescentes e jovens: como estabelecer diálogos empáticos?
    – Novos olhares para nos libertar da crise de sentido

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