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Sonhos que nos movem
Imagem: Unsplash/ Johaness Andersson
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Neste artigo:

Era dezembro de 2005 e eu, com meus 14 anos, jogava pelo Tupinambás de Juiz de Fora, Minas Gerais, contando com muito apoio para pagar a passagem de cada dia para treinar. Estava numa idade que não me permitia perder muito tempo para entrar nas categorias de base de um time profissional, já que meu sonho era me tornar atleta de futebol. Eu tinha pressa.

Passei aquele ano viajando com o Tupinambás para disputar o campeonato mineiro. Dormíamos em escolas, galpões, pensões, sempre com nossos colchonetes e um sonho que não nos largava.

Nós tínhamos no horizonte um torneio em São Paulo que seria uma oportunidade de conseguir uma vaga numa equipe grande. Entretanto, não era só ir ao torneio. Tínhamos que arcar com os custos, os quais, para mim, seriam altos. Mas os dirigentes do Tupinambás criaram umas rifas. Se as vendêssemos, teríamos como custear a ida à competição. Havia esperança.

Uma possibilidade vaga versus uma oportunidade concreta

Em meio a tudo isso, o pai de um dos meus companheiros conseguiu um jogo amistoso com o América (MG), em Belo Horizonte. Seria a oportunidade que esperávamos? Ir a esse jogo foi um perrengue. Depois de seis horas de viagem numa van, chegamos, jogamos e voltamos para Juiz de Fora. Eu tinha ido muito bem. Dizia-se nos bastidores que eu seria escolhido para ficar no clube, pelo menos para um período de teste.

Voltamos para casa com essa expectativa, mas o que eu tinha de concreto ainda era a ida àquele campeonato em São Paulo, isto é, desde que eu vendesse as tais rifas. Comecei minha saga de rodar de bicicleta, todas as tardes, por Bicas e redondezas. Não foi nada fácil, meus amigos, porque as distâncias eram longas, a bicicleta não era das melhores, e as vendas não foram esse sucesso todo. Mas era o que eu precisava fazer e o que eu tinha de concreto até então. Logo, me agarrei a isso.

Numa segunda-feira, o telefone toca. Meu pai atende. “Sim, sou o pai do Danilo. Amanhã pode viajar para Belo Horizonte?”. Era o convite do América (MG) para um período de testes. Parecia que eu estava sonhando. Dias depois, eu já estava confirmado no time.

O que fica de aprendizado para mim foram os quilômetros de bicicleta, a dedicação para vender as rifas e a concentração no objetivo que eu tinha à frente. Aconteceu algo especial? Sim, muito. Mas tenho certeza de que estar atento e ativo no momento presente me ajudou muito quando a mágica aconteceu. Por isso, te incentivo a sonhar alto, olhar longe, mas não deixar de pedalar agora. Vamos lá?

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