Mudanças climáticas são alertas para mudar hábitos; veja o que fazer
Mudanças climáticas que acometem nosso planeta são um alerta de que precisamos mudar nossos hábitos; veja ações que você pode tomar
- Como são medidas as mudanças climáticas
- Caminhadas evitam as emissões de carbono
- Priorize andar de bike no lugar do carro
- Fortaleça juventudes que lutam contra mudanças climáticas
- Priorize uma dieta à base de plantas
- Apoie os povos indígenas, verdadeiros guardiões da floresta
- Faça refeições sem desperdícios
- Plante árvores por aí
- Informação que transforma
- Venha somar na greve pelo clima
O clima do planeta anda diferente. E não é de hoje. As mudanças climáticas e seus eventos extremos como enchentes, deslizamentos de terra e longos períodos de seca, por exemplo, há décadas figuram no noticiário por aqui.
Talvez por isso, para algumas pessoas ainda é um pouco difícil compreender que o colapso do clima é um tema realmente urgente e de grande relevância.
Mas é fato que os efeitos das alterações no regime climático global estão ficando cada vez mais frequentes e agudos.
O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em abril de 2022, alerta para o ritmo acelerado do problema.
O estudo, feito por 278 cientistas de 65 países, mostra que o mundo tem apenas três anos para agir com firmeza e atingir o pico de emissões de gases do efeito estufa (GEE) se quiser manter o aumento da temperatura do planeta bem abaixo dos 2 °C estabelecidos no Acordo de Paris.
Esse patamar é fundamental e foi definido no compromisso internacional construído para garantir um futuro com baixa emissão de carbono, resiliência e justiça climática para todas as pessoas.
Como são medidas as mudanças climáticas
Assunto complicado? Calma, vamos por partes. Sabemos que a emissão de certos gases, em especial o dióxido de carbono (CO2), tem agravado o efeito estufa.
Esse fenômeno na tural é responsável por gerar uma camada de gases na atmosfera terrestre que mantém o planeta sob certas condições de temperatura fundamentais à vida.
O problema é que o aumento na concentração de GEE não é bom para ninguém. E desde a Revolução Industrial a ação humana sobre o planeta vem mexendo nesse equilíbrio natural da Terra.
São grandes responsáveis nessa história: a intensa queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão mineral), atividades agropecuárias, queimadas e o desmatamento de florestas.
Então, para reverter esse quadro, é preciso reduzir nossas emissões. “Nesse sentido, as cidades são peça-chave, já que o setor de transportes é responsável por entre 40% e 60% das emissões“, afirma Paula Manoela dos Santos, gerente de mobilidade ativa do instituto de pesquisa WRI Brasil.
E, no planeta, cada um de nós tem seu papel. “Não adianta esperar que apenas governos e empresas façam algo. Embora suas ações tenham muito impacto, todos precisam participar, e isso é algo que não requer grandes esforços”, frisa Felipe Seffrin, coordenador de comunicação do Instituto Akatu, de consumo consciente.
Engajar-se como parte da solução é uma missão de todos e, como mostram os nove projetos a seguir, pode ser algo bem prazeroso.
Caminhadas evitam as emissões de carbono
Redesenhar as cidades para priorizar outros modos de transporte é fundamental para reduzir o consumo de combustíveis fósseis.
Cidades como Paris, Detroit e Barcelona, por exemplo, têm abraçado o conceito conhecido como “cidade de 15 minutos”.
Nesse modelo, o acesso aos serviços básicos, trabalho, lazer e cultura está a uma distância de um quarto de hora de seus moradores.
Um estímulo e tanto para deixar o carro em casa e caminhar mais. No Brasil, o SampaPé nasceu em 2012 como um coletivo que organizava passeios a pé pela capital paulista.
A ONG atuava para incentivar cidades mais caminháveis, saudáveis e sustentáveis. O site da organização ofereceu material didático, dicas de segurança para pedestres e estratégias para ajudar sua cidade a ser mais amigável nesse modal.
Priorize andar de bike no lugar do carro
Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apenas 7% dos brasileiros usam a bicicleta como meio de transporte principal.
Mas, com a pandemia, esse número vem crescendo em várias cidades. Curitiba, por exemplo, registrou alta de 31% na comparação entre 2019 e 2021.
Para quem pensa no assunto, mas não sabe pedalar ou tem medo do trânsito da cidade, o pessoal da Bike Anjo (@bikeanjo) pode ajudar.
A ideia da ONG, criada em 2010 em São Paulo, é simples: ciclistas mais experientes (bike anjos) ensinam os novatos a pedalar com mais segurança.
Na plataforma online, você pode se cadastrar e pedir ajuda a um dos mais de 8.500 voluntários espalhados pelo Brasil, que ensinam a pedalar, indicam rotas e fazem acompanhamento no trânsito. E, quem sabe, virar mais um bike anjo na rede.
Fortaleça juventudes que lutam contra mudanças climáticas
As mudanças climáticas afetam o futuro das próximas gerações e os jovens sabem disso. Em 2012, durante a Conferência da ONU em Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, surgiu o Engajamundo (@engajamundo).
Trata-se de uma organização de liderança jovem (entre 18 e 29 anos) que acredita na atuação da juventude para enfrentar os grandes desafios socioambientais do Brasil e do planeta.
