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    A vida em ‘fogo baixo’: o silêncio da anestesia emocional
    (Freepik) Defesa contra a dor que pode levar à depressão
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    Os dias parecem todos iguais. Até mesmo as coisas que antes encantavam ou entristeciam, agora já não afetam mais. Acordar, trabalhar, comer e dormir. Tudo no modo automático. Você está ali, mas parece que não. Funciona, mas não sente. É como se uma névoa tivesse se instalado diante do mundo. Esse sentimento, quando prolongado, tem nome: anestesia emocional

    Essa condição é mais discreta que outros transtornos, como a depressão. Ela não nos impede de viver, mas suga o sentido da vida. É nesse momento que muitas pessoas se veem presas em uma rotina que “dá certo”, mas não satisfaz. O relacionamento está ok. O trabalho, estável. A família, bem. Mas algo por dentro parece gritar em silêncio. Às vezes, é bom não colocar tanto peso em tudo, mas se anestesiar emocionalmente do mundo ao seu redor é um quadro sensível.

    Doutor em psicologia clínica pela PUC-SP, Marcos Torati explica que um dos indicadores da anestesia emocional é a ausência do sentido de vida. “Há a sensação de que ela não vale a pena e parece uma repetição eterna”, diz. “A pessoa perde a dimensão profunda dos seus erros e acertos, então se torna funcional, vivendo em ‘fogo baixo’. Não há tanta alegria, mas também não há grande tristeza ao ponto de incapacitar a vida, como na depressão”, complementa.

    Apatia ou anestesia emocional?

    Existe uma diferença sutil, mas importante, entre uma apatia passageira e uma anestesia emocional profunda. A primeira costuma estar associada a um evento reconhecível, como o fim de relacionamento, uma demissão no trabalho ou o estresse da rotina. A segunda, por sua vez, parece surgir “do nada”.

    “Na apatia pontual é mais fácil identificar uma relação de causalidade. Já a anestesia prolongada tem uma base inconsciente que a pessoa não consegue reconhecer tão prontamente”, explica o psicólogo.

    Além disso, nem sempre os sinais de anestesia emocional são óbvios. Em muitos casos, esse sentimento se manifesta de forma silenciosa, disfarçado em rotinas que funcionam, mas não preenchem. Para Torati, essa sensação pode ser resultado de um mecanismo de defesa comum. Porém, perigoso.

    “A pessoa pode entrar em um estado emocional apático para se defender contra a possibilidade de se frustrar. Porém, é justamente essa defesa contra a dor que pode levar para a depressão”, afirma. Ele ressalta um tipo de paradoxo dessa postura: “É como se a pessoa colocasse a vida no modo econômico para evitar o sofrimento, mas isso também a impede de viver com intensidade.”

    Reaprender a sentir

    No fim das contas, a anestesia emocional pode ser um pedido silencioso de ajuda. Não para voltar a ser como antes, mas para descobrir um novo jeito de sentir. O caminho de volta para uma vida com propósito e bem-estar emocional costuma passar por três áreas: expressão, relação e ação. 

    A expressão pode ser recuperada pela arte: desenhar, escrever, cantar, dançar ou tocar um instrumento abrem pequenas brechas nessa couraça emocional. “É fundamental conseguir se conectar com alguma dimensão artística de forma profunda e, ao mesmo tempo, com sua própria profundidade”, diz Torati.

    A segunda chave está nas relações. No entanto, aquelas que são genuínas. Amizades que acolhem verdades e conversam sem pressa. Neste momento, é interessante procurar relações sociais autênticas, em que a outra pessoa também consiga abordar assuntos mais profundos para além do superficial do cotidiano. Essas relações precisam ter uma dimensão mais íntima para que a pessoa sinta que seus laços sociais acessem uma esfera que ficou desconectada. 

    “É preciso rever as amizades, rever os afetos e rever a modalidade de relação também. As relações podem ser felizes e eufóricas em alguns momentos, mas também precisam ter uma dimensão mais complexa e profunda, em que seja possível discutir, conversar e mapear outros tipos de vínculos e formas de socialização que envolvam alguma esfera íntima”, orienta o psicólogo.

    E por fim, a ação: fazer algo novo, quebrar a rotina, se doar. Às vezes, uma mudança pequena pode abrir espaço para uma nova maneira de ver a vida. “É necessário se alimentar de novos horizontes para sair desse estado”, indica Torati. Dentro desse espectro, há diversas opções, como adotar um animal de estimação, mudar a decoração de casa, apenas alterar o caminho até o trabalho ou começar a estudar algo que sempre quis.

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