Crianças de férias: ideias para lidar com os desafios emocionais no período
Dicas para sobreviver às férias escolares: veja como adotar um olhar amoroso diante dos desafios e reconhecer emoções intensas com as crianças
Você está com crianças de férias em casa? Aqui você vai encontrar dicas de como sobreviver até o retorno escolar, não importa se serão duas, três ou sete semanas. Alguma coisa por aqui será útil para você. Continue lendo e me conte depois.
Esgotamento, ansiedade, férias, festas e crianças – a tempestade perfeita!
Essa época do ano bate uma vontade de não ter hora para acordar, de ficar sem fazer nada deitada no sofá, assistir em um único dia aquela série que você não conseguiu ver o ano inteiro, ficar sem rotina e programação, a gente se anima em viajar com a ilusão que iremos descansar, mas é só ilusão mesmo.
As crianças estão a todo vapor, com as energias renovadas e cheias de disposição para curtirem as férias de montão.
À medida que avalio meus objetivos e prioridades para o próximo ano, vou abrindo espaço para rever onde eu posso incluir mais limites, autocuidado, horas de sono, exercícios e reparação emocionais da mente. Tudo isso para não correr a mesma chance de chegar tão exausta nas férias de dezembro do próximo ano. Sei que todo esse planejamento pode ser em vão, quando a animação das crianças dá espaço para esgotamento, ansiedade, irritação, frustração e tédio.
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Como tentar fazer diferente com as crianças de férias?
Quando eu era criança, minha avó fazia uma árvore de Natal linda, com luzes coloridas e enfeites que pareciam mágicos. Minha avó deixava todos os presentes embrulhados em papéis maravilhosos que aguçavam a minha mente, fazendo com que eu sonhasse todos os dias com cada brinquedo que eu desejava ganhar. E, só então, na noite do dia 24 de dezembro que eu descobria que muitas daquelas caixas estavam vazias e serviam para enfeitar.
Encantados com toda a magia do Natal que os filmes apresentam, no ano passado, minhas crianças pediram para que os presentes dos avós fossem deixados em volta da árvore, uma semana antes do dia 24. Imagine a tortura que foi para essas crianças… todos os dias elas acordavam com muita vontade de abrir os presentes e não podiam. O que seria diversão, virou tortura. Já experientes, esse ano elas pediram para que não deixássemos os embrulhos antecipadamente na árvore.
Estou dividindo essa história para que você passe a perceber que pequenas coisas e ações exercem um grande poder que resultam nos comportamentos e emoções das crianças.
Abaixo, listei alguns pontos para considerar sempre antes de descarregar emoções nos pequenos:
A decepção é uma reação natural
As crianças de férias se sentem entusiasmadas, mas também nervosas, seus pensamentos passam por: e se o grande dia não corresponder às minhas expectativas? E se o papai Noel não vir esse ano? Mas, e se minha mãe não conseguir comprar aquele brinquedo dos meus sonhos? A ansiedade leva à irritação, à carência excessiva, a colapsos e à necessidade de regulação emocional, que são difíceis, se não impossíveis para as crianças dominarem. Se você estiver fazendo algo fora do comum, converse com a criança sobre o que ela deve esperar e explique o que você espera dela.
Os pais estão estressados? As crianças também
Nosso sonho seria se as crianças não fossem capazes de perceber nossos estresse e ansiedade, mas infelizmente isso não acontece. Quanto mais estressados estamos, mais elevados são os níveis de hormônio de estresse no corpinho dos pequenos, que apresentam comportamentos desafiadores e agressivos. Portanto, se você estiver se sentindo ansiosa, esgotada, oprimida, ou qualquer coisa desagradável, saiba que as crianças podem também estar reagindo a isso.
Criança precisa de rotina
Criança precisa de rotina até em férias. Ser criança é difícil, todo mundo fica dizendo o que ela deve e não deve fazer e, muitas vezes, gritando e chamando atenção por ela fazer algo que não foi agradável pelo olhar dos adultos.
Algo que faz as crianças se sentirem mais seguras e confiantes é uma rotina previsível, porque assim elas sabem o que esperar e quando. No entanto, durante as férias, os pais muitas vezes abandonam a rotina porque, naturalmente, estão estafados dela.
Eu sei, você sabe e todos nós sabemos que não seguiremos uma programação típica durante as férias. Mesmo assim, muitas crianças se sentem muito menos ansiosas quando sabem o que está por vir. Talvez, vocês pudessem ao menos tomar café da manhã juntos num horário combinado todos os dias. Uma ideia é esboçar com a criança o esqueleto de uma programação, mesmo que existam alterações dos acontecimentos.
Sobrecarga sensorial
Não importa quão maravilhosa sejam as férias e o período de festas, ainda sim a criança pode ter acessos de raiva e há muitas razões para isso, mas também pode ser que ela esteja sobrecarregada sensorialmente.
O excesso de alimentos açucarados, a tia que insiste em apertar e beijar a criança, as quantidades de barulhos, os excessos de estímulos e as horas compulsivas diante das telas podem se tornar a gota d’água para o inexplicável acesso de raiva diante do pijama que pinica demais, a meia que aperta, a fome… Programe momentos diários com a criança ao ar livre para que ela possa se acalmar, se conectar com você e recarregar as energias.
Tenha um olhar amoroso
Não importa o que você faça, não importa o quão incrível você e sua criança sejam, ela provavelmente vai gritar e chorar, desafiar você e responder. Nesse momento, não diga para ela se acalmar ou para que pare de fazer show. Deixe a expressar seus sentimentos, diga que você a ama e que está tudo bem se ela estiver chateada, mas não deixe de conversar sobre o respeito e limites entre vocês e as pessoas ao redor.
Os excessos de raiva não significam que a criança seja ingrata, mimada ou perversa, não importa o que os outros familiares e amigos estejam pensando. Lembre-se sempre, elas são apenas crianças sendo crianças esperando que você tenha um olhar amoroso sobre a vida.
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