Arte compartilhada, a única possível
Inspirado no hip-hop e na literatura marginal, Tubarão Dulixo acredita que a arte só vale a pena se for compartilhada
Inspirado no hip-hop e na literatura marginal, Tubarão Dulixo acredita que a arte só vale a pena se for compartilhada.
A arte sempre esteve presente na vida do caiçara de Santos Jefferson dos Santos, conhecido como Tubarão Dulixo.
Arte-educador e idealizador do conceito de arte e cultura Dulixo, poeta e escritor, nos anos 1990 Tubarão Dulixo produziu o fanzine libertário Acorde e Discorde e, em 2014 publicou o livro “Viver entre os porcos sem comer da lavagem”.
O apelido veio do trabalho em meio ao lixo, por estar em meio àquilo que causa repulsa e nojo em muitos.
A ideia de usar “lixo” como material para sua produção artística veio no começo dos anos 2000, durante uma estadia pelo litoral norte do Espírito Santo.
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“Eu estava caminhando por uma praia e reparei na quantidade de garrafas plásticas jogadas na areia. No dia seguinte, arrumei um saco de lixo grande e comecei a recolher todo plástico que encontrava enquanto caminhava. Levei tudo aquilo para casa e fui me informar sobre a coleta seletiva no bairro”, conta.
O artista descobriu que não existia nem mesmo a coleta de lixo comum. Sem saber o que fazer com aquele material todo, começaram os experimentos. Ele já tinha visto alguns trabalhos de artesanato com recicláveis e conhecia a técnica de papel machê.
As primeiras peças ele deu de lembrança da viagem para família e amigos. Daí em diante, ele passou a enxergar o lixo de outra forma.
Em 2001, veio o trabalho social. Ele começou a oferecer as oficinas, exposições, intervenções e palestras de arte com lixo e poesias para jovens e crianças de escolas públicas e pelas periferias da Baixada Santista e grande São Paulo, onde desde 2010 também ministra oficinas na Fundação Casa com adolescentes em medidas socioeducativas. Sua arte, unida ao trabalho social levou Jefferson a outros estados como Tocantins, Pará, Bahia e Rio de Janeiro.
Sua arte circula pelas margens da sociedade. “É o grafite que sai da parede, a poesia que sai do papel, e assim, tirando arte do lixo mostro que é possível acreditar na transformação do ser humano”, revela.
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