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Ansiedade de separação: como evitar que seu pet sofra com o fim do home office
(FOTO: UNSPLASH) Não estamos apenas lidando com a adaptação dos pets, mas com a nossa própria adaptação emocional
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Neste artigo:

Você passa o dia fora de casa. As pessoas ao seu redor, o trabalho ou o estágio exige sua presença, atenção e produtividade. Quando você volta para casa, sempre tem alguém te esperando na porta. Olhos brilhantes, rabo abanando, um salto de alegria ou um miado carente de saudade. Para o seu animal de estimação, ver você chegar é uma das melhores sensações, afinal, você é como se fosse o centro do universo. 

Se antes a ideia de “mãe ou pai de pet” era vista como exagero, hoje sabemos que essa conexão é verdadeira. As famílias frequentemente incluem animais de estimação, formando as chamadas “famílias multiespécie”, caracterizadas por laços afetivos profundos entre humanos e animais.

Não à toa, essa união foi cada vez mais tomando corpo durante a pandemia, em que eles sempre estiveram ao nosso lado diariamente e mesmo com muitos trabalhando de home office, ainda compartilhavam momentos de conforto e alívio para ajudar naquelas situações em que a ansiedade e a angústia tomavam conta. Mas, com a volta ao trabalho presencial, não somos apenas nós que sentimos a mudança. Eles também. 

E muitos precisam aprender a lidar com a nossa ausência, e nós, com a saudade e o dilema de deixá-lo sozinho nessa transição. Algumas dicas podem minimizar esse sentimento de culpa e tornar essa mudança mais tranquila tanto para os pets quanto para nós.

Como identificar a ansiedade de separação?

Segundo o médico veterinário Marivaldo da Silva Oliveira, “a ansiedade de separação ocorre quando um cão/gato fica extremamente estressado ao ser deixado sozinho ou afastado de seu tutor. Essa condição pode ter diversas causas, entre elas mudanças bruscas na rotina, como novos horários de trabalho ou mudança de residência, experiências traumáticas e até fatores genéticos.” 

Ele ainda alerta que algumas raças são mais propensas a desenvolver esse problema e precisam de um acompanhamento médico mais atento.

A ansiedade de separação nos pets se manifesta de diversas formas, incluindo:

  • Vocalização excessiva (latidos, miados, uivos e choros);
  • Comportamento destrutivo (arranhões, mordidas em móveis e objetos);
  • Automutilação (arrancar pelos ou se coçar excessivamente);
  • Alterações fisiológicas (salivação excessiva, respiração ofegante, micção/defecação inadequada fora do lugar);
  • Tentativas de fuga e sinais de depressão ( o animal pode perder o interesse por atividades, alimentação e interação social que antes eram prazerosas).

Mas e os tutores? Como os animais, também podemos sofrer com essa separação. Os sinais nos humanos incluem:

  • Sensação de culpa intensa ao sair de casa;
  • Preocupação excessiva com o bem-estar do pet;
  • Dificuldade de concentração no trabalho;
  • Tristeza ou sensação de vazio na rotina.

Estratégias para uma adaptação mais tranquila

Para uma adaptação saudável, é importante pensar em um plano B para contornar essa situação. A psicanalista Andréa Ladislau alerta que as estratégias adotadas devem beneficiar também o tutor, garantindo que a mudança ocorra de forma gradual.

“A relação entre humanos e seus pets é baseada em afeto e reciprocidade, fortalecendo laços psicológicos e estimulando hormônios do bem-estar, como oxitocina, serotonina e dopamina. A quebra dessa convivência diária, com a volta ao trabalho presencial, pode gerar sentimentos de culpa, perda e solidão tanto para o tutor quanto para o animal”, relata. Para ela, o ideal é fazer uma transição gradual. “Caso isso não seja possível para o tutor, garanta que o tempo com o seu pet seja de qualidade. Carinho e atenção podem compensar a ausência”.

O médico veterinário Marivaldo da Silva Oliveira também listou algumas práticas que faz bem para o dia a dia e aumenta a relação afetiva de seu pet:

  • Estabeleça uma rotina previsível: manter horários regulares para alimentação, passeios e brincadeiras ajuda o pet (e a nós mesmos) a se sentirem mais seguros;
  • Introduza a ausência de forma gradual: sem estar trabalhando presencialmente, comece saindo de casa por períodos curtos e vá aumentando gradativamente o tempo;
  • Aposte no enriquecimento ambiental: brinquedos interativos, petiscos escondidos e desafios mentais ajudam a distrair o pet e tornam o tempo sozinho mais agradável;
  • Pratique exercícios físicos e mentais: passeios, brincadeiras e atividades cognitivas antes da saída ajudam a gastar energia e reduzir a ansiedade;
  • Use técnicas de relaxamento: música relaxante, feromônios calmantes e massagens podem ajudar a tranquilizar o pet. No nosso caso, técnicas como meditação e respiração profunda podem ser úteis.
  • Busque ajuda profissional se necessário: caso os sintomas de ansiedade de separação forem intensos, um veterinário ou especialista em comportamento animal pode indicar tratamentos específicos. Assim como para os pets, a terapia também nos ajuda a lidar com a culpa e a ansiedade causadas pelo vazio da ausência deles.

“No fim, não estamos apenas lidando com a adaptação dos nossos pets, mas com a nossa própria adaptação emocional. Criamos laços profundos com esses companheiros e, por mais que o mundo externo exija nossa presença, sempre seremos o lar seguro deles – e eles, o nosso.”

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