Na parede acima do balcão, azulejos pintados pelo artista Fulvio Pennacchi em sua cozinha narram cenas bucólicas de colheita e pesca.
Sobre o mesmo balcão, frutas arrumadas e bichos mortos, incluindo pássaros que usualmente não são comidos por gente. “Apenas um deles aparenta estar vivo, testemunha possível de uma natureza que desmorona e morre”, destaca o curador Moacir dos Anjos em texto sobre a obra Cozinha Pennacchi, de Ana Elisa Egreja, que realizou um trabalho de arte na casa construída pelo artista. “A partir dessa visita, incluí novos elementos, a natureza morta com pássaros, frutas e peixes – apropriados da pintura de Clara Peeters, a única mulher da escola holandesa no século 17 –, como se os retratados nos azulejos de Pennacchi ganhassem vida”, conta Ana Elisa. Desde o início de sua carreira, há 15 anos, seus principais interesses são casas.
O curioso é a soma de estranhamento e afeto que suas obras despertam. “Procuro pela escala verdadeira e pela forma realista de pintar”, explica. “É, no entanto, uma pintura realista de uma realidade inventada. Essa confusão entre real e imaginário está sempre presente.”
ANA ELISA EGREJA
@anaelisaegreja
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