Se você pensou que a criatividade era um dom e que apenas pessoas muito especiais a tinham, saiba que esse é um mito. A criatividade é uma habilidade humana inata que todos são capazes de expressar e desenvolver.
Mas, às vezes, ela não é estimulada. “ Numa cultura que menospreza a arte, atividades criativas não são priorizadas na infância, que é quando este potencial está a todo vapor. Por isso ela atrofia”, explica Bianca Solléro, psicóloga e especialista em Criatividade.
Criatividade também não é uma habilidade só voltada para artistas. Esse é outro mito, achar que apenas alguns profissionais como escritores ou designers precisam dessa capacidade. “Além de ela ser uma habilidade necessária para promovermos qualquer tipo de inovação, também a utilizamos para ampliar nosso leque de recursos relacionais e emocionais, por exemplo”
Criatividade amplia repertório emocional e fortalece a saúde mental
Um benefício que poucas pessoas conhecem está relacionado à saúde mental de quem exercita a criatividade. A psicologa aponta, inclusive, que esse estímulo pode colaborar para bem-estar emocional. Isso porque ela “amplia a percepção sobre si e o entorno, além de capacitar para enxergar soluções novas e mais saudáveis para conflitos e fornecer recursos para superar os desafios cotidianos.”
Bianca conta também que algumas atividades provocam o “bem-estar psicocriativo”. Segundo a especialista, essas ações “nutrem a criatividade enquanto alimentam a reserva emocional [das pessoas]”. Como exemplo, a psicóloga indica ampliar repertório musical (ouvir músicas diferentes do habitual), estreitar o vínculo com a natureza verde (parques e jardins), escrever espontaneamente e dedicar-se a um hobby.
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Quatro competências emocionais e cognitivas relacionadas à criatividade
A especialista aponta que algumas atividades podem recuperar e nutrir a criatividade. Essas ações correspondem a quatro competências que estimulam o florescer criativo. Abaixo as habilidades levantadas por Bianca:
- Curiosidade. Ela está presente em conversar com pessoas diferentes, viajar e conhecer temas fora da área de trabalho.
- Contra-foco. Esse termo foi cariado pela própria Bianca e está relacionado ao ócio e a capacidade de alternar foco. Nessa competência, a pessoa tem condição de abandonar um problema que tenta solucionar criativamente. Quando ela deixa de lado, ou seja, troca de foco, seu inconsciente “tem sua vez” de trabalhar naquele problema e criar soluções que o foco prolongado não consegue. Desse modo, o ócio criativo, passar algum tempo em atividades de lazer ou, simplesmente, não fazer nada, ajuda no trabalho do inconsciente.
- Coragem. Experimentar coisas novas e atrever-se a desafios inéditos habilitam a desenvolver a coragem necessária para expor ideias novas.
- Crítica. É fundamental saber o que agrada a você ou não, e reconhecer limites. Além disso, avaliar se uma informação merece ou não ser passada adiante ajudará a mensurar o quanto uma ideia é realmente criativa, ou apenas devaneante.
Bianca aponta também a motivação como motor da criatividade. “Se você souber o que te dá prazer e se dedicar a isso com alguma frequência, você estará revigorando seu fogo interno, reascendendo sua motivação intrínseca que é o principal motor da criatividade orgânica”, resume.
Cinco livros para saber mais sobre a criatividade
Quer saber mais sobre o tema? A Vida Simples reuniu cinco obras para você se aprofundar no tema da criatividade.
Pare de Perguntar o que seu filho vai ser
Escrito pela Bianca Solléro, o livro questiona sobre o hábito de fazer projeção para o futuro. Segundo ela, essa prática pode impedir de viver a infância como ela deveria ser. Além disso, essa pergunta está relacionada a uma série de expectativas e caminhos predefinidos que pais apresentam para os filhos, o que não há nada de criativo. Segundo ela, não há criatividade na repetição.
Em sua obra, ela propõe uma infância e relações familiares mais leves para estimular a criatividade.
Roube como um artista
“Tudo que precisa ser dito já foi dito. Mas, já que ninguém estava ouvindo, é preciso dizer outra vez.”
O livro de Austin Kleon traz dez dicas sobre a criatividade. Com bom-humor, mensagens positivas, ilustrações, exercícios e exemplos, o autor mostra como as pessoas podem “ativar” seu a criatividade.
Kleon traz também ideias inovadoras e corajosas sobre a criatividade, incentivando o conhecimento e a busca por referências.
Um dos ensinamentos do livro é que “nada vem do nada”. Os trabalhos criativos são construídos com referências e inspirações que vem do mundo e de outros artistas.
O caminho do artista
“A criatividade é como capim – volta a crescer com um mínimo de cuidado.”
Em seu livro, Julia Cameron criou um programa de 12 semanas com exercícios, reflexões e ferramentas para estimular as pessoas a exercerem sua criatividade. Nesse processo, as pessoas são convidadas a enfrentar inseguranças, crenças e medos.
A obra procura também mostrar que o processo criativo pode ser mais leve e simples, mesmo sendo algo que exija persistência e prática.
A escritora mostra reuniu princípios básicos para a criatividade, entre eles estão:
- A criatividade é a ordem natural da vida. A vida é energia: pura energia criativa.
- Por trás de toda vida há uma força criativa que permeia tudo – inclusive nós mesmos.
- Quando nos abrimos a nossa criatividade, nós nos abrimos à criatividade do criador dentro de nós e de nossa vida.
A grande magia
“Coragem significa fazer algo que nos causa medo. Destemor significa não entender sequer o que a palavra medo significa.”
A autora, Elizabeth Gilbert, reflete sobre a vida criativa e indica o que é fundamental para que ela exista: a curiosidade. Da mesma forma, a coragem também é um aspecto importante. Contando histórias próprias e de pessoas próximas, Gilbert oferece uma perspectiva única, empática e generosa sobre a criatividade e a inspiração.
Nos primeiros ensinamentos do livro, o autor traz a questão da coragem como elemento fundamental para trazer à tona o potencial criativo dentro de cada um. Além disso, ele discorre sobre como o medo afeta as pessoas, mas que é algo chato e desnecessário.
O ato criativo: Uma forma de ser
“Viver como artista é um modo de estar no mundo. É uma prática de atenção.”
Do produtor musical Rick Rubin, o livro é fruto de umas perspectiva sobre a criatividade que está relacionada com o relacionamento com o mundo e como se olha para ele. Ele afirma que cada um é um artista simplesmente por estar vivo e poder fazer parte de decisões criativas.
Além disso, obra convida para se conectar consigo mesmo e olhar para a arte para a criatividade como algo natural. Dessa forma, o autor afirma que é importante entrar em sintonia com universo, através de práticas como viver no presente, aceitar mais facilmente s informações, ser mais espontâneo, exercer a curiosidade e capacidade de fascinação.
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