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A primeira vez nas ruas
Volkan Olmez | Unsplash
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De passo em passo, enquanto caminhamos, vamos aprendendo a lidar melhor com nós mesmos e com o outro  

Você consegue se lembrar da primeira vez que saiu de casa sozinho? Eu lembro. Devia ter uns sete anos e queria comprar figurinhas. Abri a porta de casa, atravessei a rua com toda a atenção do mundo, olhei para as pessoas com que cruzei pelo caminho e tive um pouco de medo do homem que dormia na calçada. Na banca de jornal, tímido, demorei para conseguir chamar a atenção do jornaleiro, o João. Pedi as figurinhas com voz baixa. Paguei e esperei o troco com ansiedade. “E se vier errado, o que faço?”. Contei e recontei as moedas. Voltei para casa, aliviado e eufórico com o sucesso da experiência.

Pois, muitos anos depois, descobri que essa experiência não tem nada de trivial. Ao contrário, sair a pé e encontrar pessoas diferentes nas ruas é uma das bases do crescimento individual. Quem diz isso é o sociólogo americano Richard Sennett, que define a cidade como um lugar onde podemos encontrar pessoas diferentes todos os dias.

Para ele, o convívio com a diversidade é tão importante que pode até nos ajudar a entender quem somos. Funciona assim: quando me relaciono com alguém diferente de mim, exercito o convívio e desenvolvo meu papel social. Esse jogo de erros e acertos, faz com que nós não só aprendamos a viver em sociedade, mas também entendamos um pouco mais sobre nós mesmos. Ou seja, somos seres individuais, mas nossa própria identidade está ligada ao espaço de convívio coletivo: as calçadas, as praças, as lojas, as escolas, o estádio, o escritório. Nesses espaços, aprendemos a ser quem somos.

Por isso, andar a pé é tão importante. Quando estiver num dia difícil, dê uma volta, ande. Procure ver as pessoas na rua, pense no que vê e no que sente. Quando voltar, tenho certeza de que estará melhor e ainda terá aprendido algo sobre si mesmo.

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