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    É possível mudar a personalidade ou só um traço aqui e ali?
    (Fotos: Freepik) Mudar personalidade é algo difícil, mas é importante ajustar comportamentos prejudiciais
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    Cada pessoa tem seu jeito. Um modo de falar, se relacionar, se expressar, se vestir. Padrões de funcionamento cognitivo, comportamental e emocional que formam o que somos e como lidamos com o mundo. “Ah, é o jeito dele!”. Quem nunca falou ou escutou essa frase quando alguém, já conhecido pela falta de pontualidade, atrasou novamente? Ou então ao ver um amigo muito paciente e outro de perfil super sério resolvendo um atrito da sua própria maneira. Essa é a tal da personalidade.

    Ela pode ter aspectos bons e ruins. Aquele jeitinho que agrada uns e desagrada outros. Afinal, há personalidades que combinam com certos comportamentos, e outras que se dão bem com diferentes perfis. E o jeito de ser, ou a personalidade, não surge do nada.

    Professora de psicologia da PUC-Campinas (Universidade Católica de Campinas), Tatiana de Cassio Nakano explica que a personalidade é formada por diversos aspectos. “Existem fatores genéticos e influências externas, como condições ambientais, de educação, de cultura e eventos de vida que a moldam, inclusive traumas.

    De acordo com a docente, os traços de personalidade são importantes porque ajudam a entender como uma pessoa se relaciona com outras, além de influenciar aspectos fundamentais da vida, como o desempenho no trabalho e na escola, o bem-estar emocional, a qualidade de vida, a longevidade, além da saúde física e mental.

    Afinal, conseguimos mudar a personalidade?

    Há trejeitos próprios que incomodam até nós mesmos, imagina os outros. Quando percebemos, damos de cara com o espelho. Um reflexo do que somos e mostramos para o mundo em uma só palavra: personalidade. Mudar alguns traços é até possível, mas há uma base formada com o passar do tempo que permanece. É como um quadro que, aos poucos, traçamos linhas com um pincel para tentar aperfeiçoar, mas que não dá para apagar e começar do zero.

    Mudar traços de personalidade é como ajustar detalhes de um quadro

    O desenvolvimento da personalidade começa na infância, com o resultado de um processo gradual e constante de amadurecimento que ocorre de forma mais acelerada até os 7 anos. Durante a adolescência, os traços podem oscilar e ser instáveis até o fim do período. Embora não haja consenso, estudos indicam que os traços mudam até perto dos 30 anos. Outros pesquisadores acreditam que eles podem se alterar até o final da vida como decorrência da maturidade.

    Professor do programa de pós-graduação em psicologia da UFS (Universidade São Francisco), Lucas de Francisco Carvalho confirma que existe essa tendência à estabilidade. “Caso contrário, acordaríamos um ser diferente a cada dia.”

    “Todos temos um conjunto de características psicológicas que formam um perfil. Uma pessoa pode ser mais extrovertida ou introvertida. Mais organizada ou menos organizada. Mais ou menos impulsiva, e assim por diante. Esses traços são manifestados em hábitos e, além disso, são características adaptativas. Ajustá-las facilita a relação com as demandas do dia a dia. Das mais simples às mais complexas.”

    Com treinamentos de competências socioemocionais, podemos até ser mais pontuais, um pouco menos apegados, mais calmos ou menos impulsivos, mas mudar completamente a personalidade é bem difícil. “Um exemplo: é improvável que uma pessoa altamente introvertida venha a se tornar extremamente extrovertida. Isso, em geral, não ocorre”, diz o docente.

    Tatiana ressalta que traços mais amplos, como a amabilidade – indivíduos mais amáveis, gentis, solidários e empáticos –, são mais estáveis e resistentes à mudança. E isso também vem com o tempo: a famosa maturidade.

    “De modo geral, é mais comum observar o aumento da amabilidade e da conscienciosidade – traços associados à responsabilidade, autocontrole e organização – ao longo da vida. Por outro lado, o neuroticismo – instabilidade emocional – e a extroversão tendem a diminuir como resultado da adaptabilidade. As pessoas costumam se tornar cada vez mais confiantes, responsáveis e maduras. Escolhem se envolver menos em situações de risco e a impulsividade diminui”, explica a professora.

    Dicas para melhorar algo que te incomoda

    Traços de personalidade que levam a hábitos cotidianos podem afetar de forma negativa a vida da própria pessoa e daqueles que convivem com ela. De acordo com Carvalho, esses comportamentos, apesar de não configurarem um transtorno, podem ser disfuncionais e merecem atenção. A chave está no autoconhecimento e na adoção de pequenas mudanças de rotina que, com o tempo, geram transformações. Confira abaixo algumas estratégias práticas para quem deseja melhorar, aos poucos, esses comportamentos:

    • Aposte no autoconhecimento: entender como você funciona é o primeiro passo. Identifique o que te prejudica. Se possível, com o acompanhamento de um profissional que ajude a reconhecer padrões e dificuldades;
    • Monitore seus comportamentos: anote ou reflita sobre o que você fez para melhorar, o que funcionou e o que pode ser ajustado. Esse exercício favorece a consciência e a tomada de decisões mais assertivas;
    • Repare no ambiente e nas pessoas ao seu redor: nosso jeito de agir muitas vezes é influenciado pelo lugar onde estamos e com quem convivemos. Perceber isso ajuda a entender nossos comportamentos e também a ter mais empatia com os dos outros;
    • Tenha paciência: mudanças reais não acontecem do dia para a noite. É importante manter a consistência e olhar para o progresso ao longo de meses, e não de dias.

    Quando a situação é mais séria

    A personalidade pode ser classificada em dois grupos: funcionamento adaptativo e patológico. No primeiro, há uma dinâmica psicológica flexível que se ajusta bem ao ambiente externo. O segundo é um padrão rígido de atuação, com condutas inadequadas e pouco compatíveis com as exigências do meio em que ela está inserida.

    “Nem sempre o funcionamento patológico da personalidade é percebido pela própria pessoa, mas pode causar sofrimento naqueles que estão ao redor”, diz Tatiana.

    Por exemplo, uma pessoa com altos níveis de neuroticismo tende a ser mais propensa à ansiedade, à irritabilidade, à vulnerabilidade emocional e pode apresentar maior dificuldade para lidar com situações estressantes. 

    Carvalho acrescenta que o indivíduo pode, de forma consciente e intencional, trabalhar para promover mudanças em casos clínicos. “Quando se trata de traços que causam prejuízos importantes e podem ser considerados patológicos. Esse processo é possível e fundamental com apoio profissional.”

    Tatiana afirma que há a possibilidade de utilizar “ferramentas de enfrentamento adequadas” e “desenvolver um bom repertório de habilidades sociais com ajuda da psicoterapia”. “A pessoa pode reduzir as dificuldades associadas a um alto nível de neuroticismo, o que favorece o desenvolvimento de padrões mais adaptativos de expressão emocional.”

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