A um clique da tranquilidade
A pandemia escancarou a importância da comunicação digital. É preciso cuidar, claro, mas o bom uso de redes sociais pode ser enriquecedor Somos seres de contato social, mas o contato, ao menos o real, nos últimos meses, é o que menos temos. O mundo se tornou outro em 2020. Do uso da máscara para […]
A pandemia escancarou a importância da comunicação digital. É preciso cuidar, claro, mas o bom uso de redes sociais pode ser enriquecedor
Somos seres de contato social, mas o contato, ao menos o real, nos últimos meses, é o que menos temos. O mundo se tornou outro em 2020. Do uso da máscara para conversar com alguém a cumprimentar sem encostar – o roteiro parece de filmes sobre apocalipse zumbi. Quem de nós poderia dizer que encarariamos um ano assim?
Contudo, imagine viver um ano como esse há tempos atrás, sem a presença das redes sociais. Assim como tudo, o uso da tecnologia pode ser positivo ou negativo. As redes sociais, apesar da forte presença e da importância que exercem em nossa rotina, estão na nossa vida a pouco tempo. Estamos aprendendo a usá-las. E com parcimônia, há muito proveito a ser tirado.
As distâncias foram encurtadas – famílias estão passando pela pandemia com mais tranquilidade por poderem ver seus entes via câmeras. Relacionamentos foram firmados, namoros aconteceram. Como ressalta o psiquiatra e membro da Associação Americana de Psiquiatria (APA) Luiz Scocca, as experiências digitais já eram interessantes num mundo pré-novo coronavírus. “O ser humano precisa muito se comunicar, em todos os âmbitos, e a tecnologia cria essa facilitação”, fala.
Laços
O contato social tem muito valor para o ser humano – colegas, amigos, familiares, relacionamentos, risadas ou choro ao lado de alguém. Levante a mão, por exemplo, se você não conhece quem reclama do sentimento de solidão, mesmo não estando sozinho, alerta o psicólogo e doutor em neurociência do comportamento Yuri Busin. A comunicação virtual pode ajudar com isso.
O ambiente virtual também é um local de troca, ainda que o formato do diálogo seja outro. Por isso, todo cuidado é pouco. Você se torna espectador da vida dos seus colegas virtuais, não de fato está sentindo a emoção com eles. Ficamos dependentes da aprovação do outro por meio da quantidade de likes que esperamos ter – e nós, seres humanos, por natureza já esperamos muita aprovação. Por isso, é preciso estar atento.
A dica dos profissionais é limitar o uso, mesmo numa pandemia. O celular não precisa ser companheiro de boa noite e nem a primeira coisa para quem você deseja bom dia, por exemplo. Um uso saudável permite viver coisas lindas – cursos, conteúdos, trocas valiosas para a vida. Vimos agora que nem sempre uma sala de aula é o único local para aprender algo, por exemplo.
Mas não podemos ignorar os sentimentos que vem a partir das redes sociais, como a insegurança, a cobrança, a inveja, a comparação. A sociedade passa sempre por mudanças – é que às vezes não percebemos. Nesse ano, foi algo muito brusco e em larga escala. Talvez quando isso passar, reflete Busin, a gente leve a priorização do que importa adiante, a valorização do tempo e da qualidade das relações.
Os abraços reais são essenciais para nossa saúde mental, mas enquanto eles não podem acontecer, as redes sociais quebram um bom galho. Elas não são vilãs, nós que precisamos aprender a cuidar. “As redes sociais permitem muitas coisas bacanas, experiências valiosas, mas nós temos que controlá-las e não o contrário”, finaliza o psicólogo.
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