Durante muito tempo, Michele Domingues acreditava que certos comportamentos de sua filha eram apenas parte de quem ela era. Porém, depois de uma reflexão, percebeu que, assim como os adultos, às vezes as crianças também precisam de ajuda para direcionar seus pensamentos e sentimentos. “Entendi que não poderia fazer isso sozinha e decidi buscar auxílio”, conta a mãe.
Michelle decidiu colocar sua filha, de 6 anos, na terapia. “Ela me perguntou o que é uma psicóloga, então eu expliquei que enquanto a pediatra cuida do corpo, a psicóloga cuida do coração e das emoções”, relembra a mãe.
Em pouco tempo, Michelle já percebeu diferenças na forma de se comportar da sua filha. Para a mãe, a psicóloga ajuda a filha a “se ver, se entender e direcionar seus sentimentos em um ambiente seguro, com profissionalismo e amor”. Mesmo para as crianças que não apresentem nenhum sinal preocupante, a terapia pode ser uma prática beneficial.
Nossa infância é nossa base
A infância é o chão que pisamos por toda a vida. Quem explica isso é Raquel Soares, psicóloga e terapeuta da Casa SOU. “Se pensarmos que somos resultados do que vivemos principalmente na primeira infância, que as decisões que tomamos são baseadas nas crenças que foram formadas na infância, faz muito sentido começarmos a organização destes blocos saudáveis durante a construção da base deste cérebro”, justifica a profissional.
Então, começar um processo terapêutico na infância pode ajudar as crianças a expressar-se, observarem seu corpo, aprenderem sobre seus sentimentos e ter um apoio para que elas consigam lidar de forma equilibrada com os desafios da vida.
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Benefícios para toda a vida da criança
A terapia tem diversos benefícios e nenhuma contraindicação. “No processo terapêutico é possível integrar nosso cérebro de forma mais saudável e conseguir que ele tenha um funcionamento integral de suas partes”, justifica a profissional.
Em se tratando de crianças, a terapia funciona um pouco diferente e pode ser ainda mais potente. “Como as crianças ainda estão no campo do inconsciente e ainda formando seu sistema nervoso, temos uma prevenção muito maior para transtornos futuros. A probabilidade de formarmos um adulto mais estável, emocionalmente forte e consciente, é de fato muito maior”, explica Raquel.
Além disso, os adultos responsáveis também passam por um processo de psicoeducação quando acompanham suas crianças na terapia. Dessa forma, podem ajudar os pequenos para fora da clínica.
Como os pais podem ajudar no processo terapêutico?
Durante o processo, os pais são convocados para sessões devolutivas e para serem orientados e capacitados com ferramentas adequadas, que afetam de forma positiva o tratamento.
Para Cristina Navalon, psicóloga e psicanalista, o relacionamento dos pais interfere diretamente no comportamento das crianças. “A maneira que lidam com a criança influência diretamente nas reações do menor”, explica. Segundo a especialista, a criança aprende observando como seus pais se comportam entre eles, mas principalmente com a criança.
“Não podemos esquecer que a infância determina o adulto que podemos esperar”, finaliza Cristina.
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