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Crise
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Crises doem. Às vezes, no corpo. Outras vezes, na alma. Com isto, é bom aumentar a sua resiliência para superar as crises que eventualmente apareçam

Pense em quantas vezes você ouviu esta palavra – crise – nos últimos 10 dias!  Relembre o que você ouviu no noticiário da TV ou leu nos canais da internet. É raro não encontrar alguma crise sendo comunicada. E se você conseguir se lembrar quando e onde ouviu falar sobre crises, vai também perceber que a mesma palavra foi usada em situações diferentes, nem sempre relacionadas entre si, mas que sempre fazem seu coração bater mais rápido. É justamente esta taquicardia que os meios de comunicação de qualquer tipo procuram provocar na sua audiência. Afinal, fazemos parte de uma sociedade meio viciada em adrenalina, mesmo quando não notamos que ela está sendo injetada na nossa vida. Por isto tem tanta crise sendo divulgada por aí. De cara, um alerta: nada que produz adrenalina deixa a vida mais simples. Portanto, crises complicam a vida de todos.

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Crise é uma palavra versátil. Tanto que, como mostra a ilustração extraída de um dicionário de sinônimos, esta palavra tem 47 sinônimos, agrupados em 5 sentidos. De fato, é uma palavra versátil, principalmente se a intenção é comunicar algo dramático, imprevisto, assustador e negativo. Crise, além de versátil, é uma palavra para comunicar coisas ruins! Não há crise boa.

O que fazer com as crises

Sem ilusão, todos enfrentam crises. E costumamos dizer que entramos em crise. Se entramos, é porque vamos sair. Queremos sair rápido de qualquer crise, mas nem sempre a rapidez é possível.

A despeito de tantos sinônimos, a palavra crise chegou ao Português no século XVIII, pela porta da Medicina, no momento de decidir se uma doença caminha para a cura ou para a morte. Viu só que crise?

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O vocábulo, vindo do latim crisis – significa “momento decisivo” – e teve uma versão médica usada por Hipócrates, do grego krísis, usada para separar o que é bom do que é ruim. Segundo Houaiss, só no século XIX a palavra foi agregada ao vocabulário da Economia, onde se popularizou bastante.

Em uma enfermidade, a cura é a superação da doença. E para curar a crise, conta-se com o seu entendimento, com a resiliência de quem entrou nela e com algumas manobras que ajudam o processo de superação. Aí, acabou a crise !

Para superar é preciso entender

Agora, já estamos preparados para o mais importante: superar as crises. A superação começa pelo entendimento da crise, seja ela sua ou dos outros.

É hora de fazer perguntas. Muitas perguntas, que começam com suas próprias respostas. Seguem 5 sugestões que pretendem apenas ilustrar o processo de entendimento de uma crise:

  1. Se for necessário encontrar o melhor sinônimo para a crise em questão, qual das 47 alternativas listadas aqui você vai escolher ?
  2. Mesmo que a crise do momento não faça muito sentido para você, em qual das 5 categorias ela se encaixa ?
  3. Você acha que a causa da sua crise está dentro de você ou do lado de fora, no ambiente ?
  4. Esta é a primeira vez que uma crise como esta te envolve ou a mesma crise já te envolveu outras vezes ?
  5. Será que era possível prever o acontecimento desta crise ?

Estas 5 perguntas são apenas o início do processo de entendimento da crise que você vive no momento mas, com certeza, elas irão se desdobrar em outras perguntas. Pode ser até que algumas destas outras perguntas devam ser respondidas por outras pessoas. O importante é encontrar respostas satisfatórias. Quanto mais você entender a sua crise, suas origens e suas razões, mais fácil será iniciar o que de fato interessa: a superação!

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Superar uma crise não significa que ela passa e não deixa nenhuma marca ou não te causa nenhuma perda. Significa apenas que você consegue dizer que entrou na crise e saiu dela. Ao sair, vai poder contabilizar perdas e danos. Não só perdas materiais, mas qualquer outro tipo de perda, incluindo as emocionais. Esta avaliação só é razoável de ser feita ao sair da crise.

Crise & oportunidade

Quem inventou esta história de que, em Chinês, os ideogramas para representar o sentido de crise e de oportunidade são os mesmos ? Bem, segundo a Wikipedia, John Kennedy, em um discurso de 1959, disse “…Quando escrita em chinês, a palavra crise é composta por dois caracteres. Um representa perigo e o outro representa oportunidade.”. Depois de Kennedy, muitos políticos recorreram à mesma analogia, mas esse artigo também corrige a interpretação linguística ainda que tolere a referência como exemplo de uma retórica otimista.  E o que há de concreto em tudo isto ? Sob o ponto de vista de correção linguística, a expressão é puramente retórica.

Por outro lado, em qualquer dos 5 sentidos aqui descritos, sempre que há uma crise, o estado das coisas sofre mudanças. Se a crise é econômica, pessoas e empresas vão perder bens e dinheiro. Na crise atual da pandemia, famílias vão perder membros queridos, principalmente os mais idosos. Acaba-se um casamento e é inevitável uma longa sensação de perda. Em resumo, as crises desacomodam as coisas e as pessoas. Tudo muda de lugar. Processos se modificam. Hábitos se transformam. Preferências se alteram. Quem sempre quis, agora não quer mais. Algo que sempre foi por um caminho, agora segue por outro.

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Oportunidades

É nesta desacomodação criada pela crise, é nesta busca por um novo ponto de equilíbrio que, certamente, irão surgir novas necessidades e novas demandas. E é aí que a tal da oportunidade que pode aparecer ! Isto não vale apenas para empresas e produtos. Vale também para pessoas. Vale para sentimentos e escolhas. A ruptura de um relacionamento abre espaço para novos contatos. A perda do emprego pode bem te empurrar para a aquisição de novos conhecimentos e até na direção de uma nova profissão.

Portanto, passado o distúrbio da desacomodação, começa o processo de superação. É nesta hora que uma oportunidade pode ser encontrada. Só que ela nem sempre aparece de forma espontânea. Ela precisa ser procurada. Ao ser encontrada, pode ser aproveitada. E aí, acabou a crise.

Resiliência

A área da Física que estuda deformação dá atenção especial a propriedade que alguns corpos possuem, de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. Na Física, esta propriedade chama-se resiliência. Esta palavra acabou sendo emprestada para outras áreas.

Fora da Física, resiliência pode ser entendido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas. Dito de forma mais simples, resiliência é a capacidade de superar crises.

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Crises doem. Às vezes, no corpo. Outras vezes, na alma. Com isto, é bom aumentar a sua resiliência para superar as crises que eventualmente apareçam mas, ao mesmo tempo, defenda-se da dor e proteja-se das crises. Sim, ninguém entra em crise porque quer, mas se você começar a se exercitar a sua habilidade de ver o que está acontecendo por um outro ângulo e tentar projetar o que vem pela frente, vai notar que muitas crises podem ser previstas e prevenidas. Esta é uma boa forma de se defender das crises. Crises complicam a vida. E nós vamos sempre em busca de uma vida simples.

A Vida Simples irá realizar uma jornada de auto-conhecimento, na qual eu participarei, em parceria com a ESPM, que envolve a superação das crises. Aqui você pode ver mais informações e inscrever-se na jornada.

 

Fábio Gandour é formado em Medicina e PhD em Ciência da Computação. Trabalhando em laboratórios de pesquisa, dedicou-se à inovação através da tecnologia. Nesta trajetória, aprendeu que toda a modernidade só faz sentido se estiver a serviço das pessoas. E gente é o que de fato importa! De preferência, sem crises.

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