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13 livros para conhecer a ficção de cura
FOTO: Masjid Pogung Dalangan
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Neste artigo:

O meu último texto para a Vida Simples foi publicado em março. E depois disso eu escrevi uma infinidade de outros, só que nenhum deles foi para o papel. Acho que todo mundo tem uma fase assim, de bloqueio, cansaço extremo e uma apatia que impede até a execução de atividades prazerosas. E veja bem, pouca coisa na vida me traz mais alegria do que falar sobre livros.

O título já estava pronto há meses, uma entrevista feita, a lista de livros completinha. O que faltava então? O texto! E nada parecia me tirar da inércia e acender a fagulha que obriga o texto a sair da cabeça, escorrer pelos dedos e ganhar o papel – o mais curioso é pensar que em alguns anos a metáfora não vai mais fazer sentido, já que quase todos os textos são escritos mesmo em computadores, tablets e afins.

Lembrei então de uma frase famosa, talvez a mais conhecida, do Mark Twain, que diz:

“A diferença entre a realidade e a ficção é que a ficção precisa fazer sentido”.

E foi num livro, que me atirou para bem longe da zona de conforto, que eu encontrei novamente a vontade de escrever. Também conheci nele a força e o poder da literatura como processo terapêutico e a urgência em dizer: leiam, leiam muito, leiam tudo. As respostas para perguntas que ainda nem tivemos já estão todas lá, nos livros!

O livro em questão foi Ioga, do Emanuel Carrère, um autor francês muito conhecido por lá e nas bandas de cá, mas de quem ainda não havia lido nada. Talvez o livro mereça um texto só para ele. A escrita foi uma espécie de cura para o autor, que usou a prática da meditação, um importante diagnóstico recém-descoberto e acontecimentos avassaladores – como a morte de amigos num atentado terrorista -, como pano de fundo. E eu posso garantir que a leitura também organizou algumas prateleiras na cabeça da leitora aqui.

Ficção de cura

E por falar em cura, eis o tema da coluna de julho: a ficção de cura! Um termo emprestado do inglês ‘healing fiction’, mas nascido de um subgênero popular e em franca ascensão na Coreia e no Japão, que está dominando as prateleiras e os corações dos brasileiros. A ideia é trazer para os livros as situações da realidade, mas ambientadas em locais aconchegantes, com um final feliz e aquele arzinho de otimismo.

Há quem diga que a literatura de ficção tem um quê de comédia romântica, tal qual o filme de conforto, a série já vista mais de mil vezes. Mas, talvez uma grande diferença seja não fugir do drama ou evitar o desconforto, ainda que a sensação ao final da leitura seja de coração quentinho, acolhimento e felicidade.

“A ficção de cura é aquela que sai do registro intelectual e toca no emocional. A força desse tipo de narrativa está nos relacionamentos entre os personagens. Ela permite que a gente entre nas miudezas do cotidiano. Por isso ela tem esse poder de gerar uma grande conexão afetiva. Nesse tipo de livro nós nos reconhecemos nos dilemas das personagens e isso é muito terapêutico”, explicou Índigo Ayer, autora de Sete bruxas e um gato temporário, um romance de ficção de cura brasileiro que promete agradar públicos de várias idades.

No caso de “Sete bruxas”, vemos isso através do personagem Bijoux, um gato que deseja mais do que tudo ser adotado por uma bruxa e ter um lar definitivo, com uma poltrona só sua. Nada de extraordinário, apenas um cantinho seguro e acolhedor, mesmo que seja nos braços de uma bruxa.

É muito comum também que as temáticas do gênero estejam ligadas ao universo dos livros, sedo frequentes os títulos com “livraria” ou “biblioteca”. Não raro os cafés também são palco das histórias de superação, sonhos realizados e pequenas alegrias da vida cotidiana. Não por acaso, na lista abaixo você vai encontrar personagens perdidos que descobrem um motivo para mudar de vida com os livros, cafeterias capazes de reunir em torno de uma mesa os mais diferentes tipos em torno de um único objetivo, encontrar a felicidade.

E o mais importante, vai encontrar leituras que devolvem sorrisos, plantam a semente do “e se eu tentar mais uma vez?”, reavivam hábitos antigos (eu, por exemplo, fiz um bolo enquanto lia “O clube do livro do bunker” depois de quase dois anos sem ligar o forno.

Ficou tão delicioso quanto o bolo do livro, feito com ingredientes escassos conseguidos com cupons de racionamento da época da Segunda Guerra Mundial), vez ou outra derrubam umas lágrimas teimosas e em 100% das vezes deixam aquela maravilhosa sensação de que o mundo é um lugar melhor graças aos livros.

Veja 13 obras literárias sobre a ficção de cura

1. Meus dias na livraria Morisaki


Por Satoshi Yagisawa
Editora Bertrand
170 páginas

2. Bem-vindos à livraria Hyunam-dong

Por Hwang Bo-Reum
Editora Intrínseca
295 páginas

3. A inconveniente loja de conveniência


Por Kim Ho-yeon
Editora Bertrand
248 páginas

4. A biblioteca dos sonhos secretos – uma história sobre a magia dos livros e seu poder de conectar pessoas

Por Michiko Aoyama
Editora Sextante
245 páginas

5. O pequeno caderno das coisas não ditas


Por Care Pooley
Editora Verus
414 páginas

6. A livraria mágica de Paris


Por Nina George
Editora Record
376 páginas

7. As vitoriosas


Por Laetitia Colombani
Editora Intrínseca
150 páginas

8. A incrível lavanderia dos corações


Por Yun Jungeun
Editora Intrínseca
220 páginas

9. A lanterna das memórias perdidas


Por Sanaka Hiiragi
Editora Bertrand
183 páginas

10. Hotel Magnifique


Por Emily J. Taylor
Editora Galera
418 páginas

11. O Clube do Livro do Bunker

Por Annie Lyons
Editora Rocco
388 páginas

12. Sete bruxas e um gato temporário


Por Índigo Ayer
Editora Galera Junior
304 páginas

13. A pequena livraria dos corações solitários

Por Annie Darling
Editora Arqueiro
308 páginas

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