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    Encerrar ciclos com leveza envolve a ‘arte’ de entender a finitude
    (Foto: Freepik) Aceitação dos limites temporais da vida transforma nossa forma de viver o presente
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    Quando alguém fala em despedida, provavelmente as primeiras situações que passam pela cabeça são essas duas: o processo de luto após a morte de alguém querido ou o término de um relacionamento amoroso. No entanto, essa palavra também está relacionada ao encerramento de ciclos — sejam eles bons ou ruins.

    Durante a vida, nos despedimos da infância, da adolescência e da fase adulta. Podemos também nos despedir de um trabalho ou de uma rotina que não nos representa mais. De uma cidade ou de amigos que partem para caminhos diferentes. De sonhos que já não fazem mais sentido ou até mesmo de nossas versões que ficaram para trás e deram espaço para um novo eu.

    Por que encerramentos de ciclos são tão intensos?

    Às vezes, tudo parece doloroso, difícil e confuso mesmo quando a mudança é boa. O apego ao que já conhecemos é mais natural e intenso do que o desconhecido. Novas etapas geralmente vêm acompanhadas de um sentimento agridoce: alívio e receio.

    Para o psicólogo e psicanalista Marcos Torati, o desafio de atribuir significados positivos às despedidas está na “capacidade de reconhecer o valor do fechamento de um ciclo como condição essencial para a germinação de algo novo”.

    Estar aberto ao que emerge não implica uma ausência de sentimentos como tristeza, frustração ou saudade. Pelo contrário, significa integrar essas emoções como parte da experiência humana transitória, sem permitir que elas escureçam a visão das possibilidades futuras”, diz.

    Ele ressalta que o apego e a dificuldade de se despedir de algum ciclo, seja ele bom ou ruim, estão relacionados ao temor do novo e incerto.

    “Todo fim gesta a promessa de um novo começo. Há uma certa resistência à dor na dificuldade da existência enquanto um fluxo incessante de vivências, onde cada etapa, inclusive o seu término, compõe o último ato, essencial e significativo, de um determinado tempo.”

    Psicólogo com abordagem em terapia cognitivo-comportamental, André Sena Machado acrescenta que encerramentos de ciclos “ativam esquemas emocionais relacionados à perda de controle ou segurança”.

    “A tendência a ruminar sobre o que foi perdido, em vez de focar no presente ou em novas possibilidades, intensifica a resistência. Mesmo mudanças desejadas podem ativar o viés de status quo, onde o conhecido parece mais seguro. Além disso, a antecipação de desconforto emocional leva à evitação.”

    Entender a finitude como inevitável

    Apesar dos desafios emocionais, especialistas afirmam que é possível viver os encerramentos com um pouco mais de leveza. Isso exige um exercício de consciência e presença, que pode ser cultivado por meio de diversas práticas e reflexões sobre a finitude e o agora.

    De acordo com o psicólogo André Sena Machado, a percepção de que tudo é temporário ajuda a focar “no que realmente importa”.

    “A consciência da finitude pode ser um gatilho para práticas de mindfulness, que enfatizam a atenção plena ao momento presente. Técnicas como a respiração consciente também ajudam a se ancorar no agora, reduzindo a ruminação sobre o passado ou a ansiedade sobre o futuro”, explica.

    Para Marcos Torati, a aceitação dos limites temporais da vida transforma nossa forma de viver o presente. Ele destaca que essa consciência nos impulsiona a buscar mais significado e profundidade nas experiências do cotidiano.

    Essa mudança de perspectiva também pode ser libertadora. Ao deixar de lado expectativas externas e ansiedades superficiais, abrimos espaço para uma vida mais autêntica e alinhada com quem realmente somos.

    “Diante da certeza da nossa condição finita, temos a oportunidade de nos desvencilhar de imposições externas. Viver em consonância com nossas inclinações representa um contraponto direto ao extravio na tentativa de satisfazer expectativas alheias”, conclui Torati.

    Ao compreender a vida como uma sucessão de ciclos que se abrem e fecham, olhamos para as despedidas como parte de um fluxo e não como um fim absoluto. É nesse fluxo que está a possibilidade de leveza. Quando, em vez de resistir, aprendemos a acolher o que vai e o que vem.

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