Há momentos do cotidiano que somos incapazes de relembrá-los ao longo do dia. É comum que nossa memória flutue ao longo do dia e receba muitas influências do contexto e das situações. No entanto, há estratégias interessantes que nos ajudam a cultivar memórias que desejamos guardar ao longo do tempo.
Além disso, esquecer atividades feitas recentemente é bastante comum e esperado. Quando nos esquecemos de informações que acabamos de aprender ou pensamentos que acabamos de ter, geralmente é porque nossos cérebros não as salvaram como memórias de longo prazo desde o início. Ou seja, não é sempre que o cérebro produz memórias.
E isso é comum, já que realizamos milhares de atividades ao longo do dia e o corpo precisa fazer uma seleção de quais delas devem permanecer ao longo do tempo. Se nossos cérebros codificassem tudo o que víssemos, ouvíssemos, cheirássemos ou sentíssemos, não teríamos nenhuma memória restante para coisas como andar, falar ou ouvir.
Ao realizar as atividades diárias, o cérebro retém informações em um estado temporário chamado memória de trabalho. “A maioria das pessoas só consegue manter cerca de quatro ou cinco pensamentos, ou tarefas em sua memória de trabalho de cada vez”, afirmou David Gallo, professor de psicologia na Universidade de Chicago, ao New York Times.
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Como se lembrar mais e guardar memórias
As memórias só são armazenadas no corpo quando passam por um processo chamado de “codificação”. É mais ou menos como a função de “salvar” do computador. Se não selecionarmos essa opção e a máquina for desligada, é bem provável que elas se percam.
Codificar informações no cérebro implica estabelecer conexões significativas entre as células cerebrais, demandando uma ampla capacidade de memória de trabalho.
Assim, quando você está ocupado se apresentando a alguém ou decidindo sobre o próximo passo na conversa, seu cérebro não se dedica à codificação de detalhes como o nome recém-ouvido, resultando em um esquecimento rápido.
“Segundo Robert Lent, toda vez que uma informação chega, o nosso cérebro precisa reconhecer o que é essencial a ser retido, diz Felipe Haberfeld, chefe da Neurologia da Conexa. Essa fase funciona como uma seleção. “A informação se torna uma retenção temporária, podendo ser direcionada ao esquecimento, à consolidação ou à evocação e utilização”, completa.
Mas são atividades simples e rotineiras que contribuem para que nosso cérebro filtre melhor e selecione de forma mais inteligente as memórias significativas. “Neste tema, é importante salientar que haja um sistematizado, contínuo e progressivo trabalho. Por isso é preciso abranger também outras habilidades cognitivas como atenção, foco e concentração”, explica Leonardo Kawashita, especialista em ginástica para o cérebro do Supera Rudge Ramos.
Um dos fenômenos naturais que ajudam a armazenar as memórias inclui sentir emoções, como medo ou trauma, no momento em que se aprende algo. No entanto, há estratégias e técnicas que os especialistas recomendam serem eficientes e importantes.
Estratégias para melhorar a memória
1. Realizar e organizar as informações
É possível hierarquizar os elementos em termos de importância para a memorização. Por isso, é importante distinguir aqueles mais relevantes dos menos relevantes.
2. Criar mnemônicos
Mnemônicos são técnicas ou dispositivos de memorização, como acrônimos, rimas ou associações, que facilitam a recordação de informações. “Segundo um artigo publicado na Neuron, em 2017, o uso de mnemônicos melhoraria a performance de memorização a partir da otimização de conexão de diversas áreas cerebrais envolvidas no processo de retenção de informações”, explica Felipe Haberfeld.
3. Repetição espaçada dos conceitos
A prática de formar pequenos blocos de conceitos e revisá-los com intervalos crescentes entre as repetições torna o processo de memorização mais eficaz.
4. Tire o cérebro da zona de conforto
Ao realizar exercícios que incorporam os princípios da novidade, variedade e desafio crescente, novos circuitos neuronais são formados, ampliando a capacidade do cérebro para processar e armazenar informações.
5. Hábitos saudáveis
O sono, a alimentação e o exercício físico são benefícios fundamentais para o cérebro, proporcionando melhorias não apenas na memória, mas de maneira abrangente. “O sono tem o efeito reparador no cérebro, é durante o sono que o seu cérebro consolida as memórias experimentas ou aprendidas no dia”, diz Leonardo Kawashita. Já a alimentação é fundamental para a reposição de nutrientes, assim como a atividade física, que gera proteínas e neurotransmissores, além de nos proteger contra doenças degenerativas.
6. Aprenda um novo idioma
“Segundo estudo publicado na Journal of Cognitive Psychology, em 2012, pessoas que falam duas línguas ou mais performaram melhor em testes de memória do que pessoas que falavam apenas uma língua”, diz Felipe Haberfeld.
7. Tenha vida social ativa
Numerosos estudos sustentam a relevância da vida social para a memória, pois a interação social demanda a manutenção de uma memória aguçada para participar em conversas lógicas e envolventes. “Além disso, recebemos estímulos das outras pessoas que estão na nossa ‘biblioteca de memórias'” conclui Felipe Haberfeld.
8. Atribuir significado
Lembrar informações arbitrárias pode ser particularmente desafiador. É por isso que às vezes é mais fácil lembrar nomes que estão conectados a certas características ou qualidades.
9. Criar uma dica visual ou emocional
Se você estiver tentando lembrar de realizar uma tarefa específica, pode imaginar-se fazendo isso ou pensar em como isso fará alguém se sentir.
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