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Agosto Branco: só 16% dos casos de câncer de pulmão têm diagnóstico precoce
Mathew MacQuarrie
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O Agosto Branco traz consigo uma missão crucial: a conscientização sobre o câncer de pulmão, que persiste como a principal causa de morte por câncer em homens e o segundo em mulheres.

No Brasil, o diagnóstico em estágios iniciais ocorre em apenas 16% dos casos, ressaltando a urgência de difundir conhecimentos sobre os fatores de risco que podem ser evitados e estratégias de controle e tratamento da doença. Compreender tais abordagens é vital para otimizar as taxas de sucesso no tratamento e enfrentar de maneira efetiva essa modalidade de câncer.

Agosto Branco: um chamado à conscientização

O “Agosto Branco” surge como um mês dedicado à conscientização sobre o câncer de pulmão. O movimento visa educar a população sobre os fatores de risco, estratégias de prevenção e a importância do diagnóstico precoce.

A ênfase recai sobre o tabagismo, principal vilão desse tipo de câncer. Além disso, é uma oportunidade para destacar os avanços no tratamento e as opções terapêuticas disponíveis.

O câncer de pulmão nos cenários mundial e brasileiro

Nas estatísticas globais, o câncer de pulmão se posiciona como o segundo câncer mais prevalente em homens e o terceiro entre as mulheres, segundo a International Agency for Cancer Research (IARC), entidade vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 2020, o cenário projetava mais de 2,2 milhões de novos casos de câncer de pulmão, abarcando 11,4% de todos os casos de câncer, conforme o Observatório Global do Câncer/Globocan 2020.

Direcionando a análise para o Brasil, estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam para mais de 32.560 novos diagnósticos de câncer de pulmão em 2023, sendo 18.020 em homens e 14.540 em mulheres. Entretanto, apenas 16% desses casos são identificados em estágios iniciais (estadiamentos I e II), quando se vislumbra maior possibilidade de cura e tratamentos menos invasivos.

A doença tende a atingir predominantemente indivíduos com idade acima de 65 anos, com registros menos frequentes em faixas etárias abaixo dos 45 anos, segundo a American Cancer Society (ACS).

A complexidade da detecção e fatores de risco

O diagnóstico do câncer de pulmão engloba uma abordagem multifacetada, envolvendo exames clínicos, de imagem, broncoscopia, biópsias e testes moleculares. “A taxa média de sobrevivência em cinco anos para todos os tipos de câncer de pulmão somados, independentemente do gênero ou estadiamento, é de aproximadamente 20%. Significa que apenas duas pessoas de um grupo de dez com câncer de pulmão estarão vivas em cinco anos. Para casos iniciais, a taxa de cura atinge cerca de 55% a 60% em cinco anos, apresentando uma diferença marcante”, diz o médico e cirurgião oncológico Cézar Augusto Galhardo, presidente da regional do Mato Grosso do Sul da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO-MS) e vice-coordenador da Comissão de Neoplasias Torácicas da SBCO.

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O tabagismo, inegavelmente, constitui o principal fator de risco, respondendo por 85% dos casos, abarcando diversas formas, como cigarro, charuto, cachimbo e narguilé.  Nesse campo, a ameaça mais recente é o cigarro eletrônico, especialmente entre os mais jovens. “Os estudos estão mostrando os riscos desse dispositivo, que expõe o constante esforço da indústria do tabaco em manter um ciclo de vício. Os cigarros eletrônicos podem ter concentrações variadas de nicotina, elevando muito as quantidades dessa substância no organismo, e outras substâncias tóxicas especialmente ao pulmão. Devemos também ficar alertas inclusive para uma possível vaporização de metais pesados, um risco que não deve ser subestimado”, adverte Galhardo.

Além disso, a exposição ao radônio, amianto e outros agentes cancerígenos contribui para a incidência dessa doença.

Impacto e necessidade de prevenção

A prevenção emerge como pilar fundamental no enfrentamento do câncer de pulmão, adotando estratégias primárias e secundárias. A promoção de hábitos saudáveis e a redução da exposição a fatores de risco integram a prevenção primária. Já a triagem e detecção precoce focam-se em grupos de maior risco.

A poluição do ar também se insere nesse contexto, sendo responsável por uma parcela das mortes por câncer de pulmão nos Estados Unidos. No Brasil, estudos ligam a exposição a partículas finas do ar a elevação dos riscos.

Perspectivas terapêuticas e a importância da detecção precoce

A abordagem terapêutica abrange diversos métodos, desde cirurgias até medicamentos inovadores, como terapias-alvo e imunoterapia. A identificação de tumores em estágios iniciais aprimora o prognóstico. Programas de rastreamento, já implementados em outros países, ganham destaque na detecção precoce. A conscientização e acesso a tratamentos avançados moldam uma trajetória de enfrentamento mais eficaz.

“A taxa média de sobrevivência em cinco anos para todos os tipos de câncer de pulmão somados, independentemente do gênero ou estadiamento, é de aproximadamente 20%. Significa que apenas duas pessoas de um grupo de dez com câncer de pulmão estarão vivas em cinco anos. Para casos iniciais, a taxa de cura atinge cerca de 55% a 60% em cinco anos, apresentando uma diferença marcante”, explica Galhardo.

“Isso quer dizer que, se forem diagnosticadas precocemente, seis entre dez pessoas poderão vivenciar a recuperação por meio de terapias menos invasivas, com menores sequelas e custos consideravelmente mais acessíveis”, ressalta o especialista.

*Com informações da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) 

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