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Ciúmes e raiva: como lidar com problemas em um relacionamento?
Justin Follis
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Na literatura, no cinema ou na música, ele sempre foi um dos protagonistas: o amor é um tema que nunca sai de moda. Isso porque o sentimento universal é um dos mais buscados e, ao mesmo tempo, mais temidos. Afinal, como diria Djavan, “amar é um deserto e seus temores”.

Relacionamento maduro vem com dificuldades

Para fora das telas e longe das idealizações, o amor não vem tão fácil com o sonhado final feliz. Na vida adulta, construir um relacionamento duradouro e saudável requer cuidados e constante manutenção. Depois do começo do relacionamento, momento em que a paixão inicial nos mostra apenas o que há de bom, as partes difíceis chegam e, com elas, os conflitos.

“A segunda fase de um relacionamento, geralmente a mais longa, é a do conflito. […] A imagem romântica é substituída pela realidade”, explica David Richo, autor do livro Como ser adulto nos relacionamentos. Segundo o professor e escritor, quando os conflitos começam a aparecer em um relacionamento, características negativas como mesquinhez, abuso ou egoísmo ficam mais claros em nossos parceiros – e em nós mesmos.

Divulgação

Para ter um relacionamento maduro, é preciso confrontar algumas características próprias, e aprender a lidar com emoções negativas que podem surgir ao dividir a vida com alguém.

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Diferentes formas de amar e ser amado

Para pessoas introvertidas e extrovertidas, o jeito de demonstrarem afeto pode mudar. Ao se relacionar com alguém que tenha a forma oposta à sua de amar, é preciso compreender as diferenças e trabalhar juntos para uma maior harmonia.

Em seu livro, David descreve como amar um extrovertido e como amar um introvertido. Segundo ele, uma pessoa extrovertida pode sentir a necessidade de espaço de alguém introvertido como uma forma de rejeição, o que não é verdade. É preciso deixar que ela tenha o tempo dela, sem levar isso para um âmbito pessoal.

Do mesmo modo, uma pessoa introvertida, mesmo que precise de uma liberdade maior, pode reafirmar ao seu parceiro o quanto gosta de compartilhar momentos juntos e incluir a pessoa em sua vida, tirando tempo para conversar e partilhar ocasiões especiais.

Raiva não é o mesmo que abuso

 Em qualquer relacionamento saudável, é comum existirem desavenças. Afinal, as pessoas são diferentes e podem discordar em diversas situações. Mas saber lidar com a raiva de uma forma saudável impede que eventuais brigas virem uma situação de abuso entre os parceiros.

Para Richo, uma das peças-chave está em saber diferenciar a culpa da responsabilidade. “Na culpa existe uma censura com a intenção de constranger e humilhar. A intenção é mostrar que alguém está errado. Na avaliação de responsabilidade, a intenção é corrigir um erro e restaurar o equilíbrio”. Para o autor, em um relacionamento adulto, é preciso que ambos entendam a responsabilidade em cada conflito.

O abuso também pode partir de acumular questões passadas para usar em novos incidentes. A raiva é uma emoção temporária e, se um problema for de fato resolvido, não se deve guardá-lo para culpar alguém em situações futuras.

A melhor forma de resolver essas situações é pelo confronto direto e honesto. A agressão passiva, baseada em ficar de mau-humor, fazer tratamento de silêncio ou desaparecer, por exemplo, são formas de expressar a raiva de forma indireta e, consequentemente, machucar o parceiro de forma intencional – aumentando, ao invés de cessar, o conflito.

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Ciúmes é uma expressão do medo

 Sentir medo é um dos princípios humanos. É normal, e até saudável, que tenhamos medo em diversas situações. Em um relacionamento, e com toda a intimidade que ele nos traz, esse sentimento pode ficar ainda mais forte.

Ciúmes é um dos sentimentos considerados não nobres. É o que explica Marcela Ceribelli em seu podcast, no episódio “Sai de mim, ciúmes”. “A gente não gosta de sentir, não gosta de admitir que está sentindo. É meio constrangedor porque mostra um lado muito vulnerável nosso”, relata a CEO da Obvious.

Ela ainda complementa que o sentimento está muito ligado ao ego. Mas, em um relacionamento maduro, é preciso enxergar que o ciúmes revela um ressentimento da liberdade que o outro tem sobre suas próprias ações.

Segundo o escritor David Richo, reconhecer esse ciúme e buscar trabalhar nele, com um terapeuta ou uma rede de apoio, nos faz confrontar um lado infantil e assustado nosso. Esse processo pode nos levar para um amadurecimento e autoconhecimento necessários para estar em um relacionamento.

Comunicação e individualidade são fundamentais em um relacionamento

 Para resolver qualquer conflito em um relacionamento, é preciso trabalhar questões próprias, mas também saber conversar com seu parceiro. E, para uma conversa ser efetiva, precisamos não apenas saber compartilhar nossos sentimentos, mas também saber ouvir.

Em Como ser adulto nos relacionamentos, David também explica que a escuta ativa significa ouvir o sentimento do próximo e não responder imediatamente com palavras de conforto ou defesa.

É preciso abrir espaço para que seu parceiro possa verdadeiramente relevar seus medos e inseguranças, e que você os acolha com atenção e sem julgamentos. Afinal, você também tem seus próprios receios, e isso faz parte do ser humano.

Além disso, para não criar uma codependência, cada um precisa ter seus momentos sozinhos. David sugere que fazer essa pergunta com seu cônjuge: “o nosso relacionamento inclui, permite e encoraja um tempo sozinho?”

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