Filtros do Instagram moldam a autoestima e impactam na saúde emocional
Os filtros trazem impactos emocionais profundos em nossa autoestima. Saiba como os efeitos mudam a nossa relação com o espelho e saúde emocional
A decisão da Meta de encerrar os filtros criados por usuários no Instagram, lá no dia 14 de janeiro, tomou conta da discussão. Embora os filtros que já vêm com a plataforma continuem ativos, a remoção dos personalizados representa mudança e tanto na usabilidade da rede social.
De início, a notícia foi um baque. O uso dos efeitos tem se tornado cada vez mais comum e o possível fim deles assustou. Mas especialistas apontam que, apesar de aparentemente inofensivos e até divertidos, os filtros têm um impacto significativo na saúde emocional e autoestima de quem os usa.
Os filtros moldam a autoimagem
Os filtros utilizados no Instagram e outros aplicativos, por mais simples que pareçam, têm o poder de atuar como uma lente, que não apenas altera nossa imagem física, mas também transforma a maneira como percebemos o mundo ao nosso redor. Quem aponta isso é Leninha Wagner, doutora em psicologia e mestre em psicanálise.
“Eles criam uma versão idealizada de quem somos, muitas vezes ajustando traços e características para se encaixarem em padrões de beleza irreais. Isso nos faz internalizar a ideia de que nossa aparência natural não é suficiente ou aceitável”, explica a psicóloga.
O impacto emocional que essa alteração causa em nossa mente é profundo. Ao comparar o reflexo no espelho com a imagem filtrada, podemos sentir que somos insuficientes. “Essa desconexão entre o ‘eu real’ e o ‘eu editado’ alimenta a insegurança, gerando baixa autoestima, ansiedade social e até sentimentos de vergonha”, elucida Leninha.
Atenção aos sinais
Para Ana Tomazelli, psicanalista, algumas queixas que surgem durante os atendimentos indicam que a autoestima de uma pessoa pode estar prejudicada por causa dos filtros.
“Quando ela não vai à praia, por exemplo, porque a maquiagem vai sair, o cabelo vai molhar. Ou quando ela faz muitos esforços, perde muito tempo e muito dinheiro para chegar fisicamente o mais perto possível daquilo que o filtro proporciona”, exemplifica.
Adriana Severine, psicóloga especialista em terapia cognitivo comportamental, cita outros sinais que indicam como os filtros podem estar prejudicando nossa saúde emocional. É preciso se atentar, segundo a especialista, quando a pessoa começa a:
- Evitar fotos ou vídeos sem filtro, mesmo em situações descontraídas.
- Comparar-se constantemente com as versões idealizadas criadas pelos filtros.
- Sentir insatisfação ou vergonha ao se olhar no espelho, sem os “ajustes”.
- Depender de filtros para interagir nas redes sociais, evitando mostrar a aparência natural.
- Ansiedade ou desconforto ao ser fotografado por outras pessoas sem controle sobre a edição
- Quando a pessoa não consegue mais se “reconhecer” no espelho, e ver a própria imagem de forma realista
É possível viver sem filtros
Para viver feliz e bem longe dos filtros, a psicóloga Alessandra Petraglia de Freitas defende que é fundamental adotar estratégias que promovam uma autoestima saudável.
Segundo a especialista, algumas técnicas são praticar a aceitação da aparência natural, focando em características individuais e na própria autenticidade, além da redefinição do que acreditamos como padrões de beleza.
“Busque referências de beleza diversificadas e que celebrem a individualidade e a naturalidade, afastando-se de padrões impostos pelas redes sociais”, sugere Alessandra.
Além disso, desconectar-se das redes sociais e reduzir o tempo gasto nessas plataformas pode ajudar a diminuir a comparação e a ansiedade associada aos likes e comentários.
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