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Progresso: a vida sempre se renova
Eugene Zhyvchik | Unsplash
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O progresso humano é um mito. E a esperança de que a tecnologia possa nos livrar dos desastres do mundo natural é apenas uma versão atualizada da salvação prometida pela religião.

De acordo com o filósofo inglês John Gray, o grande paradoxo moderno é a ideia do progresso. No que toca a vertente econômica, vários teóricos já chamaram a atenção para os prejuízos — e mesmo a inviabilidade desse modelo. Por outro lado, na nossa vida, experimentamos o mesmo efeito danoso da ideia do progresso. Somos cobrados para ambicionar mais, para ter sempre mais, numa fonte permanente de desgaste e frustração.

Dessa forma, todos os dias somos desafiados a — tal como Sísifo — rolar a pedra montanha acima. Contudo, apesar de muitas vezes nos darmos conta da inutilidade da tarefa, continuamos a repeti-la porque a ideia do progresso está entranhada em nós. E os rebeldes que decidem renunciar ao trabalho infrutífero? São atormentados pela ideia da estagnação. Não há saída. Entretanto, vem ao nosso socorro, as ideias de John Gray.

Segundo ele, essa é um preocupação desnecessária e não deveria nos atormentar. Os progressos e os retrocessos estão sempre acontecendo e não dependem de nós. Eles fazem parte do fluxo normal da história, do fluxo normal da vida.

Sobre o filósofo

O inglês John Gray é um dos mais renomados filósofos da atualidade. Suas ideias abarcam desde a política mundial até a nossa mais profunda humanidade. Ele antecipou eventos globais como a queda do comunismo, o desastre do pós-guerra no Iraque e a crise financeira de 2008. Polêmico, Gray é conhecido pelas suas críticas ao humanismo e a ideia vigente de que somos humanos. Ele defende precisamente o contrário: “Se olharmos bem para o espelho, veremos um animal”, diz ele. Em seu livro Straw Dogs: Thoughts on Human and Other Animals (não editado no Brasil) ele demonstra essa  tese com uma revisão multidisciplinar da história da humanidade.

John Gray lecionou filosofia na Universidade de Oxford e atualmente é professor da cátedra Pensamento Europeu na London School of Economics.

(Em tempo: não confundir o filósofo inglês John Gray, com o conselheiro de relacionamentos norte-americano John Gray, autor do best seller Homens são de Marte, mulheres são de Vênus (Editora Rocco)

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