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Nossa terra, nossos caminhos
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A conexão com a terra é essencial para nos tornarmos pessoas menos egoístas e mais abertas ao outro

“Eu acreditava que os principais problemas ambientais eram perda de biodiversidade, colapso de ecossistemas e aquecimento global. (…) Eu estava errado. Os principais problemas ambientais são egoísmo, ganância e apatia.” As palavras do ambientalista americano James Speth trazem à tona o fio condutor que entrelaça a maior parte dos desafios desta era: nossos valores e comportamento estão no cerne da questão.

Ouvi a fala de Speth na voz de um jovem maori durante a conferência New Frontiers. O evento reuniu empreendedores e ativistas com o objetivo de buscar soluções para problemas globais a partir da Nova Zelândia. Foram cinco dias de esperança e conexão profunda com um grupo que se destaca pela competência e clareza quanto ao delicado momento que vivemos.

O New Frontiers foi criado com o apoio de Matthew e Brian Monahan, empreendedores do Vale do Silício que foram para a Nova Zelândia com a intenção de ajudar o país a tornar-se uma incubadora para enfrentar desafios planetários. Durante a conferência foi lançada a Edmund Hillary Fellowship, um programa que conseguiu apoio do governo e a criação de um visto com condições flexíveis para empreendedores de impacto global. A ideia é atrair talentos para um programa que fomenta iniciativas sociais e empreendimentos que possam ganhar escala mundial.

Laços

Deixei o encontro, convencido de que tecer comunidades e estreitar os laços entre as pessoas, por meio da escuta profunda e alteridade, é o caminho para endereçar os complexos e entrelaçados desafios de nossa era.

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Poucos dias depois, segui para o Enspiral Festival, encontro da rede da qual faço parte na Nova Zelândia. A cada seis meses, nos encontramos para compartilhar experiências. Dessa vez, eu e Sandra, minha companheira, levamos nossas filhas, Clara, 14, e Júlia, 11. Foi o primeiro retiro delas. Que experiência especial, tanto para elas quanto para a comunidade, vê-las participar das dinâmicas e discussões sobre como nos posicionarmos quanto aos desafios de nossa comunidade e planeta. Durante três dias, reunimos uma trupe com gente vinda da Coreia, África do Sul, EUA e Brasil. Com o peito cheio de esperanças entendi que festivais e retiros marcam um ritmo em nossa vida tão carente de rituais e celebrações.

Esse tempo de estar junto em comunidades intencionais cria uma brecha na rotina atarefada para nos apropriarmos de nossa gente, nossa Terra e para onde vamos. Apesar de termos pai e mãe, somos em geral órfãos. Nascemos sem ancestralidade, sem conexão com comunidades e tradições. A ausência de rituais e conexão me parece diretamente ligada ao egoísmo, ganância e apatia que corroem nossa Terra.

Lucas Tauil de Freitas foi adotado, primeiro pelo mar e agora pela terra, e se sente em família.

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