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Entre ciência e religião: veja as principais obras da Cabalá
Marcos Paulo Prado
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Neste artigo:

Há algum tempo atrás, quando buscávamos o significado do termo “Cabalá”, nos deparávamos com resultados nada inspiradores; cambalacho, trama secreta, conspiração, para citar alguns.

Com a popularização de livros e cursos sobre o assunto, sem contar as matérias sobre as muitas celebridades que se renderam aos estudos cabalísticos, os resultados de busca começaram a mudar para; seita ou misticismo judaico, segredos herméticos do judaísmo, entre outros.

Aqueles que buscavam aprender mais sobre os ensinamentos cabalísticos, mas que não eram judeus sentiam-se desencorajados, como se não estivessem credenciados a aprender as riquíssimas lições da Cabalá.

Em tempos de internet e Inteligência Artificial, é importante democratizar a informação de forma honesta e clara: a Cabalá é uma fonte viva de sabedoria, e para beber de suas águas, só é preciso ter sede.

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As principais obras da Cabalá

É verdade que os principais textos cabalísticos estão intimamente ligados ao judaísmo.

É atribuído ao patriarca Abraão a autoria do “Sefer Yetzirá” – o “Livro da Formação”, um texto de alta complexidade contendo segredos sobre as relações entre os mundos físico e espiritual.

A Torá – os cinco livros que compõem o Pentateuco, mais conhecido como o Antigo Testamento, são para os judeus os livros sagrados. Seu teor possui camadas de interpretação que vão do nível literal, sendo este o mais superficial, até o nível oculto, de onde se extrai a sabedoria da Cabalá.

Moisés, o hebreu que tirou 600.000 hebreus do Egito e os levou em direção à Terra Prometida, recebeu no alto do Sinai as tábuas contendo os chamados Dez Mandamentos e a Torá.

Shimon Bar Yochai, por volta do ano 70 da era cristã, viveu escondido com seu filho por treze anos em uma caverna, após testemunhar o brutal assassinato de seu mestre, Rabi Akiva, pelas mãos dos romanos. Durante os anos em que viveu isolado do mundo, dizem os cabalistas, Bar Yochai recebeu a visita do profeta Elias, que lhe ditou ensinamentos de profundidade assombrosa, cujo resultado é a obra máxima da Cabalá, o “Zohar”, ou o “Livro do Esplendor”.

A Idade Média foi rica em contribuições para a literatura sobre o tema, e mais uma vez, judeus foram os nomes por trás dessas obras, como por exemplo, Maimônides e Isaac Luria.

A Cabalá está bem mais próxima da ciência do que da religião

Apesar de todas as sólidas e inestimáveis contribuições citadas anteriormente, o saber não pode ser restringido a um grupo de pessoas por qualquer que seja o critério. Os próprios textos cabalísticos preveem que chegará o dia em que não precisaremos pedir ao próximo que nos ensine a sabedoria, porque desde a criança até o idoso, todos conhecerão seus ensinamentos.

Ainda há aqueles que se esforçam em remar contra a maré, tratando o saber como terreno de acesso restrito a “poucos e escolhidos”.

Até poucas décadas atrás, para se estudar Cabalá, o acesso era realmente restrito; apenas homens, judeus, maiores de 40 anos, sendo estes rabinos ou “conhecedores da Lei” podiam ser sondados para tornarem-se discípulos, sujeitos a julgamentos de valor, muitas vezes, subjetivos.

Mas a religião, em sua essência, trata de laços de fé, e a fé significa acreditar. Aquele que estuda a sabedoria logo aprende que se trata de substituir a crença pelo conhecimento.

Se conhecemos o funcionamento das leis universais, como por exemplo, a Lei de Causa e Efeito, sabemos que ela é infalível, não precisamos acreditar nela. Simplesmente sabemos como ela age.

Assim, com esse olhar analítico de como funcionam as relações entre o físico e o metafísico, o estudante de Cabalá assume uma postura mais próxima da de um cientista, mesmo que a ciência que conhecemos esteja ainda anos-luz atrasada em relação às descobertas da Cabalá.

Podemos afirmar que a Cabalá é de certa forma, a tecnologia espiritual, a tecnologia da alma.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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