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Mudanças climáticas são alertas para mudar hábitos; veja o que fazer
ILUSTRAÇÃO: TIAGO GOUVÊA • @TGOUVEA
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O clima do planeta anda diferente. E não é de hoje. As mudanças climáticas e seus eventos extremos como enchentes, deslizamentos de terra e longos períodos de seca, por exemplo, há décadas figuram no noticiário por aqui.

Talvez por isso, para al­gumas pessoas ainda é um pouco difícil com­preender que o colapso do clima é um tema realmente urgente e de grande relevância.

Mas é fato que os efeitos das alterações no re­gime climático global estão ficando cada vez mais frequentes e agudos.

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudan­ças Climáticas (IPCC), divulgado em abril de 2022, alerta para o ritmo acelerado do problema.

O estudo, feito por 278 cientistas de 65 pa­íses, mostra que o mundo tem apenas três anos para agir com firmeza e atingir o pico de emissões de gases do efeito estufa (GEE) se quiser manter o aumento da temperatura do planeta bem abaixo dos 2 °C estabelecidos no Acordo de Paris.

Esse patamar é fundamental e foi definido no compromisso internacional construído para garantir um futuro com bai­xa emissão de carbono, resiliência e justiça climática para todas as pessoas.

Como são medidas as mudanças climáticas

Assunto complicado? Calma, vamos por par­tes. Sabemos que a emissão de certos gases, em especial o dióxido de carbono (CO2), tem agravado o efeito estufa.

Esse fenômeno na­ tural é responsável por gerar uma camada de gases na atmosfera terrestre que mantém o planeta sob certas condições de temperatu­ra fundamentais à vida.

O problema é que o aumento na concentração de GEE não é bom para ninguém. E desde a Revolução Industrial a ação humana sobre o planeta vem mexendo nesse equilíbrio natural da Terra.

São grandes responsáveis nessa história: a intensa quei­ma de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão mineral), atividades agropecuárias, queimadas e o desmatamento de florestas.

Então, para reverter esse quadro, é preci­so reduzir nossas emissões. “Nesse sentido, as cidades são peça-chave, já que o setor de transportes é responsável por entre 40% e 60% das emissões“, afirma Paula Manoela dos Santos, gerente de mobilidade ativa do instituto de pesquisa WRI Brasil.

E, no plane­ta, cada um de nós tem seu papel. “Não adian­ta esperar que apenas governos e empresas façam algo. Embora suas ações tenham muito impacto, todos precisam participar, e isso é algo que não requer grandes esforços”, frisa Felipe Seffrin, coordenador de comunicação do Instituto Akatu, de consumo consciente.

Engajar-se como parte da solução é uma mis­são de todos e, como mostram os nove proje­tos a seguir, pode ser algo bem prazeroso.

Caminhadas evitam as emissões de carbono

Ações contra mudanças climáticas globais - Mulher caminhando

Redesenhar as cidades para prio­rizar outros modos de transpor­te é fundamental para reduzir o consumo de combustíveis fós­seis.

Cidades como Paris, Detroit e Barcelona, por exemplo, têm abraçado o conceito conhecido como “cidade de 15 minutos”.

Nesse modelo, o acesso aos ser­viços básicos, trabalho, lazer e cultura está a uma distância de um quarto de hora de seus mora­dores.

Um estímulo e tanto para deixar o carro em casa e cami­nhar mais. No Brasil, o SampaPé nasceu em 2012 como um coletivo que organizava passeios a pé pela capital paulis­ta.

A ONG atuava para incen­tivar cidades mais caminháveis, saudáveis e sustentáveis. O site da organização ofereceu material didático, dicas de segurança para pedestres e estratégias para aju­dar sua cidade a ser mais amigá­vel nesse modal.

Priorize andar de bike no lugar do carro

Ações contra mudanças climáticas globais - Mulher de bicicleta

Segundo levantamento do Institu­to de Pesquisa Econômica Aplica­da (IPEA), apenas 7% dos brasi­leiros usam a bicicleta como meio de transporte principal.

Mas, com a pandemia, esse número vem cres­cendo em várias cidades. Curitiba, por exemplo, registrou alta de 31% na comparação entre 2019 e 2021.

Para quem pensa no as­sunto, mas não sabe pedalar ou tem medo do trânsito da cidade, o pessoal da Bike Anjo (@bikeanjo) pode ajudar.

A ideia da ONG, cria­da em 2010 em São Paulo, é sim­ples: ciclistas mais experientes (bike anjos) ensinam os novatos a pedalar com mais segurança.

Na plataforma online, você pode se cadastrar e pedir ajuda a um dos mais de 8.500 voluntários espa­lhados pelo Brasil, que ensinam a pedalar, indicam rotas e fazem acompanhamento no trânsito. E, quem sabe, virar mais um bike anjo na rede.

Fortaleça juventudes que lutam contra mudanças climáticas

Ações contra mudanças climáticas globais - Apoiar as juventudes

As mudanças climáticas afetam o futuro das próximas gerações e os jo­vens sabem disso. Em 2012, du­rante a Conferência da ONU em Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, surgiu o Engajamundo (@engajamundo).

Trata-se de uma organiza­ção de liderança jovem (entre 18 e 29 anos) que acredita na atuação da juventude para enfrentar os grandes desafios socioambientais do Brasil e do planeta.

Para isso, a entidade oferece formações em ferramentas práticas de ação para fazer a diferença. E dá para se en­gajar de duas maneiras: se você tem até 29 anos, pode se inscre­ver no site da iniciativa e escolher um dos cinco grupos de trabalho disponíveis, que envolvem des­de participação em conferências até ativismo online e offline.

