6 livros para organizar a bagunça da vida adulta
Rayza Fontes traz dicas de livros que mostram o caminho para dar aquele empurrãozinho que faltava e começar um hábito saudável de organização.
O ano começou há quase quatro meses. Mas, só depois mesmo da sucessão de feriados em abril é que parece que vamos engrenar de vez. Chega o momento da dieta adiada, da mudança de emprego e, claro, das promessas de começar a ler ou retomar o hábito da leitura.
Bom, a parte da leitura certamente vai ser divertida. Em relação a todas as outras mudanças, o que posso fazer é contribuir com — adivinhe só — alguns livros que ajudam no processo de organização e mudança de hábitos.
Antes de mais nada gostaria de esclarecer alguns pontos: livros sobre desenvolvimento pessoal, organização e afins estão muito longe de ser a minha especialidade. Aliás, até bem pouco tempo eu possivelmente nem daria uma chance a nada do tipo. Mas, sentindo que poderiam de alguma forma ajudar meus alunos — por quem eu faço as maiores loucuras —, decidi arriscar e li “A confiança em si: Uma filosofia” (160 páginas, Ed. Estação Liberdade), do francês Charles Pépin.
Logo na sinopse, a promessa é usar da filosofia, da psicanálise e de personalidades do mundo da música e dos esportes como Madonna e as irmãs Williams para destrinchar os mistérios relacionados à autoconfiança e, de quebra, deixar de lado o medo do desconhecido para viver mudanças significativas. Achei cafona, confesso. Mas quem sabe não era disso que os meus alunos que estão em vias de enfrentar grandes batalhas em vestibulares e concursos públicos precisavam?
Pois bem, a leitura é deliciosa. Os exemplos são mais do que elucidativos e, de fato, obrigam o leitor a rever os motivos pelos quais a autoconfiança é tão rara e preciosa no século XXI.
A ideia deu certo, no final das contas. Muitos alunos gostaram do breve resumo que eu fiz em uma das aulas. Alguns chegaram a ler o livro até o fim. E eu concluí, mais uma vez, que todo preconceito é burro.
Decidi dar chances a vários livros e aqui está uma breve listinha de alguns que mostraram ser úteis na construção de um novo hábito ou até no abandono de um vício. No meu caso, o de sacudir as pernas sem razão aparente.
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Além do livro acima, confira outras cinco sugestões para organizar a vida adulta:
Organize sua desordem mental – Dra. Caroline Leaf
(280 páginas – Editora Hábito)
“Cinco passos simples e cientificamente comprovados para reduzir a ansiedade, o estresse e o pensamento tóxico”. Bom, acho que depois de uma apresentação como essa resta muito pouco a dizer. Não sendo eu uma pessoa ansiosa, estressada ou vítima de pensamentos negativos recorrentes, confesso que não posso atestar a veracidade do slogan.
No entanto, posso garantir que os tais cinco passos são bem embasados e as situações apontadas pela Dra. Caroline Leaf são todas factíveis e possivelmente já aconteceram ou vão acontecer com qualquer um de nós. A organização do livro é agradável e, apesar do conteúdo denso, a linguagem fácil e didática é bastante atrativa até para quem nem gosta de ler.
Micro-hábitos: As pequenas mudanças que mudam tudo – BJ Frogg
(336 páginas – Editora Harper Collins)
A premissa do livro é bastante simples: reduzir um hábito ao mínimo de forma que ele se encaixe sem dificuldade na rotina. A partir daí, é só repetição. De tempos em tempos aumentar o grau de dificuldades e bingo! Em alguns dias uma pessoa que quer muito começar a ler mais, só que não diz ter tempo, vai planejar o dia para colocar 15 minutinhos de leitura na rotina. E, depois de alguns meses, os 15 minutinhos vão magicamente se transformar em “meia horinha”.
O livro é repleto de fórmulas, dicas e — o melhor — exemplos de pessoas reais com grandes desafios que foram trabalhados de forma bastante modesta, porém consistente e fizeram progressos absurdos incluindo perder grandes somas de peso ou abandonar o cigarro.
Hábitos atômicos: Um método fácil e comprovado de criar bons hábitos e se livrar dos maus – James Clear
(320 páginas – Editora Alta Books)
Uma mistura de biologia, psicologia e neurociência, que de início me fez torcer o nariz, não vou negar. Mas, a escrita divertida do autor e os convites para “tentar mudar devagar e sem pressão” foram quebrando a minha casca cética.
O livro aborda diversas histórias que vão desde medalhistas olímpicos, artistas renomados, empresários a astros da comédia e técnicos de futebol do ensino fundamental. São diversas pessoas que poderiam muito bem ser eu ou você, com um ponto em comum: usaram a ciência dos pequenos hábitos para dominar seu ofício e se lançar ao topo de suas áreas de atuação.
Rápido e devagar – Daniel Kahneman
(608 páginas – Editora Objetiva)
Quando li “Rápido e devagar” há alguns anos, no momento em que o livro foi lançado, não conseguia parar de observar os mecanismos que eu usava para tomar decisões cotidianas, das mais triviais, como escolher a marca do leite até “sair ou não para jantar”. É um livro encantador, daquele tipo que funciona como divisor de águas.
Quando um vencedor de Prêmio Nobel, no caso de Daniel, na área de Economia, explica como funciona o mecanismo da intuição, o que está por trás dela e como é um processo muito mais racional do que se imagina, eu pergunto a você: como não acreditar?
Se eu puder resumir o livro em uma palavra, diria sem pestanejar: necessário. E sabe o melhor de tudo? Apesar do tamanho assustar, é uma leitura que agrada a diferentes tipos de público e pode ser aquele presente incrível para um chefe, um conhecido do trabalho fazendo aniversário ou o tio polêmico do pavê.
Essencialismo – Greg Mckeown
(270 páginas – Editora Sextante)
“[…] para equilibrar trabalho e vida pessoal, não basta recusar solicitações aleatoriamente: é preciso eliminar o que não é essencial e se livrar de desperdícios de tempo. Devemos aprender a reduzir, simplificar e manter o foco em nossos objetivos.”
Pois bem, amigos, e foi assim que eu fui seduzida por um livro da moda, com a promessa de enfim aprender a definir o que é essencial de todo o resto.
Confesso que ainda preciso trabalhar bastante, mas a leitura sem dúvida ampliou alguns horizontes como, por exemplo, a importância de recusar um trabalho que não se encaixa com o seu perfil profissional, além de reforçar a importância de dizer “não” quando necessário.
O autor explica muito bem algumas coisas que parecem óbvias, mas que precisam ser ditas. Afinal, é claro para todo adulto que a vida é feita de escolhas, mas por que raios fazemos tantas concessões e acabamos nos afastando dos nossos sonhos e metas? Eu ainda não encontrei a resposta, mas garanto que depois da leitura fiquei repleta de boas perguntas.
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Se você já leu um livro que mudou a sua forma de perceber a rotina, ajudou na organização de algum aspecto da sua vida ou até a mudar hábitos. Faça como eu: compartilhe para que mais pessoas encontrem livros que mostrem a saída até para a desordem. Escreva aqui nos comentários. 😉
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