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Passaporte para a felicidade
Melanie Pongratz | Unsplash
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Perguntar a si mesmo o que e por que comprar. Hoje, o consumo consciente é mais importante do que nunca.

O Brasil finalmente era visto como o país do futuro e tínhamos a sensação de que a prosperidade estava muito próxima de todos nós. Sentíamos que enfim teríamos acesso ao mundo do glamour e da abundância, que antes só podia ser alcançado nas viagens internacionais e as enormes malas (quase impossível de serem fechadas) que trazíamos, lotadas de coisas que nem sabíamos ao certo porque tínhamos comprado.

Dessa forma, acompanhamos a chegada de grandes marcas internacionais, especialmente de moda e de luxo ao país. Como resultado, elas se instalaram em incríveis lojas-conceito. Estas com investimentos milionários em propaganda, celebridades e influencers. Além de muitas ações especiais e eventos que nos convidavam a comprar seus produtos e assim fazermos parte (ou ao menos ter a sensação de fazer parte) de seus universos tão desejados.

Com isso, achávamos que estávamos adquirindo o passaporte para a felicidade ao ter acesso às peças mais elogiadas da estação. Usamos e abusamos do pagamento em 10 vezes sem juros, queridinho dos brasileiros, diferente do que se pratica na maioria dos países desenvolvidos, que priorizam pagar suas compras à vista.

Fora de moda

Passamos a viver um ciclo maluco de consumo, em que entendemos na prática o verdadeiro sentido da expressão “fora de moda”. A estação muda, as novas coleções entram, novos desejos são criados. O cartão de crédito— que ainda sente o peso da estação anterior — fica ainda mais sobrecarregado. E o closet, esse fica cada dia mais lotado de coisas que não mais tem valor.

Mas e a tal felicidade que estava prometida nos anúncios e na vida dos sonhos dos influencers pagos por essas marcas? Ah, essa parece que vai e vem. No mesmo ritmo da chegada das novas estações e coleções…

Vida de Influencer

Aos poucos, parece que tudo na vida acabou entrando nesse conceito de fashion. A moda e as redes sociais criaram a ideia de que podemos jogar fora ou aposentar o que não nos serve mais, o que não se quer mais, ou quando não nos atende mais.

consciente

Crédito: Freestocks | Unsplash

E deixamos o mesmo passar a acontecer em outras categorias de produtos. Esse pensamento passou do closet aos outros ambientes da casa. O que vemos claramente na Flack Friday (que é assunto para um outro dia!), quando nós mesmos não acreditamos que poderíamos sentir tanto desejo por aquele novo modelo de TV, pela geladeira que vimos na casa de amigos. E até mesmo por aquela torradeira, a mais bacana que alguém poderia ostentar em sua cozinha.

Virou uma busca pela matéria, pelo pertencimento, pelo post perfeito. Queremos tanto e compramos tanto, que ao final estamos começando perceber que esse consumo impensado nos torna mais miseráveis. A felicidade não chega, a sensação de vazio aumenta, os armários e o lixo ficam lotados.

Consumo consciente

Por fim, entender tudo como descartável e com curto prazo de validade é gerar mais lixo. É contribuir para que as indústrias tenham ainda mais impacto ambiental, é alimentar a falsa ilusão de que essa nova compra vai resolver questões que muitas vezes são mais profundas do que o cartão de crédito pode alcançar.

Entretanto, reforço que não se trata de não consumir, mas sim de se perguntar o verdadeiro porquê dessa compra. Sobretudo, entender se ela faz mesmo sentido para você, se essa peça ou produto será bem utilizado e por quanto tempo ele será útil. Vale muito se perguntar inclusive se essa compra tem a ver com os seus valores e se representa as suas bandeiras. Eis o conceito do consumo consciente.

A última moda

Dessa forma, o que aprendamos com os pensamentos atuais da moda e o que ela pode nos ensinar? Diversas marcas, inclusive as mais importantes maisons do mundo, já estão se comprometendo a não trabalhar mais com couro ou peles em suas coleções. Essa marcas buscam novas formas de fazer lavagem de tecidos — especialmente o jeans    que não poluam os oceanos. Da mesma forma, tentam reduzir drasticamente os resíduos de suas produções, a reutilizar ou doar tecidos de coleções anteriores. Inclusive, incentivam o uso de peças vintage e a aquisição de poucas novas peças.

Que as nossas escolhas — em todos os âmbitos da nossa vida — assim como para todos os ambientes da nossa casa, sejam cada dia mais relevantes, sustentáveis e duradouras.


GIULIANA SESSO acredita num caminho de consumo mais empático e positivo, para uma vida com mais sentido, uma sociedade mais justa e um planeta mais bonito.  @giuliana_sesso 

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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