Cinco livros sobre maternidade que fogem do lugar comum

Maternidade é um tema sensível. Bonito, mas sensível. Os momentos antes, durante e depois da gestação carregam dificuldades em comum, mas também únicas para cada mulher. São transformações físicas, emocionais e sociais de forma intensa. Isso sem contar o impacto que provoca nas relações familiares, profissionais e afetivas – que também mudam, se reorganizam e se rompem. É nesse momento que livros sobre maternidade mostram caminhos e histórias que ajudam e geram reflexão.

Claro que os desafios não terminam com o nascimento do filho. Na verdade, ali começa uma nova fase da jornada, marcada por responsabilidades, cobranças internas e externas, e por um cotidiano que nem sempre acompanha o romantismo com que o tema é retratado. Por isso, para além dos temas mais habituais, a Vida Simples traz cinco livros sobre maternidade que abordam questões mais reflexivas:

‘Minha mãe é um sucesso’

Uma troca entre mães e filhos. Esse é o diferencial e a beleza do livro “Minha Mãe é um Sucesso”, que traz relatos sensíveis escritos por 21 mulheres de sucesso no mundo corporativo e por seus filhos. Os textos foram reunidos e organizados pela executiva Maria Alicia Peralta.

Longe de ser um manual sobre carreira e maternidade, a obra tem um olhar inédito dos filhos sobre a jornada profissional das mães. E aqui vai um spoiler: esse olhar costuma ser bem mais generoso e empático do que elas – muitas vezes envoltas em culpa – imaginam. Assim, o livro recém-lançado nos convida a refletir sobre o impacto da jornada materna na formação e visão de mundo das novas gerações.

Parte da renda da publicação é destinada ao Grupo Mulheres do Brasil, que promove iniciativas com foco na equidade racial e de gênero, empreendedorismo feminino e combate à violência contra a mulheres e meninas.

Editora: Labrador, 272 páginas
Preço: R$ 79,90

‘Manifesto antimaternalista: psicanálise e políticas da reprodução’

Especialista no tema da parentalidade, a psicanalista Vera Iaconelli apresenta uma contribuição mais radical para a crítica da ideologia que considera as mulheres insubstituíveis no cuidado com as crianças. A autora sublinha a dimensão política do trabalho reprodutivo, já que cuidar das novas gerações é uma tarefa imprescindível para a manutenção da sociedade.

Vera Iaconelli lança luz sobre a teoria psicanalítica, revisitando autores como Freud, Lacan e Winnicott. Além disso, incorpora contribuições vindas dos estudos de gênero e das relações raciais, do pensamento decolonial e das reflexões sobre os efeitos do neoliberalismo na construção das subjetividades.

O livro aborda a diferenciação entre gestar, assumir o parentesco e cuidar de uma vida. Além disso, sem homogeneizar a categoria “mulher”, reconhece que a experiência da parentalidade é determinada por fatores como raça, classe, gênero e faixa etária. Para a autora, os embates sobre o cuidado e a reprodução da vida são embates políticos ― e a psicanálise é uma arma da qual não se pode abrir mão.

Editora: Zahar, 256 páginas
Preço: R$ 46,80

‘A filha perdida’

Lançado originalmente em 2006, o terceiro romance da autora Elena Ferrante acompanha os sentimentos conflitantes de uma professora universitária de meia-idade, Leda, que aliviada depois de as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá com o pai, decide tirar férias no litoral sul da Itália.

Logo nos primeiros dias na praia, ela volta toda a sua atenção para uma ruidosa família de napolitanos, em especial para Nina, a jovem mãe de uma menininha chamada Elena que sempre está acompanhada de sua boneca. Cercada pelos parentes autoritários e imersa nos cuidados com a filha, Nina parece perfeitamente à vontade no papel de mãe e faz Leda se lembrar de si mesma quando jovem e cheia de expectativas. A aproximação das duas, no entanto, desencadeia em Leda uma enxurrada de lembranças da própria vida – e de segredos que ela nunca conseguiu revelar a ninguém.

No seu estilo próprio e inconfundível, Elena Ferrante parte de elementos simples para construir uma narrativa reflexiva sobre a maternidade e as consequências que a família pode ter na vida de diferentes gerações de mulheres.

Editora: Intrínseca, 176 páginas
Preço: R$ 24,99

‘De amor e outros ódios’

O primeiro elo de uma pessoa é com a mãe. Pela literalidade do cordão umbilical, passando pela conexão da amamentação, a relação simbiótica de construção de si física e psicologicamente nunca passa incólume à figura materna. No livro, a escritora e psicanalista Camila Anllelini apresenta uma personagem recorte de suas próprias experiências em uma série de crônicas e cartas para a mãe.

A obra, semifinalista no Prêmio Jabuti 2024 na categoria de crônicas e finalista no Prêmio Minuano de Literatura 2024 na categoria narrativas curtas, veio do desejo da autora de que as pessoas possam fazer as pazes com suas contradições.

Editora: Patuá, 136 páginas
Preço: R$ 55,00

‘A vida invisível de Eurídice Gusmão’

Rio de Janeiro, anos 1940. Guida Gusmão desaparece da casa dos pais sem deixar notícias, enquanto sua irmã Eurídice se torna uma dona de casa exemplar. Mas nenhuma das duas parecem felizes com suas escolhas. A trajetória das irmãs Gusmão em muito se assemelha com a de inúmeras mulheres nascidas no Rio de Janeiro no começo do século 20 e criadas apenas para serem boas esposas. São as nossas mães, avós e bisavós, invisíveis em maior ou menor grau, que não puderam protagonizar a própria vida, mas que são as personagens principais do romance de Martha Batalha.

Enquanto acompanhamos as desventuras de Guida e Eurídice, somos apresentados a uma gama de figuras: Zélia, a vizinha fofoqueira, e seu pai Álvaro, às voltas com o mau-olhado de um poderoso feiticeiro; Filomena, ex-prostituta que cuida de crianças; Luiz, um dos primeiros milionários da República; e o solteirão Antônio, dono da papelaria da esquina e apaixonado por Eurídice.

Com humor, perspicácia e ironia, a autora consegue se debruçar sobre temas como violência, marginalização e injustiça.

Editora: Companhia das Letras, 192 páginas
Preço: R$ 50,12

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