Já se você tem 30 anos ou mais, pode apoiar financiando as ações do grupo por meio de doação men­sal.

Priorize uma dieta à base de plantas

Ações contra mudanças climáticas globais - Alimentação diversa

A indústria da carne no Brasil está muito associada a queimadas e desmatamentos, principalmente na Amazônia e no Cerrado. Prova disso é que 73% das emissões de GEE têm origem nesses impactos ambientais e nas atividades agro­pecuárias.

Para se ter uma ideia, a cada R$ 1 milhão de lucro com a pecuária são gerados R$ 22 mi­lhões em prejuízos ambientais.

Reduzir o consumo de carne é um jeito de não compactuar com essa degradação e de pressionar pro­dutores a adotar práticas e mane­jos mais sustentáveis.

Para come­çar, você pode aderir à campanha Segunda Sem Carne (@segunda­semcarne), presente em mais de 40 países, que incentiva refeições livres de proteína animal uma vez por semana.

No site da Sociedade Vegetariana Brasileira, há receitas saborosas, dicas de nutrição e in­formações para uma dieta à base de plantas.

Apoie os povos indígenas, verdadeiros guardiões da floresta

Ações contra mudanças climáticas globais - Apoiar povos indígenas

Povos indígenas são apenas 5% da população global e ocupam 28% da superfície terrestre, mas protegem 80% da biodiversidade mundial.

Não à toa são considerados os guardiões das florestas. Na Amazônia, são os povos indígenas que defendem a natureza contra queimadas, desmatamento, garimpo ilegal e tráfico de animais silvestres.

Quando o assunto é a mudança climática, apoiar e proteger os povos indígenas é tarefa essencial e está no cerne das atividades do Instituto Socioambiental (ISA) (@socioambiental).

Há mais de 20 anos, a ONG atua no Brasil defendendo o desenvolvimento do país e com ênfase nos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais.

É possível contribuir mensalmente com o ISA, apoiando, assim, os diversos programas e projetos, além da produção de conteúdo de alta qualidade.

Faça refeições sem desperdícios

Ações contra mudanças climáticas globais - Doação de alimentos

Cerca de 8% das emissões mundiais de gases de efeito estufa têm origem no desperdício de alimentos, que ocorre na colheita, no abate, na indústria, na distribuição e no consumo.

Além das perdas de recursos naturais, o processo de decomposição dos alimentos também emite GEE. Por isso, é importante planejar o cardápio da semana, dar preferência aos vegetais da época, não desprezar itens fora do padrão estético e usar integralmente os alimentos.

Além disso, você pode participar de iniciativas como o Comida Invisível (@comidainvisivel), que conecta quem precisa de comida com empresas e pessoas dispostas a doar suas sobras com segurança.

Sim, doar comida é permitido no Brasil: basta se cadastrar para receber ou doar e o aplicativo liga os interessados, que combinam entre si a entrega.

Plante árvores por aí

Ações contra mudanças climáticas globais - Plantar árvores diversas

Árvores absorvem CO2 durante o processo da fotossíntese, o que torna as florestas os maiores estoques de carbono do mundo.

No Brasil, a vegetação que em 1985 ocupava 69% do território, em 2018 cobriam 59%. E o desmatamento ilegal está longe de ser contido.

Por isso, plantar árvores é remédio, sempre, em diferentes escalas. Você pode plantar na praça perto da sua casa, no quintal, onde puder ajudar a deixar sua cidade mais verde.

Mas também pode apoiar projetos de conservação e plantio de árvores na sua região. O movimento global Plant for the Planet (@plantfortheplanet_official), por exemplo, planta árvores para combater os efeitos da crise climática e você pode participar dos projetos, ser um embaixador ou fazer doações.

Informação que transforma

Ações contra mudanças climáticas globais - Ativismo nas redes sociais

É até difícil de acreditar, mas há quem diga que as mudanças cli­máticas não existem, e as fake news sobre o tema estão por toda parte.

Por isso, vale a pena ter cui­dado e buscar dados de entida­des sérias e confiáveis. Uma boa fonte é o Observatório do Clima (@observatoriodoclima), uma rede articulada de entidades da sociedade civil.

Essas instituições discutem o tema e se organizam para pressio­nar o governo brasileiro a cumprir compromissos e criar políticas públicas de mitigação dos efeitos do colapso climático.

Uma de suas ações é o site fakebook.eco.br, que desmistifica dez mentiras relacio­nadas ao assunto, como a que diz que o aquecimento global não é causado pela ação humana. Você também pode valorizar o trabalho deles apoiando e divulgando seus projetos.

Venha somar na greve pelo clima

Ações contra mudanças climáticas globais - Greve global pelo clima

As mudanças que precisamos fazer exigem ação concreta, em­penho e barulho para chacoalhar o mundo. Pensando assim, par­ticipar de movimentos sociais, protestos, passeatas e outras ex­pressões de ações não violentas pode ser interessante.

A jovem sueca Greta Thunberg sabe dis­so desde 2019, quando liderou a Greve Global pelo Clima e levou milhões de pessoas às ruas de ci­dades em todo o mundo.

Um ano antes, ela inspirou a criação do Fridays For Future (@fridaysfor­future), um movimento de jovens ativistas que protestaram por três semanas em frente ao parla­mento sueco contra a inação do governo diante da crise climáti­ca.

No site do movimento você encontra as atividades organi­zadas pelo Brasil e escolhe como participar.

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GIULIANA CAPELLO é jornalista ambiental, vegetariana, permacultora e está constantemente mudando hábitos para cuidar do planeta.


Conteúdo publicado originalmente na Edição 244 da Vida Simples

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