Viver com menos | Ouvindo Vida Simples
Nesse episódio de Ouvindo Vida Simples, Sandra San faz a leitura do texto “Viver com menos”, publicada na edição impressa da revista Vida Simples. O texto original é de Débora Zanelato.
Neste episódio de Ouvindo Vida Simples, Sandra San faz a leitura do texto “Viver com menos”, de Debora Zanelato.
Produção de áudio: Ogro | Edição do portal: Margot Cardoso | Direção geral: Lu Pianaro e Isis de Almeida.
Desapegar daquilo que não faz mais parte de nós e dar valor ao que precisamos abrem espaço para escolhas que nos colocam perto da felicidade.
Uma movimentação silenciosa acontecia pela casa enquanto eu escrevia este texto. No canto da porta, uma sacola vermelha ia sendo alimentada com peças que estavam cansadas de morar no fundo do armário. Curiosa, decidi ver o que é que tinha ido parar ali e fiquei surpresa: duas camisas novas de que eu gostava estavam lá. “Mas por que essas camisas também vão?”, questionei. “Porque eu não uso elas”, meu marido me respondeu.
Confesso: pensei em dissuadi-lo, em dizer como aquelas camisas eram bonitas e que eu gostava delas (isso mesmo, as camisas que eram dele, não minhas…). Mas aí uma voz interna me impediu. Afinal, eu estava há semanas apurando e escrevendo sobre um tema que mudou a minha vida nos últimos tempos: como viver com menos e desapegar do que não nos cabe, abrindo espaço para o que importa.
Consciência na compra
Preciso, realmente, disso? Ao longo dos últimos anos, “será que eu preciso mesmo disso?” virou, para mim, uma pergunta-guia para evitar compras desnecessárias e para me despedir do que está parado. Se eu contasse isso para a minha criança, ela desacreditaria. Na infância, não queria me desfazer de nada. Para mim, deixar aquelas coisas irem embora me trazia um sentimento de ingratidão. “Elas tinham sido tão legais comigo e agora eu vou abandoná-las?”, justificava. Na adolescência, todo o material escolar e as revistas iam para o maleiro do escritório.
Quando casei, mudei-me para um pequeno apartamento com um guarda-roupa de quatro portas compartilhado. E aí me vi num processo intenso de olhar para o que deveria permanecer na minha vida. Foi quando descobri que olhar para as nossas coisas não se tratava apenas de uma questão de espaço físico, mas sobretudo de um espaço dentro da gente. Daquilo que precisamos nos despedir para abrir novos caminhos. E do que faz diferença para uma vida mais consciente e feliz.
Se você preferir pode continuar a ler o texto Vive com menos.