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Viagem e aprendizado
Jeshoots | Unsplash
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Sair para ver o mundo com os próprios olhos é uma das formas mais diretas de conhecimento. Uma viagem é aprendizado direto da fonte.

Na casa dos meus pais há uma biblioteca. Passei a infância no canto dos atlas geográficos, suspirando ao virar páginas. Uma em especial costumava me deter: a da foto de uma casinha solitária num fiorde norueguês. Sempre quis perguntar pessoalmente por que alguém moraria ali.

Naquele espaço também li o navegador Amyr Klink argumentar, em Mar Sem Fim, que um homem precisa viajar até lugares que não conhece para quebrar a arrogância que nos faz doutores do que não vimos. Logo, tomei a decisão de ser aluna pelo mundo.

viajar e aprender

Crédito: Mesut Kaya | Unsplash

E, viajando, quanto mais aprendia, mais me dava conta do quanto não sabia. Bom, talvez não seja mesmo fundamental para a vida, saber que a fondue de queijo que aqui comíamos com ares de coisa fina é só um prato inventado na Suíça para dar cabo de queijo velho e do pão de ontem. Mas descobrir isso na fonte me libertou de convenções sociais desnecessárias.

Aprender com o mundo

Aprendi também a calar e a escutar quando viajei colhendo uvas com refugiados da Guerra da Bósnia, região cuja existência eu nem havia notado até então. Quando fui a Chernobyl – a usina nuclear que explodiu em 1986 na Ucrânia –, compreendi a dor das crianças ucranianas que entrevistei tratando, no Brasil, sequelas do acidente.

Por fim, descobri que toda lição de viagem é válida, das verdades mais bobas até os encontros dramáticos. O cara que mora naquele fiorde paradisíaco do livro – descobri pessoalmente – é pescador que trabalha duro. Portanto, escolha um lugar e vá. Retorne e notará que ajustou sua visão ao modo um pouco mais crítico.

Parafraseando o artista-viajante norte-americano Henry Rollins, há lições que você não consegue apenas tirar a partir de um livro. Elas estão esperando por você do outro lado de um voo. Então vá.


JULIANA REIS é uma viajante em busca de histórias, pessoas, lugares e experiências que a modifiquem. @viagenstransformadoras

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