Para isso, a entidade oferece formações em ferramentas práticas de ação para fazer a diferença. E dá para se engajar de duas maneiras: se você tem até 29 anos, pode se inscrever no site da iniciativa e escolher um dos cinco grupos de trabalho disponíveis, que envolvem desde participação em conferências até ativismo online e offline.
Já se você tem 30 anos ou mais, pode apoiar financiando as ações do grupo por meio de doação mensal.
Priorize uma dieta à base de plantas
A indústria da carne no Brasil está muito associada a queimadas e desmatamentos, principalmente na Amazônia e no Cerrado. Prova disso é que 73% das emissões de GEE têm origem nesses impactos ambientais e nas atividades agropecuárias.
Para se ter uma ideia, a cada R$ 1 milhão de lucro com a pecuária são gerados R$ 22 milhões em prejuízos ambientais.
Reduzir o consumo de carne é um jeito de não compactuar com essa degradação e de pressionar produtores a adotar práticas e manejos mais sustentáveis.
Para começar, você pode aderir à campanha Segunda Sem Carne (@segundasemcarne), presente em mais de 40 países, que incentiva refeições livres de proteína animal uma vez por semana.
No site da Sociedade Vegetariana Brasileira, há receitas saborosas, dicas de nutrição e informações para uma dieta à base de plantas.
Apoie os povos indígenas, verdadeiros guardiões da floresta
Povos indígenas são apenas 5% da população global e ocupam 28% da superfície terrestre, mas protegem 80% da biodiversidade mundial.
Não à toa são considerados os guardiões das florestas. Na Amazônia, são os povos indígenas que defendem a natureza contra queimadas, desmatamento, garimpo ilegal e tráfico de animais silvestres.
Quando o assunto é a mudança climática, apoiar e proteger os povos indígenas é tarefa essencial e está no cerne das atividades do Instituto Socioambiental (ISA) (@socioambiental).
Há mais de 20 anos, a ONG atua no Brasil defendendo o desenvolvimento do país e com ênfase nos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais.
É possível contribuir mensalmente com o ISA, apoiando, assim, os diversos programas e projetos, além da produção de conteúdo de alta qualidade.
Faça refeições sem desperdícios
Cerca de 8% das emissões mundiais de gases de efeito estufa têm origem no desperdício de alimentos, que ocorre na colheita, no abate, na indústria, na distribuição e no consumo.
Além das perdas de recursos naturais, o processo de decomposição dos alimentos também emite GEE. Por isso, é importante planejar o cardápio da semana, dar preferência aos vegetais da época, não desprezar itens fora do padrão estético e usar integralmente os alimentos.
Além disso, você pode participar de iniciativas como o Comida Invisível (@comidainvisivel), que conecta quem precisa de comida com empresas e pessoas dispostas a doar suas sobras com segurança.
Sim, doar comida é permitido no Brasil: basta se cadastrar para receber ou doar e o aplicativo liga os interessados, que combinam entre si a entrega.
Plante árvores por aí
Árvores absorvem CO2 durante o processo da fotossíntese, o que torna as florestas os maiores estoques de carbono do mundo.
No Brasil, a vegetação que em 1985 ocupava 69% do território, em 2018 cobriam 59%. E o desmatamento ilegal está longe de ser contido.
Por isso, plantar árvores é remédio, sempre, em diferentes escalas. Você pode plantar na praça perto da sua casa, no quintal, onde puder ajudar a deixar sua cidade mais verde.
Mas também pode apoiar projetos de conservação e plantio de árvores na sua região. O movimento global Plant for the Planet (@plantfortheplanet_official), por exemplo, planta árvores para combater os efeitos da crise climática e você pode participar dos projetos, ser um embaixador ou fazer doações.
Informação que transforma
É até difícil de acreditar, mas há quem diga que as mudanças climáticas não existem, e as fake news sobre o tema estão por toda parte.
Por isso, vale a pena ter cuidado e buscar dados de entidades sérias e confiáveis. Uma boa fonte é o Observatório do Clima (@observatoriodoclima), uma rede articulada de entidades da sociedade civil.
Essas instituições discutem o tema e se organizam para pressionar o governo brasileiro a cumprir compromissos e criar políticas públicas de mitigação dos efeitos do colapso climático.
Uma de suas ações é o site fakebook.eco.br, que desmistifica dez mentiras relacionadas ao assunto, como a que diz que o aquecimento global não é causado pela ação humana. Você também pode valorizar o trabalho deles apoiando e divulgando seus projetos.
Venha somar na greve pelo clima
As mudanças que precisamos fazer exigem ação concreta, empenho e barulho para chacoalhar o mundo. Pensando assim, participar de movimentos sociais, protestos, passeatas e outras expressões de ações não violentas pode ser interessante.
A jovem sueca Greta Thunberg sabe disso desde 2019, quando liderou a Greve Global pelo Clima e levou milhões de pessoas às ruas de cidades em todo o mundo.
Um ano antes, ela inspirou a criação do Fridays For Future (@fridaysforfuture), um movimento de jovens ativistas que protestaram por três semanas em frente ao parlamento sueco contra a inação do governo diante da crise climática.
No site do movimento você encontra as atividades organizadas pelo Brasil e escolhe como participar.
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GIULIANA CAPELLO é jornalista ambiental, vegetariana, permacultora e está constantemente mudando hábitos para cuidar do planeta.
Conteúdo publicado originalmente na Edição 244 da Vida Simples
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